The Creative Power of Awareness
Carl Gustav Jung vê no despertar da kundaliní o despertar dos deuses, o início da relação ego-Self.
Para iniciarmos este processo temos de ressoar com o Self e só depois do enraizamento em solo pessoal (muladhara) pode-se iniciar a relação com os deuses, o ego começa a perceber um poder além dele mesmo e entra em contato com a dualidade da psicologia humana.
O despertar da Kundaliní é o objetivo de qualquer prática do yoga e das disciplinas espirituais, é basicamente tântrico em sua origem e age através da união da psique com a matéria e da mente com o corpo físico, tendo a transformação da personalidade em um sentido evolucionário de supraconsciência.
Jung explica alguns detalhes da súbida da Kundaliní pelos Chakras:
"Os símbolos dos chakras nos proporcionam um ponto de vista que se estende além do consciente, são intuições sobre a psique como um todo, sobre suas várias condições e possibilidades. Eles simbolizam a psique de um ponto de vista cósmico.
Vivemos em muladhara, pois estamos emaranhados nas causalidades terrestres, dependentes da nossa vida consciente como ela realmente é, e condicionados por ela. Muladhara é a consciência total de todas as experiências pessoais externas e internas. Ele significa a força da consciência, o poder da vontade, a capacidade de se fazer o que se quer fazer.
...o sol à tarde está ficando velho e fraco e, portanto, afunda no mar ocidental, viaja por baixo das águas (a viagem noturna no mar), e se ergue de manhã renascido no leste. Assim, o segundo chakra poderia ser chamado o chakra do renascimento. Uma centelha que guia, algum incentivo que o força através das águas e em direção ao próximo centro, esta centelha é a kundaliní, algo absolutamente irreconhecível, que pode aparecer talvez como medo, como uma neurose ou como um vívido interesse, mas é algo superior a sua vontade. Caso contrário você não passa por isso, você vê o leviatã e foge, mas se esta centelha viva, este impulso, esta necessidade o pega pelo pescoço, você não pode voltar, você tem que enfrentar a música.
Após ter caído no inferno e ter enfrentado um redemoinho de paixões, instintos e desejos, pode vir a descoberta de uma essência impessoal. O ser então pode perceber que não precisa estar identificado com seus desejos ou medos.
Você agora é parte daquilo que não está mais no tempo, no espaço tridimensional, você pertence agora a uma ordem das coisas tetradimensionais, onde o tempo é uma extensão, onde o espaço não existe e o tempo não é, onde só há duração infinita, eternidade. Purusha é visto pela primeira vez em anahata. É a essência do Homem, o Homem supremo, o assim chamado Homem primordial. Este é o primeiro pressentimento de um ser dentro de sua existência fisiológica, ou física, que não é você mesmo. Um ser no qual você está contido, que é maior e mais importante que você, mas que tem uma existência inteiramente psíquica.
...Nós ainda acreditamos em um mundo material construído de matéria, força física, etc. E nós ainda não conseguimos conectar a existência ou substância psíquica com a ideia de qualquer coisa cósmica ou física. Nós ainda não achamos a ponte entre as ideias da física e da psicologia.
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Este (vishuddha) é o mundo das ideias abstratas e dos valores. O mundo onde a psique existe em si mesma, onde a realidade psíquica é a única realidade, ou, onde a matéria é somente uma fina casca em volta de um enorme cosmos de realidades psíquicas. A matéria é a borda ilusória ao redor da existência real, que é psíquica.
... a ideia da transformação dos elementos mostra a analogia do Yoga Tântrico com nossa Filosofia Alquímica Medieval. Lá se encontram exatamente as mesmas ideias: a transformação da matéria bruta na sutil matéria da mente, a sublimação do Homem. O carbono do corpo humano é simplesmente carbono, no mais profundo de si mesma, a psique é o universo.
Se você atingiu este estágio, você deixou anahata. Você teve sucesso em dissolver os fatos materiais externos e os fatos internos ou psíquicos, tornando-os uno. Você começa a considerar o jogo do mundo como seu próprio jogo. As pessoas que aparecem fora são representantes da sua própria condição psíquica. O que quer que aconteça com você, qualquer que seja a experiência ou aventura que você tenha no mundo externo, é sua própria experiência.
Ajna é o estado de consciência completa, não só de autoconsciência, mas uma consciência excessivamente extensa que inclui tudo, a própria energia. Em tal consciência extensa todos os chakras seriam simultaneamente experenciados, porque este é o estado mais alto de consciência, e ele não seria o mais alto se não incluísse as experiências anteriores.
Falar sobre flor de lótus de mil pétalas, o centro do sahashara é totalmente supérfluo, pois é meramente um conceito filosófico. Não existe nenhuma experiência, pois isto é UM SEM UM SEGUNDO, isto é Samādhi." Carl Gustav Jung
Sob um céu de núvens e trovoadas, sol e lua, a grande Deusa faz sua dança cósmica em pleno êxtase...
Soraya Maia
Artigo Publicado em Julho de 2018.