Crédito Malparado
Crédito Malparado
O crédito malparado é o valor que os devedores dos bancos deviam pagar de um empréstimo, dentro de um prazo acordado. Isto é, montante que fica em falta num empréstimo concedido pelos bancos aos clientes e que não foi pago até ao fim.
Os bancos emprestam mediante determinadas garantias ou condições de “segurança”. Os devedores devem ter um projecto ou um objectivo para aplicar o capital requerido e ter rendimentos para que possam devolver o capital emprestado e os respectivos juros.
O crédito malparado é o pior que pode acontecer nas economias abertas, porque os bancos, além de se tornarem mais receosos, devido à incerteza crescente, perdem a capacidade de emprestar à economia, menos famílias e empresas têm acesso aos créditos, e as boas empresas principalmente são prejudicadas pelas más empresas, pois todas deixam de ter acesso ao crédito.
Sendo o crédito malparado um facto incontornável, os bancos são levados a tentar recuperar através de reestruturação do mesmo cré- dito junto dos devedores ou em casos mais graves ir a justiça, mas de uma coisa temos certeza: os valores recuperados jamais serão os esperados.
Os bancos devem automaticamente reconhecer as perdas, pois este é o problema dos bancos, ao reconhecer as perdas enfraquecem os seus balanços e são obrigados a recapitalizar-se. No limite, posteriormente, os Estados devem apadrinhar a criação de mecanismos, dentro do próprio mercado financeiro (sem custos para os contribuintes), para limpar estes créditos ou activos tóxicos dos balanços dos bancos.
A verdade é que os bancos devem limpar os seus balanços para que possam operar, isto implica reconhecer as perdas e injectar dinheiro fresco, coisa que os accionistas dos bancos não estão dispostos a fazer, pois tem sido prática os contribuintes, através do Estado, serem chamados a pagar.
O Estado deve mostrar a banca que apenas eles no fim do dia devem resolver os seus problemas, e prover mecanismos legais para que os bancos e outros devedores consigam cobrar o que lhe é de direito, até porque o banco empresta dinheiro que não é seu.
Créditos malparados podem ser evitados se os bancos comerciais actuarem com base em critérios técnicos, claros e com objectivos bem definidos.
Consultant and Banking Trainer. Former Director of Credit Risk at several Banks (in Portugal and Angola). Visiting Professor at Agostinho Neto University of Luanda. Occasional speaker on credit-related issues
6 aAs conjunturas desfavoráveis são inevitáveis. O decisor deve, em todos os casos, avaliar os riscos que, muito provavelmente, se manifestarão quando as condições económicas se alterarem. As más operações são concretizadas nos bons tempos.