Conversa Difícil

Conversa Difícil

Início hoje um diálogo importante, complexo e urgente no meu humilde ponto de vista. Estou aqui para falar sobre a aceitação da diversidade nas empresas angolanas, sobre a importância de uma liderança participativa, e sobre os juízos de valor, culturais e regionais, que influenciam o nosso panorama profissional. Mas não ficamos por aqui. Hoje, vou abordar temas ainda mais desafiantes.


A diversidade é um pilar crucial para a inovação e competitividade. As diferentes perspectivas e experiências levam a soluções mais criativas e eficientes para os desafios empresariais. No entanto, ainda resistimos em abraçar a diversidade nas empresas angolanas. Esta resistência tem raízes profundas, ligadas a tabus culturais, preconceitos e falta de informação. E aqui, uma liderança participativa é fundamental para a mudança.


Vamos aprofundar a nossa reflexão. O que dizer da orientação sexual, ainda é considerada tabu em muitas empresas angolanas? E sobre a discriminação contra pessoas com dificuldades motoras, um tema muitas vezes esquecido, mas que afecta directamente a vida de muitos angolanos!


E a negritude? Questões como o uso de afros, ainda visto com desconfiança em alguns ambientes profissionais, e a presença de preconceito racial subtil no quotidiano, são temas que precisam ser debatidos abertamente.


A importação de cultura também merece a nossa atenção. Angola tem sido influenciada por culturas estrangeiras, o que não deve ser visto como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade para enriquecer a nossa própria cultura, sem perder a nossa identidade.


E por falar em identidade, o que dizer das regras de vestuário em locais públicos? Ainda é considerado inapropriado entrar num balcão de banco ou numa repartição pública de calções, mesmo num país tropical como o nosso. E situações onde é pedido a alguém para cortar o cabelo pintado ou usa tranças para a emissão de documentos pessoais, não são tão raras quanto deveriam ser.

Como membro desta sociedade, acredito firmemente que o meu limite termina onde começa o do outro. Portanto, é crucial que todos façamos um trabalho constante e permanente de tentar não fazer pré-juízos de valores, mesmo que seja humanamente natural. Devemos praticar a empatia, esforçar-nos para compreender as experiências e perspectivas dos outros, mesmo que difiram das nossas.

É hora de encarar esta conversa difícil, questionar as nossas suposições, confrontar os nossos preconceitos e desafiar as nossas crenças. Só assim podemos construir um futuro mais inclusivo e respeitador da diversidade.

Temos de ter em mente que a diversidade não é um peso, mas sim uma vantagem. Pode ser difícil aceitar as diferenças, mas é precisamente essa aceitação que nos permite crescer e evoluir como sociedade. É um caminho desafiante, mas incrivelmente gratificante.

A empatia é uma ferramenta poderosa que nos permite ver o mundo através dos olhos dos outros e entender as suas lutas e desafios. Devemos usá-la para compreender melhor as dificuldades enfrentadas por grupos marginalizados na nossa sociedade e trabalhar para criar ambientes mais inclusivos e acolhedores.


No final do dia, todos somos humanos e todos merecemos respeito, independente da nossa raça, orientação sexual, habilidades físicas, aparência, ou qualquer outra característica que nos torna únicos.


O progresso na aceitação da diversidade não é uma viagem fácil, mas é uma viagem que devemos fazer juntos enquanto comunidade. Cada passo que damos nessa direcção nos aproxima de um futuro em que todos são aceitos e valorizados pelo que são, não pelo o que os outros acham que devemos ser.


Esta é a minha opinião, baseada na minha experiência e nas minhas convicções. Estou aberto a ouvir as vossas perspectivas, a aprender com elas e a crescer. Afinal, é através do diálogo e da partilha de experiências que podemos quebrar barreiras e construir pontes de compreensão.


Gostaria de reconhecer a contribuição do Dr. José Octávio Octávio Serra Van-Dúnem , que, enquanto professor em dois módulos do MBA de Soft Skills and Influence da Academia BAI e MTW. Communication as Solution. , trouxe com conhecimento esta temática para reflexão de líderes e futuros líderes. O seu trabalho é um testemunho do poder que a educação tem para mudar mentalidades e criar um ambiente mais inclusivo.

Agradeço a vossa atenção e espero ansiosamente as vossas contribuições para este debate. O caminho para a mudança é feito de diálogo e compreensão. Até à próxima conversa difícil.

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