COVID-19 e o Brasil
Enquanto a Europa teme a “segunda onda” - Fears grow in Germany of second wave of coronavirus infections - o Brasil ainda está na primeira e o que vemos?
População assustada, apavorada e trancada dentro de suas casas, aumento de quadros de ansiedade e depressão, pacientes com doenças crônicas piorando, quadros agudos de AVC e infarto do miocardio sem o tratamento adequado. Violência contra a mulher, alcoolismo e muitos problemas ainda ocultos...
Vemos alguns políticos se promovendo, outros superfaturando, outros perdidos sem saber o que fazer, alguns, para nossa alegria, lidando de maneira excepcional com a crise e sabendo liderar a sua população e secretários.
Vemos coberturas da mídia onde se busca o pânico, com apresentação de gráficos coloridos e lindos, mas com valores assustadores. Vemos também aqueles que querem passar a informação correta, com números “corrigidos” para a população de nosso país.
Os extremos são vistos.... existem aqueles que não abrem as portas, e aqueles que em nada acreditam. Mas não estamos em uma aula de matemática, onde 2+2 = 4. Na medicina, na ciência, os dados mudam e com eles as condutas. O dado de hoje traça a conduta de amanhã. E um dia após o outro. Constantemente. Com erros e acertos.
As máscaras não eram necessárias, agora são. A doença só afetava idosos com comorbidades, agora vemos que a obesidade é realmente uma doença a ser tratada e que crianças podem ser acometidas. Vemos crianças e jovens com apresentação clínica inesperada.
Existem aqueles que dizem que só velhos doentes morrem, mas esquecem que estão descrevendo seus pais e avós. Existem os que ficam em casa mas perderam familiares jovens.
Médicos, enfermeiros, policiais, garis, profissionais de áreas essenciais e motoristas de coletivos estão trabalhando, empresários sucumbindo a crise, fechando suas empresas pelas quais lutaram arduamente durante anos e contra um sistema que pouco facilita.... e a elite política em quem votamos e acreditamos fazer o melhor não se entende. Não há corte de seus benefícios em grande escala, mas os restaurantes e lojas fecham.
Compram equipamentos não apropriados, encorajam profissionais da saúde a se candidatarem, diplomas são entregues precocemente a universitários e são jogados “no front” sem treinamento algum.
Tudo isso é muito novo para todos nós, não há unanimidade e com o tempo dedos serão apontados aos grupos que se posicionaram de maneira oposta.
O objetivo do isolamento sempre foi achatar a curva e não evitar a doença muito menos descobrir sua cura. O tempo foi dado para a organização de hospitais, ventiladores, compra de EPIs e treinamento. A população está sedenta para trabalhar e garantir seu sustento. A quem interessa o lockdown geral? A população? Aos políticos? As emissoras de TV? O meio termo existe e creio que deva ser implementado. Todos em casa e ninguém nos hospitais não faz sentido. Todos que precisam nas ruas e os que não precisam em casa parece mais sensato.
Acho que se entende um pouco agora porque não podemos nos comparar a suecos e dinamarqueses, tampouco a população de Taiwan.
Oremos para que o tempo passe e novos tratamentos e mesmo uma vacina seja desenvolvida. Oremos para que todos possam se recuperar deste trauma emocional e financeiro e voltem a desfrutar de uma vida social com os devidos cuidados que a doença exige.
Infelizmente o nosso país acaba de perder mais uma oportunidade de crescimento moral e de patriotismo.
Marcos Fernando Tweedie Spadoni