COVID-19: Um novo Mundo
Crédito: Alissa Eckert, MS; Dan Higgins / Folding@Home

COVID-19: Um novo Mundo

Muita coisa mudou em poucas semanas.

Deixo aqui a minha reflexão acerca deste problema global preconizado num ‘vírus que nos veio afastar e lembrar-nos a importância de estarmos perto'.

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A azáfama das multidões foi por tempo indefinido trocada pelo silêncio de ruas e praças desertas. Voos e reservas canceladas. Cenário este pouco mitigado pelas inúmeras campanhas de grupos hoteleiros e companhias aéreas.

Estimam-se prejuízos, prevêem-se cenários, alinham-se estratégias. Só que desta vez existe uma nova incógnita na equação, cujo peso dependerá de tantos outros fatores políticos, económicos e socioculturais.

Mais que nunca, o comportamento e o nível de responsabilidade social de cada um afetarão o modo e o período de resolução deste cenário global. O povo europeu, e em particular o português, agarrado à velha máxima de que 'este tipo de calamidades só acontece aos outros', vê-se perante um panorama incerto e desconhecido que tende a potenciar um estado de alarmismo indesejado.

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Se uma greve dos combustíveis foi capaz de instaurar o pânico generalizado no nosso país, a atual corrida desenfreada aos supermercados seria no mínimo espectável. Quem diria que termos como ‘açambarcar’, ‘quarentena’ e ‘pandemia’ passariam a fazer parte do léxico do nosso quotidiano.

Passaram-se cerca de 2 meses e meio deste que as autoridades chinesas reportarem oficialmente os primeiros casos de covid-19. Por esta altura a China já não é o epicentro desta pandemia, ficando a Europa com este título indesejado.

Procura-se educar as populações, apontam-se boas e más práticas, aprende-se com os erros dos ‘vizinhos europeus’. Muito se elogia a capacidade de resposta da China (2 hospitais em pouco mais de 9 dias!) e estuda-se o caso exemplar de Macau. De facto, facilmente concluímos que não são só os km que nos distanciam desta realidade oriental. Tantas outras disparidades culturais e económicas fazem com que a tese do ‘faz igual a eles’ não seja assim tão simples de pôr em prática.

Se o governo adotasse uma posição totalmente conservativa e decidisse encerrar as fronteiras muito antes de se registar o primeiro caso no nosso país, qual seria a resposta de grande parte dos portugueses? Seria de concórdia? Seria essa uma decisão economicamente viável? Muitas interrogações se fazem nesta altura.

Certamente que se não vivêssemos num mundo global a contenção de um problema desta natureza seria mais simples. Mas a tendência futura não é de retrocesso, havendo muito a aprender e a planificar no rescaldo desta pandemia.

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Se há aspetos positivos a retirar desta situação, seguramente que a implementação (embora forçada) de novos métodos e formas de trabalho por parte das empresas será um deles. Atualmente existem dezenas (talvez centenas) de ferramentas de comunicação e organização que facilitam e potenciam o chamado teletrabalho. Creio que não restam dúvidas de que em poucos anos esta será uma realidade em muitas empresas nacionais como procura de aumentar os níveis de produtividade e satisfação dos colaboradores.

Em sentido oposto, alguns portugueses deveriam repensar a sua posição quando ainda há poucas semanas exprimiram o seu desagrado para com a greve dos enfermeiros. Pergunto-me se esses portugueses serão os mesmos que agora promovem correntes de homenagem aos profissionais de saúde. A longevidade dos nossos ideais e ações, o egoísmo social e o heroísmo provisório tendem a sofrer distorções por estes dias.

Desde o repositor de supermercado que faz horas extra para não faltarem os bens de primeira necessidade à população, aos profissionais de saúde que abdicam do tempo com as suas famílias e trabalham incansavelmente para combater este vírus, a todos os portugueses que continuam a trabalhar mesmo a partir de casa ou todos aqueles que se encontram em quarentena (por enquanto) voluntária, vamos trabalhar em equipa e contribuir positivamente para a resolução desta pandemia. É tempo de agir!

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