Criatividade é dom?

Não acredito nisso! Para mim, criatividade é comportamento e podemos desenvolve-la no nosso dia-a-dia. Enxergo alguns pontos como cruciais nesta conquista, são eles:

1. Novas experiências.

Este é o ponto principal. Não precisa ser algo novo para o mundo, só precisa ser algo novo para você mesmo! Andar de balão não é nada novo, mas para quem nunca o fez será uma nova experiência. Experimentar nos faz enxergar o que está acontecendo ao nosso redor por perspectivas diferentes. Viajar, conhecer lugares e culturas diferentes, acordar e sair de casa sem planejar muito, trocar a mão do mouse, mudar o percurso de ida para o trabalho, usar outro meio de transporte só para ver como é, acampar se nunca acampou, escalar se nunca escalou, fazer uma trilha se nunca fez... A questão aqui é o “nunca fiz”, buscar o nunca abre a cabeça para muitas ideias. Uma aplicação clara deste ponto é quando um empreendedor viaja e vê algo acontecendo fora e logo pensa: “Isso daria muito certo na minha cidade”, sem aquela viagem ele provavelmente não teria a ideia. Experimentar é um ato criativo.

2. Olhar ao redor.

É comum ver um bom profissional limitando suas possibilidades de conhecimento com uma frase poderosa para o estado não criativo:

“Eu sou de humanas, não preciso fazer conta.”

 “Eu sou de exatas não, preciso vender.”

Ambos se enganam. Se estes “axiomas” fossem coretos, jamais existiria o mercado de Engenharia Biomédica, pois até hoje os profissionais de exatas estariam falando que não precisam saber de saúde e os de saúde falando que não precisam saber exatas.

Para quem fala algo parecido recorrentemente, eu tenho uma pergunta: De que eram as pessoas antes das instituições de ensino separarem as áreas como Humanas, Exatas e Saúde?

Todas as pessoas eram de “misto”!

Ser criativo não é inventar um disco voador na garagem de casa, isso é ser genial.Ser criativo, em sua área profissional, é desenvolver caminhos diferentes para resolver problemas normais com os recursos que temos.

Se informar de como outras áreas do conhecimento já fazem isso para problemas semelhantes ao seu é uma forma muito produtiva de alcançar uma solução criativa. Temos muito a aprender com nossos colegas de não profissão, ouvi-los, respeitar o que dizem e ir atrás de referências sugeridas por estes colegas considero uma excelente fonte de novas e boas ideias. Você já parou para pensar como é o seu C.V. diante do de um profissional de design? Ou sua apresentação diante de uma da equipe de vendas? Ou suas planilhas diante das do profissional de engenharia? Ser misto é um ato criativo.

3. Arte.

A arte é a profissão do criativo. Ser Artista e ser criativo são quase sinônimos. Para aprender um novo idioma é importante ter o máximo de contato com quem fala este idioma, da mesma forma para ser criativo é importante ter contato com quem é criativo! Ir ao teatro, ouvir música contemporânea, assistir cinema alternativo, ir a museus, exposições, aprender a tocar um instrumento, ou ao menos tentar. O contato com arte é um ato criativo.

4. Conversar.

Sobre ideias. Dar atenção para ideias que não são aplicáveis agora, mas que são interessantes, é um ato criativo. Gauss inventou o sistema binário 100 anos antes de ter qualquer aplicação, sem esta matemática, hoje você nem estaria lendo este post. Boas ideias, mesmo que não aplicáveis, continuam sendo boas ideias e podem influenciar bastante para o surgimento de alguma outra aplicável num futuro próximo.  “Sobre aquilo que estávamos conversando, pensei em fazer assim em nossa área...” Se esta frase te parece familiar, uma boa conversa já foi um ato criativo para você.

Nenhuma boa ideia vem do nada, somos nós que saímos do nada e vamos atrás delas. Nossas ideias são um reflexo de nós mesmos, chamar criatividade de dom é desistir sem tentar, é uma desculpa para não se desenvolver. Ser mais criativo é como correr, quanto mais treinamos, mais longe chegamos. A diferença é que em vez de treinos, praticamos atos.

Qual foi o seu ato criativo de hoje?

Brederode.