As crianças e o uso do "PORQUE": upload de mapas (crenças) limitantes pelos pais e pela escola
Tomemos cuidado com o uso da palavra “porque”.
Com crianças nós praticamente só usamos “porque”. A cada pergunta que a criança faz, nós respondemos dentro da realidade que enxergamos e das experiências que já vivenciamos (ou ainda aquelas as quais ainda não tivemos mas temos já criado, em nossa mente, o resultado).
- Pai, posso subir na árvore?
- Não, claro que não!
- Porquê?
- Porque ... (substitua os três pontinhos pelos N motivos que VOCÊ tem para não permitir que seu filho passe pela experiência de subir em uma árvore). E que fique bem claro: são experiências SUAS!!!!
Obviamente cabe aos pais o senso de proteção, motivo pelo qual não desejamos ver nossos filhos caindo de uma árvore – mesmo se lembrando que, quando crianças, ficávamos bem entristecidos quando nossos pais nos negavam algumas coisas. O principal problema não é a proteção em si... mas a justificativa para isso. É como se alguns de nós prevíssemos o futuro:
- Não sobe que você vai cair!
- Quanto mais alto, maior a queda!
- E se você cair vai apanhar ainda por cima!
Quando adulto nós carregamos os nossos próprios “mapas” (entenda como fragmentos da nossa percepção de realidade ou, resumidamente, CRENÇAS) na mente de nossos filhos, alunos, etc. Crenças que muitos de nós, de fato, vivenciamos. Alguns desses mapas certamente contribuirão para o desenvolvimento pessoal dos nossos pequenos. Porém, muitos “uploads” que literalmente fazemos irão contribuir emocionalmente para gerar adultos inseguros, imaturos, com baixíssima auto-estima, entre outros fatores.
Essas “pequenas” programações diárias que nós fazemos nos outros merece um artigo por si só. Em breve...
E agora que os pais estão trabalhando cada vez mais em tempo integral (alguns 3 períodos), olha a responsabilidade dos professores. Muitos filhos estão sujeitos até a mais “uploads” feitos pelos professores do que dos próprios pais. Isso é cada vez mais comum e não tem por onde fugir. E, novamente, o problema não são os “uploads” da escola... mas termos a consciência de que esse processo educacional deve ser feito à várias mãos – não pertence somente à família nem somente à instituição de ensino.
Quem é pai já se deparou provavelmente com a situação de seu filho chegar em casa falando alguma coisa inimaginável naquela altura do campeonato. Quem fez esse upload de pensamento? De onde surgiu isso?
A pergunta indireta é: “por quê foi colocado esse mapa na cabeça dele(a)?”.
E vou mais longe agora, sendo até um pouco (ou muito) polêmico. Estou falando do assustador aumento estatístico de diagnósticos de TDAH infantil. Quantos casos diagnosticados são, de fato, TDAH e quantos são números alimentados pela indústria farmacêutica com aval de alguns profissionais gananciosos da área da saúde?
Precisamos entender que estamos em um mundo cada vez mais veloz, onde a hiperatividade é estimulada por jogos de computador, programas de TV, resultados em empresas, etc...
Você se imagina dando um duplo-clique no ícone do editor de texto Word e esperando 10 segundos até que o programa abra? Lá pelo segundo número 5 você provavelmente pensará, indignado, que “algo está errado”.
Há 20 anos, as cenas de novelas, quando faziam a transição do “núcleo rico” para o “núcleo pobre” propositalmente davam um close nos personagens de melhor aparência, com um zoom demorado se aproximando do rosto, para só depois alternar para a outra cena. Atualmente, perceba como é extremamente rápida a troca de câmeras entre os atores e cenários.
Estamos literalmente “correndo” boa parte do tempo: refeições cada vez mais rápidas, conversas cada vez mais curtas (twitter não é mera coincidência) e caretas quando precisamos escutar alguém por mais de 20 inacabáveis segundos. E nossa juventude crescendo nesse contexto.
Enfim... antes de julgar nossas crianças, procuremos entender a razão de seus comportamentos atuais. Cuidado com a palavra “PORQUE”... afinal, entender o “porque” exige repensar os nossos próprios “porquês”.
Vídeo completo em: https://goo.gl/NshGp8
NineMinds Institute: www.nineminds.com.br