Cresce a tensão na semana do impeachment

Cresce a tensão na semana do impeachment

Dados de atividade nos próximos dias confirmam novo recuo do PIB/1T, enquanto no Exterior são destaques o PIB chinês e, nos EUA, inflação e produção industrial. Mas esta é a semana do impeachment, e isso é tudo o que interessa ao mercado. A oposição já tem votos para aprovar hoje o relatório na Comissão da Câmara. Um placar muito desfavorável pioraria as chances de DILMA  na votação do plenário, prevista para o domingo, 17.

Na 6°F, encerrada a sessão de debates da comissão no meio da madrugada, contavam-se entre 35 e 39 votos a favor do impeachment e 21 contra. Os trabalhos recomeçam as às 10h e a votação deve ocorrer no final da tarde.

O Clima de tensão aumenta, com o espaço definido para manifestantes dos dois lados em frente ao Congresso.

Na reta final, o receio do planalto é de que possam surgir fatos novos na Lava Jato, como a delação da Andrade Gutierrez, que virou a maré para o governo na semana passada, ou ações da Procuradoria –Geral da República.

Umas das apreensões é a decisão iminente de JANOT sobre pedidos de inquérito que devem ser encaminhados ao STF com base na delação de DELCÍDIO, envolvendo AÉCIO, CUNHA, MERCADANTE e a presidente DILMA.

Na delação, DELCÍDIO citou uma investida da presidente sobre o judiciário para influenciar nas investigações, com a suposta indicação do ministro do Superior Tribunal de Justiça Marcelo NAVARRO Ribeiro Dantas.

Um pedido de investigação de DILMA incluiria suas conversas telefônicas com LULA grampeadas pela Lava Jato.

A possibilidade de indiciar a presidente no campo criminal ganhou força após o parecer da PGR defender a anulação da posse de LULA, diante de “tumultos” e “possível obstrução da justiça” criados pelo ato.

LULA também poderá ser investigado pelo STF por crimes que envolveriam pessoas com foro privilegiado. Segundo DELCÍDIO, ele seria o mandante da tentativa de calar CERVERÓ para ajudar o amigo BUMLAI.

O ex-presidente prestou depoimento sobre este assunto aos procuradores da Lava Jato, na 5°F passada.

No STF, o julgamento da liminar de GILMAR Mendes que suspendeu a posse de LULA na Casa Civil está marcado apenas para a semana que vem, dia 20, quando o impeachment já deverá ter se definido na Câmara.

Isso deve enfraquecer as últimas negociações do governo para atrair apoios contra o impeachment.

Os petistas estão festejando o desempenho de LULA no DATAFOLHA deste fim de semana, onde ele reduziu um pouco seu índice de rejeição (de 53% para 51%) e lidera (21%) as pesquisas com MARINA (19%).

Mas esse ensaio presidencial só prova a falta de lideranças políticas. LULA sempre teve esses 20%, desde que perdia eleições. Chegar de novo em 51% é outra história, e chegar sem um processo parece ainda mais difícil.

Ainda no DATAFOLHA, ficou claro que se a população não quer a presidente DILMA também não quer TEMER, com 60% dos entrevistados defendendo a renúncia dos dois e 79%, a convocação de novas eleições.

No blog de Lauro JARDIM (Globo), DELCÍDIO deve voltar a falar nesta semana, fazendo novas denúncias.

Outra bomba armada pode explodir em Curitiba, com ações contra PALLOCI e ERENICE Guerra, que estariam envolvidos no esquema de corrupção da Usina Belo Monte, em delação da Andrade Gutierrez.

SUSPENSE – O resultado da votação do impeachment no plenário ainda é incerto, diante do elevado número de indefinidos, que podem decidir o voto só no último minuto. Esse placar será acompanhado no dia a dia.

Até domingo à noite, pesquisa do Estadão apontava 291 deputados a favor do impeachment e 115 contrários. Entre os indecisos (61) e os que não responderam a pesquisa (46), 107 votos podem ir para qualquer lado.

Sabe-se que as articulações envolveriam também não só o voto contrário, mas a ausência de deputados no plenário no dia D, dificultando a tarefa dos partidos da oposição e dissidentes aliados de somarem 342 votos.

No blog de Ricardo Noblat (Globo), CUNHA teria dito a TEMER que o impeachment já tem mais de 360 votos, enquanto fontes do Planalto admitiram ao Estadão que, de 200 votos garantidos, o governo teria agora 180.

O planalto estaria também pressionando aliados a favor do impeachment a se ausentarem da votação  de hoje da Comissão, operando nos bastidores para trocar titulares por suplentes dispostos a votar com DILMA.

Neste final de semana, vários diretórios estaduais do PP decidiram fechar questão a favor do impeachment, contrariando decisão do presidente Ciro NOGUEIRA. O partido garantiria 35 votos contra DILMA (dos 51).

