A Covardia de um Sistema que Não Enxerga, o líder do futuro e a cultura do diversitywashing

A Covardia de um Sistema que Não Enxerga, o líder do futuro e a cultura do diversitywashing


Viver como uma pessoa neurodivergente em um sistema neurotípico é como tentar respirar fora do planeta: o ambiente é hostil, e cada tentativa de adaptação custa caro. Para quem carrega diagnósticos como autismo, afantasia tem riscos de desenvolver esquizofrenia após burnout e sintomas de psicose, a exploração por estruturas corporativas que se dizem inclusivas é uma realidade que destrói, muitas vezes de forma irreversível.

A empresa é um espaço de trocas. No papel, ela promete acolher talentos diversos, mas na prática, frequentemente se vale de culturas de diversitywashing – onde a fachada de inclusão é apenas isso: uma fachada. E o preço dessa hipocrisia é alto e quem paga é o explorado.


A realidade invisível


A neurodivergência exige ambientes de trabalho que entendam e respeitem nossas diferenças cognitivas. Quando líderes e chefias praticam microgestão, assédio moral ou ignoram a saúde mental de seus colaboradores, o impacto é devastador. Inconscientemente todos sabem quando estão sendo maltratados e alienados, as pessoas só ficam por que precisam ou por que tem um propósito.


Burnout: Para a mente neurodivergente, isso não é só um “cansaço profundo”. É uma ruptura com a realidade.


Psicose: Um ponto de não retorno para muitos. E a cada novo quadro de psicose um degrau mais profundo no desejo de isolamento.


Essas condições não são abstrações. São resultados diretos de sistemas que priorizam metas em vez de pessoas.

Sistemas que esquecem que liderança não é sobre controlar, mas sobre conduzir.


Uma responsabilidade legal e moral


O Brasil tem a Portaria MTE 1419/2024, que reforça a importância da saúde mental no ambiente de trabalho. No entanto, até que ponto as empresas realmente cumprem esse dever?

Chegará um momento em que a Justiça cobrará caro pela negligência de lideranças que ignoram os sinais. E não apenas a Justiça dos tribunais, mas a Justiça da História. Empresas que não investirem em formação real – para seus colaboradores e para seus líderes – estarão condenadas a serem lembradas como cúmplices de destruição, e não de inovação. Ou será que tudo que importa é o lucro no agora?

Falando mais sobre isso, mais algumas reflexões para os chefes assediadores que não se importam o a jornada psicosocial dos seus liderados:


1. Lei nº 14.831/2024: Essa legislação promove o Certificado "Empresa Promotora da Saúde Mental", que exige das empresas a implementação de práticas que assegurem o bem-estar psicológico dos colaboradores. Entre as ações previstas estão programas de suporte psiquiátrico, capacitação de lideranças, combate à discriminação, e a realização de campanhas de conscientização. Além disso, as empresas devem garantir a transparência em suas políticas e estabelecer canais para feedback dos colaboradores, criando um ambiente de trabalho mais humano e saudável.


2. NR-17 (Ergonomia) e Portaria MTE nº 1419/2024: Estas normas reforçam a necessidade de adequar o ambiente de trabalho às condições psicológicas e cognitivas dos trabalhadores, prevenindo riscos relacionados ao estresse e ao burnout. É fundamental que as empresas compreendam as particularidades das mentes neurodivergentes e adotem abordagens personalizadas para evitar danos psicológicos irreversíveis. Você conseguiria fazer quantos atendimentos simultâneos? ("Um homem não toma banho no mesmo rio duas vezes").


3. Estímulo à Equidade: A Lei 14.831 também conecta suas diretrizes com tendências de ESG (Ambiental, Social e Governança), sugerindo que a saúde mental não é apenas uma questão interna, mas uma forma de valorizar a força de trabalho como um ativo estratégico e ético. Isso demanda que chefias adotem posturas de apoio e não práticas de microgestão ou assédio.


4. Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015): Essa lei assegura a inclusão plena de pessoas com deficiência, abrangendo neurodivergências como autismo, TDAH e outras condições. Ela garante acesso à educação, saúde, trabalho e serviços públicos, além de impor medidas de acessibilidade em espaços e serviços.


5. Lei nº 12.764/2012 (Lei Berenice Piana): Estabelece os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), incluindo o reconhecimento como pessoa com deficiência para todos os fins legais, assegurando proteção contra discriminação, acesso a serviços e apoio específico.


6. Lei nº 9.029/1995: Proíbe práticas discriminatórias na relação de emprego, incluindo motivos de deficiência ou condições neurodivergentes. Isso reforça a proteção contra preconceitos no ambiente profissional e educacional.


7. Constituição Federal de 1988, Art. 5º: Garante que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, assegurando a inviolabilidade do direito à dignidade humana.


Reflexão sobre liderança e cumprimento das leis:


Um líder de qualquer ambiente organizacional, tem a obrigação moral e legal de conhecer e aplicar as leis. Ignorar normas e direitos não só compromete a confiança da comunidade, mas também pode inspirar comportamentos negligentes ou contrários à dignidade humana.

É papel da liderança e das chefias ser um modelo de cumprimento e disseminação de boas práticas, promovendo inclusão e acessibilidade para todos.

Essa abordagem não é apenas uma questão ética, mas também estratégica, pois um líder que respeita e conhece os direitos promove um ambiente mais justo e funcional, minimizando riscos legais e reforçando valores comunitários, literalmente formando gente, como diz a cultura.


Um convite à reflexão (e à ação)


Se você é líder ou trabalha em uma organização que quer fazer a diferença, pergunte-se:


Como sua empresa enxerga e trata a neurodiversidade na prática?

O que você está fazendo para garantir que sua equipe não apenas sobreviva, mas prospere?


Eu escolhi transformar meu recorte psicossocial tão estreito e sua dor em aprendizado e compartilhar isso com você por um valor realmente simbólico.


Escrevi o livro/Ebook Afantasia, onde exploro o impacto de ser neurodivergente em um mundo projetado para neurotípicos. É um convite a entender, a refletir e, acima de tudo, a agir na sua jornada com lider e também para o autoconhecimento, Excelente leitura para o psicólogo e psiquiatra que desejam ter empatia com um neurodivergente.


Você pode adquiri-lo aqui e começar a construir um novo olhar para um futuro mais justo.

Somos 3% de neurodivergentes em um superego que só cabem 97% em 2024.

Ajude a mudar essa história.


Cada capitulo do livro tem uma arte exclusiva da personagem A1rv404.

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