Contadores do futuro - Fintech: oportunidade ou ameaça?

Imagine o seguinte cenário: você acorda às 7h30 da manhã, se arruma para o trabalho e após três passos chega ao seu escritório. Isso mesmo, o seu local de trabalho é um dos cômodos da sua casa. E ao ligar o seu computador observa que há pelo menos uma dúzia de mensagens, que basicamente se referem a três assuntos:

• Primeiro: fintechs enviando propostas para avaliação contábil do software que eles estão desenvolvendo e, por exigências legais, necessitam de um laudo de um contador para que seu sistema possa ser comercializado.
• Segundo: auditores independentes solicitando informações complementares de laudos e certificados emitidos, por você, sobre os sistemas que avaliou.
• Terceiro: aviso dos recebimentos referente à cobrança dos trabalhos realizados pedindo a confirmação do aceite para que seu cliente consiga conciliar no sistema de pagamento.

Achou esse um cenário improvável? Então continue lendo.

O termo Fintech começou a ser mais utilizado em 2014 e de lá para cá, a quantidade de fintechs aumentaram exponencialmente. Basicamente as fintechs trabalham em soluções tecnológicas na automatização de serviços financeiros. E essas soluções estão chegando cada vez mais perto dos serviços contábeis, em especial para as PMEs que precisam de tais serviços para iniciarem e manterem suas atividades.

Devido ao maior acesso e processamento de dados, automatização de processos e integração de sistemas, as Fintechs além de desenvolverem soluções, estão colocando-as nas mãos dos principais tomadores de decisão.

Mas de que forma isso está acontecendo?

Utilizando Inteligência Artificial (AI) ou Machine Learning, as fintechs começam a oferecer recursos como previsões de fluxos de caixa, gerenciamento de faturas, controle de créditos, análise e gerenciamento de recursos, análise de contratos e classificações contábil das transações financeiras e isso são apenas alguns exemplos. O resultado é uma enorme economia de tempo e custo, além de automatizar tarefas tradicionais e que demandam muito tempo dos contadores.

E, à medida que os acessos aos dados aumentam e os processos se tornam cada vez mais padronizados, as fintechs tendem a oferecer um maior pacote de serviços. Especialistas afirmam que quando houver uma integração das informações entre empresas, governo e instituições financeiras, menos serão os trabalhos executados de forma manual. 

E nesse cenário, qual será o papel do contador?

Destaco aqui três atividades que farão parte do dia a dia do contador:

• Contadores auxiliando projetos de desenvolvimento de softwares, seja na produção ou na validação, garantindo que o sistema realmente execute a função para a qual foi projetado.
• Contadores elaborando projeções financeiras das empresas contratadas, ou seja, devido a velocidade com que a informação estará disponível, as empresas necessitarão estar, constantemente, olhando para o futuro, então prospectos de vendas e fluxos de caixa serão demandas rotineiras aos contadores.
• A facilidade de gerenciamento do caixa pelos softwares trará novas abordagens para as transações financeiras, e será comum para pequenas e médias empresas fazerem transações envolvendo câmbio e commodities, portanto o contador deverá trabalhar em atividades que envolva a avaliação de investimentos e conhecimento em derivativos.   

Sendo assim, parece não haver ameaças, mas uma alteração nas tarefas que exigirá do contador conhecimento e habilidades voltadas para auxiliar nas estratégias empresariais com o foco no futuro. E as oportunidades surgirão para àqueles que estiverem preparados.

E quando toda essa movimentação irá ocorrer? Bem... já está "accountecendo". E você o que pensa sobre isso?

No próximo post irei comentar sobre as novas habilidades e competência para o contador do futuro.