CONTAR COM A SORTE SÓ FAZ SENTIDO QUANDO ESTÁ SOBRANDO
Há um best seller da primeira metade do século XX intitulado “Em seus passos o que faria Jesus”, do escritor evangélico Charles Sheldon, que sugere pensar o que Jesus faria se estivesse no seu lugar diante de uma escolha.
É óbvio que Jesus faria a escolha certa, sem gambiarras, e a coisa certa feita na hora certa não pode dar errado. A gente pode imaginar que se o Mestre estivesse no comando de uma empresa, diante de uma pandemia iria se debruçar sobre o futuro das pessoas antes de pensar no futuro dos negócios.
A gente pode chegar ao final de todas as transformações provocadas pela pandemia na vida das pessoas – não se sabe quando - com o cordão umbilical agarrado aos negócios de 2019, mas é preciso que saiba que tais negócios correrão o risco de obsoletarem no caminho.
A situação é muito parecida com os dias que antecedem uma viagem; não ponha a mão na mala antes de conhecer bem o destino, saber o tempo de viagem e decidir quanto tempo vai ficar lá. Experimente fazer o contrário, arrume a mala e depois escolha o destino; é bem provável que você leve uma mala imprestável.
Há indicadores de aceleração migratória de negócios e eventos físicos para virtuais; de interação presencial para videográfica, de comunicação oral para digital, de exposição física para realidade aumentada; então temos duas perguntas: o que colocar na mala do vendedor e o que ele vai fazer no cliente depois que a migração estiver completa?
A imprensa revela um sentimento popular intenso quanto a qualidade de vida após a pandemia; as pessoas estão demonizando o tempo e a exposição nos transportes coletivos e se perguntando se não seria melhor trabalhar em casa, ou perto de casa. Para onde vão os empregos e os consumidores? Então a gente se pergunta: “qual é o roteiro de vendas que melhor atenderá os meus clientes? ”
As vendas online e por aplicativos de Delivery alcançaram um volume até junho que estava previsto para daqui a 10 anos. Então a gente se pergunta: “esses consumidores voltarão a se aglomerar nas gôndolas dos varejos? Se não voltarem, para quê estoques nas gôndolas? Para quê lojas físicas e imóveis caríssimos nos grandes centros urbanos? ”
Penso que a atitude mais positiva nesse momento para qualquer executivo é observar e ajudar as pessoas a caminharem em direção ao que for melhor para elas, entender sua responsabilidade com a biossegurança, e descobrir na sua organização quem está preparado emocionalmente para caminhar sobre molas ao seu lado.
Os costumes estão numa viagem veloz rumo a um destino que ainda não está claro, e as empresas precisam de gestores com inteligência emocional, autonomia operacional, agilidade mental e versatilidade para refazer as malas da organização com possíveis novos negócios e novas ferramentas, e se preparar para partir, assim quer souber aonde ir. Há muita coisa que os executivos podem fazer agora, mas devem começar por se livrar da teimosia organizacional. Velhas crenças, mesmos pecados.
Penso que é o que Jesus faria; se preocupar com as pessoas primeiro.