Cooperação não é ser bonzinho!

Cooperação não é ser bonzinho!

Você já deve ter escutado, principalmente nesse tempo onde as dificuldades parecem ser maiores, a palavra Cooperação, não é?!

Quando temos a consciência de que existe uma situação que só conseguiremos superar se for unindo esforços, naturalmente pensamos nesse conceito!

 Meu receio é cairmos na banalização dessa palavra, por exemplo, dizer que cooperar é ser bonzinho, com expressões como
“coopera aí, vai...!”.

Definitivamente precisamos avaliar alguns pontos para que a cooperação seja possível e fluida!

O primeiro deles é perceber a cooperação nos diversos níveis de complexidade: cooperação comigo mesmo, com o outro, com os outros e com o planeta!

Quando falamos de cooperar comigo mesmo é entender quais são as necessidades, sentimentos e pedidos que tenho ao coletivo para que, quando estiver "co-operando", sejam aspectos a serem levados em consideração. Mas isso, em primeiro lugar, precisa ser acessado por mim.

Vou dar um exemplo: Mariana está há alguns meses sem dormir direito, muito trabalho, cama desconfortável e o cachorro da vizinha late todas as noites que o caminhão da coleta do lixo passa. Ela realmente está precisando ouvir as necessidades do seu corpo! Finalmente, ao prestar atenção nisso, conseguiu marcar um passeio para uma pousada logo ali, na cidade vizinha, para curtir uma rotina mais tranquila e uma noite de sono revigorante. Mas justamente nesse final de semana, seus familiares lhe pedem para ajudar na mudança da Tia Clara! É importante participar, afinal é sua família!

Fala pra mim... o que ela deve fazer? O que você faria? Quantas vezes você fez algo no grupo ou pelo grupo que sentiu como se estivesse "traindo a si mesmo"? Quantas vezes você abriu mão de alguma necessidade para ser "bonzinho" com os outros? Esse é o primeiro ponto a avaliarmos: precisa haver equilíbrio entre fora e dentro. Para estarmos inteiros em uma relação de cooperação, precisamos estar atentos as nossas necessidades também, não somente às dos outros.

Então quer dizer que preciso olhar mais pro meu umbigo do que para o que os outros precisam? Não. Mas aqui vale a frase: "Só somos capazes de dar o que temos". Eu acredito que se Mariana abrisse mão do final de semana que ela planejou, as chances de ficar reclamando, com uma grande tromba, culpando a Tia Clara pelo seu cansaço, seriam bem grandes! Projetamos no outro a responsabilidade de nossas necessidades não serem atendidas por nós mesmos.

Outro ponto a ser avaliado é a consciência grupal. Existem vários princípios que estruturam o ambiente para haver cooperação no grupo: o respeito, a harmonia entre os objetivos individuais e coletivos, incentivo para que todos descubram ou desenvolvam seus potenciais, sensibilidade à liderança, fomentar a alegria, avaliação dos valores e do propósito de cada indivíduo.

Não sei você, mas eu já tive experiências que me perguntei: "Porque não me sinto cooperando com minha melhor versão nesse projeto?" Estas são avaliações que não podemos abrir mão. Por exemplo: amigos me chamam para uma campanha de arrecadação de ração para animais abandonados. Não tenho nada contra os animais, realmente gostaria que todos eles tenham alimento, amor e carinho. Embora não seja uma causa que sinta meu coração arder, aceito fazer parte porque quero, de alguma forma, cooperar. Então esse projeto começa a criar uma forma maior do que eu esperava, consequentemente, ocupar meu tempo absurdamente. E quando vejo, estou culpando meus amigos e a mim mesma por não estar cooperando o suficiente. Mas na verdade, acredito que isso acontece quando estamos inseridos em um grupo que não está alinhado com nossa visão de consciência grupal, citada acima. E não tem nada a ver com ser um projeto ruim, ou com não querer que ele dê certo. Tem a ver com o alinhamento do indivíduo com a consciência grupal, que gera a conexão necessária para a cooperação acontecer!

Para que esse olhar seja abundante, acredito que o segredo é entrarmos em contato com a nossa identidade e com aquilo que nos sentimos conectados e chamados a realizar! Ser membro de um grupo que promove o Bem Comum significa estar pronto para experimentar a liberdade de Ser quem é, com suas vulnerabilidades e potências.

Para cooperarmos com todas nossas habilidades, entusiasmo e amor, é fundamental ter coração nisso, estar conectado com seu chamado. E se você ouviu um chamado é porque alguém o chamou.

Quando conhecemos quem nos chamou, sabemos do nosso chamado e conhecemos nossas necessidades e potências, aí acredito que temos motivação e amor suficiente para a Cooperação AconteSer! “Procurem viver uma vida de amor como se a vida dependesse disso, porque de fato depende." Jesus

Para entregarmos nossa vida por uma causa, por um projeto, por uma missão, precisa fazer muito sentido, não acha? Portanto, ser "bonzinho" não é suficiente!



Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos