Crédito e risco de crédito - A importância de uma análise eficaz

Crédito e risco de crédito - A importância de uma análise eficaz

Apesar do exemplo mais clássico envolver bancos e financeiras de grande porte, que trabalham principalmente com empréstimos e financiamentos, a compreensão dos conceitos de crédito e risco de crédito pode ser muito útil a todos os agentes atuantes do mercado, vez que envolve a análise de sujeitos que possam atuar como parceiros comerciais e de negócios (clientes, fornecedores, sócios e etc.).

Conceitos

Crédito é basicamente uma promessa de pagamento futuro, que passa a existir mediante a entrega de um valor presente (seja ele monetário, através de serviços ou de produtos).

Deste modo, tem-se que o crédito envolve o adimplemento de uma dívida após determinado decurso de prazo, passando a envolver uma incerteza quanto a real possibilidade de pagamento pelo devedor quando do encerramento do prazo. Tal incerteza é o risco de crédito, sendo ele a probabilidade objetiva de recebimento do valor, ou seja, é o risco da inadimplência.

O inadimplemento é problema que atinge todas as relações comerciais na atualidade, merecendo atenção especial para que venha a ser mitigado tanto quanto for possível.

O risco de crédito pode ser visualizado sob três primas, sendo eles:

  1. Risco do cliente: referente a informações sobre o devedor (como a sua capacidade financeira e real intenção de pagar, por exemplo), estando diretamente vinculado à possibilidade de concessão de crédito e aos juros que serão aplicados; 
  2. Risco da operação: trata-se da avaliação do produto, prazo de pagamento, garantias prestadas e finalidade da operação, remetendo diretamente ao risco do cliente;
  3. Risco de concentração: envolve o risco de perda em razão da concentração do crédito concedido, ou seja, ausência de diversificação de investimentos.

Análise do risco de crédito

Ao analisar um sujeito para determinar o risco de crédito da operação, o ideal é que sejam seguidos alguns passos básicos, sendo eles: coleta de informações, a avaliação do risco, a estruturação da operação e o monitoramento do débito.

Coleta e análise

A coleta de informações deve abarcar os mais diversos setores do possível devedor, assim, quando se tratar de pessoas físicas, é importante observar dados pessoais e profissionais, dados do cônjuge, referencias mercantis, bens patrimoniais, seguros, participações em empresas e etc.

Quando pessoa jurídica, os dados básicos envolvem a atividade prestada, dados dos acionistas, sócios, diretores, gerentes, clientes, fornecedores, bens imóveis, participações em outras empresas, seguros, e etc.

A constituição jurídica e administrativa (data da constituição, forma, controle societário, origem de recursos, administração e etc.), o tipo de produção (mercado, sazonalidade, concorrência, maquinário, matéria prima, estoque, localização e etc.) e o alvo final (clientes, logística, distribuição, preços) da empresa devem ser observados, vez que influenciam no risco.

Deve-se dispensar atenção especial ao fluxo de conta corrente, ao demonstrativo financeiro, ao balanço patrimonial e ao demonstrativo do resultado do exercício. Cumpre esclarecer que o balanço patrimonial é um demonstrativo contábil do ativo (recursos econômicos que capacitam o sujeito), do passivo (obrigações com terceiros a serem cumpridas) e do patrimônio líquido de uma empresa, enquanto o demonstrativo dos resultados de exercício caracteriza a sua rentabilidade em determinado período.

Coletados os dados, o ideal é que seja realizada uma visita/entrevista ao cliente para que as informações sejam validadas e conferidas, emitindo assim um relatório final contendo um parecer sobre a possível concessão de crédito. Tais dados devem ser avaliados tendo como lente as políticas do negócio, através da qual será determinado se a relação realmente deve ser continuada.

Formalização e monitoramento

Caso seja atestado que o sujeito possui capacidade de adimplemento, o negócio creditício pode ser estruturado de modo que atenda as necessidades dos envolvidos, momento no qual o acordo poderá ser formalizado através de um contrato. Todavia, não basta somente uma análise prévia, ainda que extremamente eficaz e necessária.

Após o negócio e o fornecimento dos valores/serviços/produtos, as partes permanecem sujeitas a volatilidade do mercado, sendo assim, é indispensável que o negócio seja monitorado periodicamente.

Através do monitoramento o proprietário do crédito pode se precaver quanto a fatores que possam alterar a análise de risco original, permitindo que tome medidas preventivas a fim de evitar a mitigação de seu crédito.

A importância da análise de risco

Apesar de num primeiro momento termos a impressão de que os termos crédito e risco de crédito façam referência somente a instituições financeiras, a leitura mais atenta sobre os conceitos torna claro que sua aplicação pode ser útil a todos os tipos de negócios.

Isso porque praticamente toda e qualquer relação financeira na atualidade esta sujeita ao crédito, envolvendo uma promessa de pagamento futuro mediante o fornecimento de um valor no presente.

Desde a análise de investidores no mercado de ações, passando pelo fornecimento de crédito propriamente dito, e envolvendo também a relação entre clientes e fornecedores, por exemplo, é de suma importância que os dados das partes sejam investigados pormenorizadamente, garantindo assim a maximização de ganhos quando formalizada toda e qualquer relação.

Veja-se que os instrumentos e métodos de análise de crédito/risco de crédito são úteis, na verdade, para os mais diversos tipos de agentes, de modo que todo e qualquer profissional que atua no mercado deve estar atento as características das partes com as quais se relaciona, podendo aplicar o exposto neste breve artigo para garantir a rentabilidade de seu negócio.

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