CONSELHOS DE ALTO IMPACTO E VISÃO DE FUTURO: navegando em tempos de extrema incerteza

É cada vez maior o desafio dos conselheiros no apoio à governança dos negócios. O ambiente empresarial atual, onde a inconstância e a transformação são regulares, os conselhos enfrentam desafios sem precedentes. A capacidade de prever o futuro e navegar em tempos de extrema incerteza se tornou uma competência essencial para garantir a sustentabilidade e o sucesso das organizações. Mais do que nunca, os conselhos precisam adotar uma visão estratégica e proativa, que os capacite a responder rapidamente às mudanças e a transformar desafios em oportunidades.

A incerteza extrema, caracterizada por rápidas mudanças tecnológicas, econômicas e sociais, exige dos conselhos empresariais uma abordagem que vai além das previsões tradicionais. É necessário desenvolver uma mentalidade resiliente e adaptável, pronta para enfrentar a imprevisibilidade do mercado. Neste panorama, o papel dos conselhos se expande, abrangendo não apenas a governança e o controle, mas também a inovação, a compliance e a gestão de riscos. A habilidade de guiar as organizações através de águas turbulentas se torna um diferencial competitivo primordial.

Gerenciar e agir em tempos de extrema incerteza implica em repensar estruturas e estratégias. Os conselhos devem estar preparados para implementar metodologias ágeis e disciplinadas, focando na diversificação de riscos e na rápida tomada de decisões. A execução eficaz das estratégias planejadas também ganha importância para materializar a visão de futuro. Com uma liderança forte e uma comunicação clara, os conselhos podem não apenas sobreviver às adversidades, mas prosperar, construindo um futuro resiliente e próspero para suas organizações.

O futuro: um horizonte em constante transformação

A natureza do futuro tem sido objeto de estudo e fascinação ao longo dos tempos. Em tempos onde a inovação e a transformação digital se entrelaçam de forma complexa, o futuro se apresenta não apenas como uma extensão linear do presente, mas como um território dinâmico e, muitas vezes, imprevisível.

Como bem disse Peter Drucker, "A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo."

Este pensamento embrulha a necessidade de uma visão proativa e estratégica, especialmente na atual situação de extrema incerteza.

O futuro, ao contrário do que muitos pensam, não é um destino fixo, mas um horizonte em constante transformação. Na era da inovação e da transformação digital, o futuro se revela como um território dinâmico, marcado pela imprevisibilidade e pela rápida e, por vezes assustadora, evolução.

A extrema incerteza: o novo normal

Já coloquei num artigo anterior que a nossa única constante é a mudança. A volatilidade do mercado, os avanços tecnológicos rápidos e as mudanças socioeconômicas profundas têm remodelado continuamente o ambiente empresarial. A extrema incerteza tornou-se o novo normal, demandando dos conselhos uma abordagem que vá além das previsões tradicionais, focando na adaptabilidade e na resiliência. Os conselheiros devem ser, acima de tudo, navegadores habilidosos, prontos para guiar suas organizações através de cenários complexos e imprevisíveis, como comparado a um mar revolto.

Como exemplo, tivemos uma catástrofe natural no Rio Grande do Sul em maio de 2024, causando atrasos, descontinuações e perdas na economia do estado. Entidades apontam um prejuízo de R$ 10 bilhões e a necessidade de uma década para reverter as perdas. Todos os sistemas de transporte foram afetados diretamente, com destaque para o metrô da capital, Porto Alegre, que tem a previsão de retorno total da linha para o mês de dezembro de 2024, e o aeroporto Salgado Filho que voltará a operar parcialmente em outubro - com 50 vôos diários contra a média de 150 anteriores à tragédia, implicando em prejuízos para os gaúchos em todos os setores da economia.

Gerenciando em extrema incerteza: estruturas e estratégias

Obviamente, gerenciar em tempos de incerteza extrema exige uma revisão das estratégias convencionais de gestão. Uma abordagem baseada em agilidade e inovação se torna algo supremo a ser feito. Em minha análise, os conselheiros precisam orientar as suas empresas a implementar estruturas que permitam das respostas rápidas à estas situações incertas, desenvolver planos de contingência para estas circunstâncias e fomentar em sua cultura, atitudes de inovação e criatividade, como meios de replicar soluções adaptadas e tempestivas.

Essas estratégias não apenas ajudam a gerenciar a incerteza, mas também posicionam a organização para aproveitar oportunidades emergentes e se adaptar às mudanças, mapeadas ou não, rapidamente.

Agindo em cenários incertos: a importância da execução

Planejar é essencial, mas a execução é o que realmente materializa a visão de futuro. A execução eficaz em cenários incertos requer não apenas uma liderança forte, mas também uma comunicação clara e uma coordenação eficiente entre todas as partes interessadas.

Implementar uma metodologia de execução, como as "4 Disciplinas da Execução" de Chris McChesney, Sean Covey e Jim Huling, pode ser um diferencial significativo – tenho um artigo publicado recentemente sobre este tema.

Essas disciplinas incluem:

1. Foco no crucialmente importante: priorizar objetivos que realmente movam a organização na direção desejada.
2. Atuação nas medidas de direção: Monitorar indicadores que dirijam o comportamento e os resultados desejados.
3. Manter um placar envolvente: Manter um acompanhamento visual e constante do progresso.
4. Criar uma cadência de Responsabilidade: Estabelecer uma cadência regular de revisões e ajustes para assegurar a continuidade da execução.

Conclusão: construindo o futuro com resiliência e visão

Para concluir, acredito que a habilidade de navegar com sucesso em tempos de extrema incerteza define a verdadeira liderança de um conselho de alto impacto. Equipados com uma visão clara, estratégias ágeis e uma execução disciplinada, os conselheiros podem transformar desafios em oportunidades e guiar suas organizações para um futuro de sucesso sustentável. Na constante mudança, a resiliência e a capacidade de adaptação se tornam os maiores ativos de qualquer organização.

Como enfatiza Nassim Nicholas Taleb em seu conceito de antifragilidade: "Algumas coisas se beneficiam de choques; elas prosperam e crescem quando expostas à volatilidade, aleatoriedade, desordem e estresse."

Penso que, ao adotar uma mentalidade proativa e adaptável, os conselhos empresariais não apenas sobrevivem, mas prosperam diante das adversidades. A capacidade de transformar incertezas em oportunidades estratégicas possibilita que as organizações avancem com confiança, construindo um futuro resiliente e próspero.

Com estas estratégias e um olhar atento ao futuro, os conselhos empresariais e toda a governança, juntos, podem não apenas prever, mas também criar um futuro promissor, mesmo com as incertezas inerentes ao mercado e as mudanças que certamente e cotidianamente cercarão os ambientes organizacionais.

Obrigado por ler! Como você, como conselheiro, está se preparando para navegar em tempos de extrema incerteza?

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Marcelo Simonato, BOARD Humberto Silva Eduardo Gomes, MBA, CCA IBGC Paulo Roque Luiz