As crenças que nos alavancam e as que nos limitam
Rogério Chér Curador de Conteúdo da Academia Findes de Negócios
As histórias parecem fáceis quando vistas de trás para a frente. Em meio às mudanças, quando olhamos para trás temos a sensação de que “não foi tão difícil assim”. Todavia, quando pesamos tudo o que enfrentamos percebemos o custo para nossas emoções, relações e para o nosso bolso. Tudo fica mais difícil quando não compreendemos como as crenças impactam o que fazemos e falamos, assim como o que deixamos de falar e de fazer. Porém, antes de avaliar como as crenças interferem para o bem e para o mal nas transições de vida e de carreira, vamos primeiro tratar do “porão interno”.
Boa parte do nosso comportamento como adultos tem origem em situações vividas na infância. Algumas situações geraram prazer, alegria, sensações de bem-estar, conforto, proteção e segurança. Quando crianças não racionalizamos nada disso. Apenas sentimos e acreditamos nas coisas como são e como ocorrem. Não paramos para pensar de modo racional no papel de pai e mãe em nossa vida e não as relacionamos conscientemente às emoções que experimentamos. O mundo é bom e não importa a explicação de como ou por quê. Porém, nem tudo são flores na infância. Experimentamos situações ruins de desprazer, desconforto, medo, dor, insegurança, abandono, rejeição e do mesmo modo não paramos para compreendê-las. Por exemplo: uma filha de pai explosivo que testemunha a agressão paterna contra sua mãe sentirá angústia, medo e toda a sorte de desconfortos psicológicos e físicos em decorrência da horrorosa experiência. Mas na tenra infância ela não para e avalia as razões para o comportamento paterno e não as associa à agressão emocional internalizada. A situação ocorre, a criança a testemunha, sofre todas as emoções ruins derivadas e depois será outro dia. É possível vermos esta criança no dia seguinte alegremente com seus brinquedos, ou mesmo abraçando e beijando pai e mãe. Por que reagimos assim? Para sobreviver, o remédio é enfiar tudo para dentro do nosso porão emocional e tocar a vida adiante. Construímos esse comportamento condicionado desde pequenos.
Se por um lado a compreensão sobre tais experiências e emoções é pouca ou nenhuma na infância, quando adultos será ainda mais difícil racionalizá-las. Elas ainda estarão todas lá, empoeiradas, porém intactas. E o que é pior: assumindo muitas vezes o controle sobre nossas ações e omissões. Algumas circunstâncias que vivemos no presente despertam aquelas emoções escondidas no porão da consciência. E quando acordadas, elas tentarão nos convencer de que estamos revivendo – inconscientemente, é claro – as mesmas situações que as originaram. Então não há outra alternativa senão reagir do mesmo modo como reagimos diante da situação original. De modo inconsciente, construímos um conjunto de associações que generalizam situações e determinam padrões para nossos comportamentos. Ainda que as situações sejam apenas semelhantes e não idênticas, mesmo assim acreditaremos que a forma de reagir deve ser igual àquela como reagimos na situação original. Totalmente inconscientes dessa mecânica, permitimos que tais emoções assumam o comando.
Isso é mesmo assustador, não acha? Emoções do passado, inconscientes e cheias de poeira do mais profundo porão, assumindo as rédeas sobre nosso comportamento no presente.
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Segundo Peter Senge, a maioria de nós tem uma entre duas crenças contraditórias que limitam a capacidade de criar o que de fato desejamos. A mais comum é a crença na impotência – a incapacidade de trazer à vida todas as coisas com as quais nos importamos. A outra concentra- -se no sentimento de demérito – a sensação de que não merecemos ter e criar o que realmente desejamos. Segundo Senge: “Muitas pessoas altamente bem-sucedidas continuam sentindo uma profunda impotência, normalmente não verbalizada, em áreas críticas de suas vidas - como nos relacionamentos pessoais e familiares, ou em sua capacidade de obter um senso de paz interior e satisfação espiritual.”
Para Senge, só teremos condições de alterar este sistema de crenças se adotarmos a disciplina do “domínio pessoal”, ou seja, a disciplina “do crescimento e aprendizado pessoais”, da revelação e da abertura espiritual, de encarar a vida como um trabalho de tensão criativa, vivendo-a na perspectiva da criação, e não da reação. Domínio pessoal pressupõe primeiro esclarecer o que é importante na vida.
Como diz Senge, “muitas vezes passamos tanto tempo tentando resolver os problemas ao longo do caminho que esquecemos os motivos pelos quais estamos naquele caminho”.
O resultado é que temos uma visão vaga e imprecisa do que realmente é importante para nós. Como vimos, as crenças são erguidas a partir do que se esconde em nosso porão interno. São pensamentos enraizados e profundos formados pela experiência emocional vivida e pela interação com o mundo e com as pessoas ao redor. Algumas vezes são imagens distorcidas da realidade, porém manifestadas por seu inconsciente como verdade absoluta. O caminho do domínio pessoal, do autoconhecimento, da clareza de visão de futuro e da definição do seu propósito de vida pode deixá-lo mais livre das crenças restritivas e, assim, possibilitar sua transformação e evolução.
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