Também a REDE e MARINA, que até agora só defendia novas eleições após a cassação da chapa pelo TSE, se manifestaram unanimente a favor do impeachment no fim de semana.

DE UM JEITO OU DE OUTRO – Seja qual for o resultado do impeachment, a ação no TSE deve ter prosseguimento.

Após a delação da Andrade Gutierrez, e outras que estariam sendo negociadas, como as da OAS e da Odebrecht, a hipótese de cassação do mandato da presidente DILMA ganhou força.

Muita gente passou a acreditar que se ela não cair pelo Congresso, cairá pelo TSE.

Caso DILMA sofra impeachment, TEMER, como seu sucessor no cargo, herdaria as ações que pedem a cassação da chapa, e desde já ele tenta defender naquela Corte a tese de separação de responsabilidades.

Se isso não der certo, e não deve dar, entra aquele acordo que RENAN está articulando com SERRA e GILMAR Mendes, para atrasar a votação até 2017 no TSE e implantar um semiparlamentarismo com eleição indireta.

Mas, como dizem os mais sábios, cada dia com sua agonia. Primeiro, o impeachment...

SEM FUTURO – Não dá para tomar como tendência a investida da bolsa para cima dos 50 mil pontos nem do dólar abaixo de R$ 3,60,  na 6°F, porque o mercado só está operando intraday, sem certeza de nada ainda.

Amplamente comprados às vésperas do vencimento do IBOVESPA Futuro, na 4°F, os investidores estrangeiros não desperdiçaram a chance de defender seus interesses no ultimo pregão, valendo –se do noticiário politico.

O pedido de JANOT contra a posse de LULA veio a calhar para o jogo e, junto com o rali do petróleo, disparou uma alta de 3,67% do índice à vista, para 50.292,93 pontos, com giro forte, de R$ 8 bilhões.

As blue chips puxaram as altas, com nova disparada da PETROBRAS PN, + 7,27% cotada a R$ 8,26, PETROBRAS ON, + 5,53% a R$ 10,49, VALE PNA, + 8,36%, a R$ 12,19 e VALE ON + 8,19% a R$ 16,24.

No setor financeiro, BRADESCO PN subiu 4,94% a R$ 27,41 e ITAÚ UNIBANCO PN + 6,3% a R$ 31,70

Também o DÓLAR caiu na 6°F com a derrota imposta ao governo pela Procuradoria-Geral da República.

Ainda a queda da moeda em escala global e o fato de o BC não ter vendido nem 30% da oferta de swap reverso deixaram o caminho livre para que a divisa americana renovasse as mínimas na sessão da tarde.

Em baixa desde a abertura, o dólar fechou com recuo expressivo de 2,40%, valendo R$ 3,5971. O BC não perdeu tempo e já anunciou para hoje mais um leilão de swap reverso de até 20 mil contratos.

COPOM NA PAREDE – Fiel ao discurso de que o cenário não comporta uma queda da SELIC este ano, o BC se surpreende pela velocidade com que a inflação perde força e o mercado compra a briga do corte do juro.

Já se imaginava que o IPCA de março, divulgado na 6°F, fosse desacelerar contra fevereiro (+0,9%), mas o índice veio muito a baixo do esperado, em 0,43%. Na mediana das estimativas, o mercado previa 0,46%.

A inflação acumulada em 12 meses (9,39%) voltou ao patamar de um dígito, o que não ocorria há cinco meses.

De janeiro para cá, o IPCA 12 meses já caiu 1,32 ponto, aproximando-se cada vez mais da projeção de queda de dois pontos porcentuais no primeiro semestre, divulgada anteriormente pelo Banco Central. 

No ritmo em que as coisas andam, já se comenta que o BC pode estar atrasado na estimativa de inflação e que corre o risco de queimar a língua, se continuar repetindo que a SELIC não tem espaço para cair.

Com o IPCA, o mercado não vai perder a chance de ampliar a pressão por um corte no segundo semestre.

No pregão da última 6°F, a CURVA DO DI saiu devolvendo prêmio com a inflação menor, o dólar em queda, as apostas sobre o impeachment e o ambiente de maior interesse por risco nos mercado externos.

Na BM&F, o contrato para janeiro/17 caiu para 13,77% de 13,88% , janeiro/18 recuou a 13,51% de 13,77% o jan/19 saiu de 14% para 13,61%, o jan/21 pagou 13,70% de 14,16% e o jan/23 foi a 13,89% de 14,34%.

AGENDA – As primeiras prévias da inflação de abril podem confirmar o alívio que coloca o BC em corner. Hoje, às 8h, sai a parcial do IGP-M. Amanhã, do IPC-FIPE e , na 5°F, será divulgado o IGP-10.

A reação positiva ao IPCA de março já pode aparecer na FOCUS hoje (8h30), se houve tempo para atualizações.

Por outro lado, o cenário recessivo, que começa a esvaziar a inflação, continuará sendo reproduzido pelas vendas no varejo em fevereiro, amanhã, com previsão de queda na margem (-0,7%) e na base anual (-6,5%).

Ainda para os próximos dias, mas sem data confirmada, são esperados outros indicadores importantes da atividade econômica, como o IBC-Br de fevereiro, além das vendas de papelão ondulado em março.

Existe a expectativa também pela arrecadação federal do mês passado, que só complica o ajuste fiscal.

INDOMÁVEL - Apesar dos alertas do BOJ de que não irá tolerar a valorização excessiva do IENE (108,18/US$), a divisa japonesa esnobou as advertências e emplacou a sexta alta seguida. O Euro subiu a US$ 1,1404.

O IENE até chegou a cair em alguns momentos, mas recuperou a força antes do fechamento em NY, e já é a moeda mais valorizada deste ano, ganhando do euro e do franco suíço, apesar dos juros negativos.

Este ano, já se fortaleceu cerca de 10% contra o dólar, em uma escalada que contraria os planos de governo de Tóquio, de restaurar a atividade através das exportações, com uma moeda menos competitiva.

Analistas dizem que, com o dólar abaixo de 110 ienes, o BOJ deve insistir no seu discurso, numa tentativa de conter a recente valorização. Mas o MORGAN STANLEY duvida de ação agressiva, antes do G-7, em maio.

FALTOU FÔLEGO – Em WALL ST, as bolas chegaram a subir quase 1% à tarde, mas foi o IENE voltar a recuperar as forças, para roubar o gás do mercado acionário. O contraponto foi do petróleo, que ainda segurou a onda.

A disparada do barril sustentou o setor de energia, mantendo as bolsas pertos da estabilidade, com DOW Jones em +0,2% (17.576,96 pontos), S&P 500, + 0,28% (2.047,60 pontos) e Nasdaq, + 0,05% (4.850,69 pontos).

Foram duas as justificativas para o PETRÓLEO ter deslanchado: o discurso otimista de YELLEN na véspera e comentários da Rússia de que não descarta propor outras medidas, além do congelamento da produção.

Os planos dos grandes produtores mundiais serão discutidos na reunião no Catar no próximo domingo, 17. Esta semana, os preços ainda poderão ser influenciados pelos relatórios da OPEP (4°F) e da AIE (5°F).

De novo perto do US$ 40, na NYMEX, o WTI para maio avançou 6,60% para US$ 39,72 por barril. Na ICE Londirna, o BRENT com vencimento em junho acompanhou a alta e disparou 6,37% cotado a US$ 41,94.

Nem o petróleo forte nem o dólar fraco, porém, conseguiram entusiasmar o COBRE, que vem assumindo uma postura defensiva nos últimos dias com o temor de excesso de oferta. Na LME, fechou a US$ 4.650/t (-0,01%).

Em um pregão tranquilo, o investidor dispensou o apelo pela segurança dos TREASURIES, com recuou do juro da NOTE de dois anos para 0,695% de 0,707% enquanto o de dez anos subiu a 1,718% de 1,688%.

EUA TÊM AGENDA FORTE – Além do LIVRO BEGE (4°F), que pode confirmar o tomo mais hawkish de YELLEN, o investidor terá na temporada dos balanços e em indicadores de primeira linha o termômetro de atividade.

Hoje, após o fechamento dos negócios, a ALCOA divulga seus números do 1T. O Setor financeiro é destaque na semana, com os resultados do JPMORGAN (4°F), BOFA E WELLS FARGO (5°F), Além do CITIGROUP (6°F).

Nenhum dado econômico está previsto para hoje, mas vêm ai vendas no varejo (4°F) o índice de inflação ao consumidor, CPI (5°F) e a produção industrial (6°F) – Todos referentes ao mês de março.

Em Washington, começa 5°F a reunião do G-20, seguida pelo encontro de primavera do FMI e Banco Mundial.

Na Europa, a semana reserva o CPI de março (5°F) e a produção industrial da zona do euro de fevereiro (4°F). Não há indicadores para hoje. OB inglês (BOE) anuncia decisão de politica monetária na 5°F.

CHINA – Divulgada no final da noite deste domingo, a inflação ao consumidor (CPI) decepcionou , com elevações de 2,3% em março (base anualizada),a baixo da previsão dos analistas de mercado 2,5%.

Na comparação mensal, caiu 0,4% desacelerando o ritmo contra fevereiro, quando havia subido 1,6% Já os preços ao produtor (PPI) registraram deflação de 4,9% em março, também pior do que as estimativas (-4,6%).

O dado abre uma semana importante em Pequim, que reserva o resultado da balança comercial em março, amanha à noite, além do PIB/1T e produção industrial do mês passado, na madrugada de 6°F.

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