Cotas - Contra ou a Favor?

Cotas - Contra ou a Favor?

Ontem na programação da CBN foi colocado em pauta a polêmica questão das cotas universitárias. O tema por si só rende muito debate e os ouvintes enviaram suas posições para a rádio - alguns contra e outros a favor - então decidi falar sobre o que eu penso do assunto. 

Eu sou contra as cotas (note que está no plural - AS COTAS). Sim, sou contra as cotas e não contra uma em especial. O que acontece na vida real e parece que as pessoas não percebem - ou não querem perceber - é que as cotas estão mais presentes do que a gente imagina, só que com outros nomes (para quem gosta da obra de George Orwell, 1984, vai entender muito bem)

Bom, primeiro é preciso entender o que é uma cota. Pois bem, cota nada mais é do que uma porção que compõe um todo, traduzindo no contexto da Lei nº 12.711/2012, significa que parte dos alunos das instituições federais de educação vinculadas ao Ministério da Educação precisam ter algumas características em comum (cursado o ensino público, renda de 1,5 salário, autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoa com deficiência).

Agora que já sabemos o que é uma cota, precisamos entender como aplicar. Em todos os casos, será preciso um mecanismo - como uma lei por exemplo - que vai garantir que uma determinada classe de cidadãos seja beneficiada.

Mas será que existem outros mecanismos? Vamos pensar no assunto, o que você acha das empresas que separam vagas de emprego para serem preenchidas somente por profissionais que estudaram na faculdade x (na maioria das vezes a faculdade x não é a UNI- cabe no meu bolso). Não sei você, mas para mim esta política é bem parecida com cota. Mas eu entendo o lado das empresas, afinal todo mundo quer o melhor, não é mesmo?

E o que poderíamos falar das escolas de ensino fundamental e médio privadas? Bom, você também precisa pertencer à uma determinada classe de cidadãos se quiser frequentá-las.

Mesmo que você seja um aluno acima da média, se o contracheque do seu pai for baixo, quer dizer que você não se enquadra na cota desejada por estas instituições e a sua vaga vai para o aluno mediano (aqui a meritocracia passa longe). Mas vamos ser justos, afinal a educação é o negócio dessas empresas e quem pode pagar leva - este é o problema.

O fato de existirem instituições privadas de ensino denota que o estado não cumpre o seu papel de educar. Na Finlândia, país que está no top 5 alunos com as melhores notas do mundo - segundo o PISA, é PROIBIDO COMERCIALIZAR A EDUCAÇÃO, em outras palavras, o filho do político, do CEO e do porteiro estudam na mesma escola ( lá não há cotas, pois o cenário de competição é igualitário).

Mesmo que o PIB brasileiro (1,775 trilhão USD) seja maior do que o Finlandês (229,8 bilhões USD), não é justo comparar o Brasil com um país europeu, afinal até o mais otimista deve imaginar que o nosso país não têm uma boa nota no teste PISA, aliás estamos entre os piores.

O tema educação é um caso grave em nosso país e não creio que a cota universitária vai resolver o problema, contudo acabar com ela e permitir que outros mecanismos de cota disfarçadas continuem a existir também não vai adiantar.

As pessoas acreditam que cotas é coisa para favorecer somente a classe mais pobre, quando na verdade a maioria das cotas disfarçadas favorecem aos mais privilegiados através de mecanismos de exclusão ( ou inclusão, depende do ponto de vista). Por esta razão sou contra AS COTAS. Quando alguém me diz que é contra as cotas, automaticamente imagino que ela é contra todas elas e não somente contra uma modalidade.


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