As nossas crianças estão alienadas

As nossas crianças estão alienadas

Quem nunca sentiu uma forte intuição, a ignorou e depois se arrependeu?

Pois é isso mesmo que exigimos dos nossos filhos. Queremos que ignorem a sua intuição para que sigam cegamente o que julgamos ser melhor para eles.

Todos nós, pais, estamos demasiado ocupados para perceber quem realmente são os nossos filhos. Para os compreender e aceitar. Queremos controlar o processo de crescimento, por medo que falhem, que se magoem. Assim, obrigamos, sem má intenção, as crianças a ser uma imagem de nós próprios. Ou pior, do que nós gostaríamos de ser e nunca conseguimos. Dar-lhes o que nunca tivemos, é uma tendência difícil de evitar. Como se aquilo que nos faltou, seja aquilo que faz falta aos nossos filhos.

Fazemos de tudo para que não cometam os nossos erros, ignorando que são as falhas que nos ensinam e fazem crescer. Acreditamos que podemos encurtar caminho, se os nosso filhos fizerem o que achamos que é melhor para eles. Porque nós já passamos por isso. Nós temos tanto em que pensar que não nos podemos dar ao luxo de os deixar aprender por si próprios. Julgamos que ao investirmos o nosso esforço em prevenir falhas, vamos poupar tempo a lidar com as consequências dessas falhas, ignorando que elas são inevitáveis. Toda a experiência humana é subjectiva e o máximo que conseguimos é substituir umas falhas por outras. Na verdade, não existem falhas ou fracassos, tudo é aprendizagem. Errar faz parte da vida e acontece em qualquer idade. Porque haveremos então de querer que as crianças não errem?

Por tudo isto, muito cedo, as crianças aprendem a ignorar o sua própria intuição. Aprendem a afastar-se do seu verdadeiro eu. A alienar-se de si próprias. Aprendem a fingir ser outra pessoa. Porque se há coisas que elas respeitam intuitivamente, é que os pais sabem tudo e têm sempre razão.

Talvez devêssemos ensinar os nossos filhos a lidar com as contrariedades e não a evitá-las. Elas aparecerão de uma maneira ou outra. Talvez devêssemos mostrar-lhes que estaremos sempre presentes para lhes dar suporte, quaisquer que sejam as suas escolhas. Sem culpas ou julgamentos. O que faríamos, aliás, pelo nosso melhor amigo.

Em oposição, deixá-los fazer tudo o que querem, não vai minimizar a nossa culpa. Preenchê-los com bens materiais, não vai substituir o afeto, a compreensão, a genuína companhia. Ao fazê-lo, estamos nós próprios a alienarmo-nos da nossa função de pais. A nossa presença e o nosso amor não têm substituto.

É quando os nossos filhos chegam ao mercado de trabalho que o impacto com a realidade se torna mais violento e, por consequência, mais insuportável. É nessa altura que são obrigados a lidar com as suas próprias frustrações, desencantos e fracassos. O mercado de trabalho não se compadece com o mundo cor-de-rosa que lhes vendemos. Por isso, em muitos casos, a alienação de si próprio passa também a ser a alienação do trabalho. O vazio instala-se e a vida laborar limita-se ao escrupuloso cumprimento da função, sem qualquer tipo de realização pessoal. Esquecem-se os sonhos. A insatisfação passa a ser colmatada com bens materiais. Passa-se a trabalhar mais do que o desejável, para que os filhos tenham uma vida melhor que a nossa. A carreira ocupa o primeiro lugar, faltando o tempo para compreender, acompanhar e apoiar os filhos para os quais tanto trabalhamos. Faz-se, no fundo, exactamente o que sempre nos foi ensinado pelos nossos pais.

Nada disto é novidade para nenhum de nós. Todos o sabemos por intuição. Intuição que também nós ignoramos. Que também nós fomos ensinados a ignorar.

Talvez seja a altura de quebrar esta corrente.

Na 432 sabemos a importância da realização pessoal no contexto de trabalho. Criamos soluções que ajudam a descobrir o que de melhor há em cada um de nós.

Ana Cristina Franco Ferreira

Creative Artists Management . Consultora de Moda e Imagem @Femenino e Masculino # Pessoal e Empresarial .

5 a

👏👏👏👏

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos