A corretora gourmet

A corretora gourmet

Muito se fala em "gourmetização" hoje em dia.

Hambúrguer gourmet que além de ser “meio troncho” no aspecto trás temperos diferentes.

Barbearia gourmet que além de modelos mais modernos de corte, tem cerveja e mesa de sinuca e por aí vai...

A proposta do negócio gourmet é entregar de um jeito diferente aquilo que o mercado "comum" já entrega produzindo experiência e ampliando a percepção de qualidade dos clientes. É algo que funciona e agrega valor permitindo inclusive cobrar um pouco mais caro.

Existe corretora de seguros gourmet?

Certamente...

Hoje, podemos instalar as corretoras em prédios modernos, criar um ambiente bem decorado, podemos colocar MAC's nas mesas e ainda apresentar uma comunicação gráfica de alto padrão, com folders em alto relevo que apresentem os seguros de forma que sua qualidade “fique evidente”, quase  inquestionável.

Acho importante avisar que este texto, não tem como objetivo criticar estratégias, mas sim, trazer uma reflexão do que seria produzir de fato experiência em seguros, já que até agora a melhor experiência para a maioria dos clientes é não usar o seguro( no subconsciente do consumidor o seguro, muitas vezes, ainda está relacionado a perda, a má sorte).

Também não pretendo entrar no mérito das assistências 24 horas ou qualquer procedimento das seguradoras. Meu foco é avaliar a corretora de seguros.

Pois bem!

Os atributos que citei acima, ponto, papelaria, equipamentos seriam de alguma forma atributos considerados quando o que está em pauta é a experiência do cliente?

Qual o nível de percepção ou valor real agregado quando 90% das relações de dão de forma remota?

Considerando que, 10 em 10 clientes ainda afirmam que fazem seguro para não usar eu creio que não.

Pode parecer utopia da minha parte, mas, eu realmente acredito que quando o cliente entender que não existe não usar estaremos realmente entregando uma experiência a ele.

Eu digo não usar porque a tranquilidade é por si só um uso, ou ainda, há usos que independem da má sorte, como obter serviços que foram pagos, mas todos esquecem.

Ou ainda, quando nós, buscamos atender o cliente de forma mais ampla e não somente vendendo um seguro a ele. Ajudando-o a se prevenir!

Eu vou dar um exemplo:

O dono de um veículo de R$150.000,00 tem seus dados repousando no sistema de gestão ou planilhas de excel de uma corretora ou qualquer.

Este Sr, é o dono de uma grande padaria que emprega 40 colaboradores.


Trata se de um homem ocupado, que “cota seu seguro” anualmente com dois corretores e contrata com o mais barato.

Estes corretores aguardam o próximo ano, quando novamente disputarão pela venda do mesmo seguro. Até lá, não vão interagir com este cliente em nenhum momento!

Nenhum destes corretores tem o cuidado de avaliar que, sendo dono da padaria este empresário tem outros riscos.

Será que ele tem família?

Será que a padaria tem seguro?

Será que a padaria tem carros de uso profissional?

Será que os colaboradores da padaria tem seguro de vida, plano odontológico, plano de saúde?

Será que ele paga aluguel do ponto?

Todas estas dúvidas tem respostas e estas respostas levam a contratação de seguros, mas as perguntas raramente são feitas.

Normalmente o modelo do carro é mais lembrado que a condição do cliente, a profissão ou qualquer detalhe sobre ele, sua vida, seus riscos.

“Qual João? O do Jeep Compass branca ué?”

Como um protetor de pessoas, famílias e empresas eu discordo veemente deste modelo que nos trouxe até aqui.

E justamente por isto, que defendo a reinvenção das corretoras e dou exemplo reinventando a FBN dia após dia em busca do modelo ideal.

Lembro do exemplo de case da Kodak, que se recusou a investir na fotografia digital para não canibalizar os filmes.

Corretoras de seguros se valem do relacionamento pessoal pra manter seus clientes, no entanto não se relacionam e a cada dia este relacionamento requer manutenção no ambiente digital, cada dia mais.

Como dizia Sun Tzu:

“Seu maior ponto forte, é também seu maior ponto fraco.”

A falta de conexão traz um grande desafio as empresas que evitam a tecnologia, e a solução não está nas máquinas caras, mas na tecnologia interativa que somada a criatividade e o foco nas pessoas traria ganhos importantes as vendas, mas decorrente da proteção mais abrangente dos nossos clientes.

“Gourmetizar” nem sempre é inovar!!!

Creio que, cada dia mais seremos convidados a examinar mais a consciência para nos tornar mais agentes de prevenção, e sem inovar, encarar o ambiente digital e entregar conteúdo relevante ao cliente não passaremos de empresas antigas com fantasias de novas.

Devemos lutar diariamente contra este risco! Como? Protegendo as pessoas dos riscos delas. Prevenindo-as!

Alexsandro Abe

Analista de Planejamento Comercial | Bradesco

1 a

Que bela reflexão, Kleber !!!! Uma consultoria bem feita, assim como um pós venda de atenção e consistência, são elementos importantíssimos na perpetuação e multiplicação do sucesso! Muitos não enxergam a importância da oferta de soluções frente das necessidades que são latentes ou que surgem com as mudanças que vão acontecendo ao longo do tempo... Mas, um texto como o que escreveu aqui, ajuda na reflexão e despertar de quem só enxerga o próprio umbigo... Parabéns, mais uma vez!!!!!

Jefferson Floriano

Head de Investimentos e CEO grupo Via Direta Corretora

1 a

Excelente reflexão. Quando fazemos as perguntas certas, além de nos conectarmos mais com os clientes, conseguimos revelar suas necessidades e colocar de forma simples quais as opções de soluções. Outro dia o filho de um amigo de profissão, quebrou acidentalmente o vidro da sala de massagem de uma pousada, onde estávamos passando o fim de semana juntos. Qual não foi a surpresa de todos quando eu perguntei: "Você tem RC na sua apólice residencial?" Ele disse, "sim, mas não cobre isso". E eu afirmei: "Cobre sim, essa cobertura é pra cobrir os danos causados a terceiros por você ou seus filhos, mesmo fora da residência". Se até nós que somos do ramo esquecemos o que temos direito, imagina um leigo no assunto.

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