Conselho para Todos

Assim como a liderança pressupõe a Vontade para se capacitar e exercê-la, o profissional que escolhe o caminho do Conselho também deve partir desse mesmo pilar. Em primeiro lugar porque ser conselheiro é uma função que necessita de conhecimento de negócio, experiência, capacidade de influência, relacionamento e networking. Em segundo lugar, assim como a liderança, é preciso ter humildade para interagir com os pares e ter a consciência de que boas decisões são frutos de trabalho em equipe. São as equipes que resolvem problemas complexos, como os enfrentados pelos empresários e CEO’s, que acabam tendo uma posição solitária no processo de decisão.

A Vontade traz logo em seguida o Propósito. O conselheiro precisa entender que essa não é uma função daquelas que vão te levar a aposentadoria depois de 40 anos de serviço na mesma empresa. Até mesmo em função de aspectos de Governança, o trabalho de um conselheiro podem durar dois ou quatro anos (considerando dois mandatos), dependendo dos estatutos. Essa rotatividade é benéfica para que haja constante oxigenação na equipe, mas o aprendizado fica. Mesmo depois de ter saído de determinado Conselho, esse profissional estará preparado para levar seus conhecimentos para outras empresas. Portanto, a Vontade é o motor que move o profissional na trilha escolhida, e o Propósito é o volante que vai dar direção para que o caminho seja trilhado na direção certa.

"A vontade é o motor, o Propósito o volante que dá direção na jornada".

Não sendo um cargo perene dentro de uma empresa, é o Propósito que indicará os motivos pelos quais um profissional decide trilhar esse caminho. O fato de se sentir útil, canalizando a experiência construída ao longo de vários anos atuando em cargos executivos e de liderança em empresas, pode ser um grande motivador para cada vez mais profissionais tomarem esse rumo.

Mas só a Vontade e o Propósito não são suficientes para que o indivíduo se prepare para esse desafio. Junto com os dois primeiros pilares é preciso desenvolver Competências específicas para atuar em um Conselho. Conhecer desde o conceito até as regras que regem a Governança. Ter uma visão de gestão e de mercado que possa auxiliar nas discussões colegiadas. Além de aprender as tais soft skills, competências relacionais e humanas, que já são necessárias para liderar, mas que tem particularidades para atuar como conselheiro.

"As Competências precisam ser desenvolvidas constantemente".

Deixar de pensar como executivo, e ter um pensamento estratégico mais abrangente, deixando que diretores e CEOs executem o que foi determinado (no caso de Conselhos de Administração) ou sugerido (no caso de Conselhos Consultivos), é uma dessas competências que devem ser desenvolvidas. Deixo aqui mais um destaque entre competências relacionais, a humildade. Virtude de grandes líderes e necessidade para conselheiros.

Finalmente é preciso que o conselheiro tenha foco no Resultado. Empresários precisam ter em mente que a constituição de um Conselho é um investimento, e não custo. Mas para que seja encarado dessa forma, investimentos precisam dar retorno, e que sejam positivos. Da parte do conselheiro há de ter um comprometimento grande, pois não basta apenas aparecer em uma reunião a cada mês, bimestre, ou qualquer outro período definido pelo estatuto. O conselheiro precisa se dedicar a estudar o material para se preparar para as reuniões, precisa estar disponível para conversar fora do âmbito das reuniões, pois com a velocidade de mudanças e informações, não é possível esperar um mês para se discutir algum tema relevante. A empresa precisa disponibilizar os dados de forma tempestiva, de tal forma que os conselheiros possam se preparar, contribuindo de maneira efetiva com a empresa.

"Foco no Resultado, esse também é um pilar fundamental para o líder e para o conselheiro".

Escrevo esse artigo como uma autoavaliação também, para que possa identificar se estou preparado para o desafio ao qual me proponho. A resposta é que estou constantemente me preparando, lendo, estudando, mantendo viva a experiência e o conhecimento de mais de 20 anos em funções executivas e de liderança. Para os empresários, deixo o convite para conhecerem melhor as vantagens de se ter um Conselho, que possa contribuir para decisões mais assertivas. Precisando conversar sobre o tema, fico à disposição.