Coringa, quem é você?
O filme Coringa, nos traz um personagem que vai se construindo pelo sofrimento durante toda sua vida. É um filme triste, não tem bandido e nem mocinho, mas, uma pessoa que foi se desequilibrando com o passar dos anos, o mau teve mais sucesso, de forma crua e violenta pela qual o Coringa passa por toda a sua vivência. Vamos tentar decifrar o lado psicológico deste protagonista, ou antagonista? essa é a primeira reflexão.
O pano de fundo a meu ver neste filme é o da família, pois a maior parte do desiquilíbrio do Coringa, vem daí. Adotado e não sabia, nunca soube quem eram seus pais biológicos isso já mostra um traço, a falta de identidade por ele desenvolvida. Sofreu violência física por parte do marido de sua mãe adotiva, anos depois descobre que não era filho legítimo, isso ajudou a formar uma parte de seu psicológico, a mãe que o adotou completamente desequilibrada, uma situação bastante complicada e complexa. Foi enganado quando leu uma carta que dizia que seu pai era Thomas Wayne, ficou feliz, pois pensou ter encontrado seu pai, depois veio a descobrir as mentiras de sua mãe, parte terrível, sua revolta começou a aumentar mais a partir daí, matou as primeiras pessoas, por revolta e depois matou sua mãe adotiva pelas mentiras indignação e repugnância.
Pintou seu rosto de branco, isso mostra a falta de identidade, não tenho família, não tenho ninguém, a carta do coringa no baralho, é multifacetada, por isso escolheu esse nome, é uma carta que não tem rosto assim como ele. A mãe lhe dizia: “põe um sorriso no rosto”, viveu um paradoxo tristeza e riso. Os fracassos na sua vida pessoal as humilhações pelo qual passou, descobriu que era filho adotivo, tudo isso junto, desenvolveu sua subjetividade pelos problemas ao qual viveu, poderíamos dizer que mesmo assim ele deveria ter ido além do bem e do mal como dizia Nietzsche, ou seja, passado por cima de tudo isso e vivido da melhor forma possível? Ele começou a ter notoriedade quando entrou para o mundo do crime, inclusive pessoas que começaram a imitá-lo usando máscaras de palhaço, bem, gostam de mim assim, então vamos lá, a partir daí começaram as loucuras desenvolveu uma mente doentia, matar, aterrorizar passou a ser o seu prazer.
Elencar os acontecimentos da vida do Coringa, se faz pertinente e relevante, em primeiro lugar, a falta de uma família, depois as humilhações sofridas, as mentiras, as acusações, tudo isso fez uma construção psicológica, doentia, desordenada, uma pessoa vivendo na escuridão do tártaro de Gaia, sua percepção de mundo e do ser humano foi a pior possível, mas, podemos julgá-lo a dizer que poderia ter escolhido outro caminho? E qual caminho ele poderia escolher? Seria possível um ser humano por ter passado por tudo isso ainda se tornar uma pessoa de bem? Seguir para o mundo da vida sem ressentimentos como diria Nietzsche? Perdoar a todos que lhe fizeram mal e aproveitar todo esse sofrimento para o crescimento pessoal? Ou será que ficou mais fácil ir para o mundo do crime onde ele começou a ser venerado e a ter seguidores? O ego falou mais alto, apesar de todo sofrimento?
A narrativa da vida do Coringa é triste e deprimente, vale ressaltar como já disse antes, que a família é de suma importância na vida do indivíduo, pois a primeira instituição que uma pessoa conhece quando nasce é a família, com certeza a falta dela ajudou para que ele se tornasse uma pessoa problemática, sem direção, um ninguém, ou seja, um coringa.
Sandra Regina de Almeida.