Crie oceanos azuis

Crie oceanos azuis

Artigo referente ao capítulo 1 do “best seller” A Estratégia do Oceano Azul. Oceano é alegorizado como um ambiente de mercado, e sua respectiva cor depende de como as empresas conquistam suas demandas: com movimentos estratégicos inovadores (azul); ou fisgando o peixe do amiguinho (vermelho).


Um novo espaço de mercado. Assim é traduzida a alegoria dos oceanos azuis no mundo da estratégia de negócios. A ideia de criar espaços de mercado ainda inexplorados parte da premissa de que a inovação de valor de bens e serviços é base para uma organização conquistar crescimento, lucro e geração de novas oportunidades de mercado, em uma disruptividade que se sobrepõe rigorosamente à corrida concorrencial.

Esta simplória corrida é um ambiente de negócios conhecido como de oceanos vermelhos, cujos setores já foram criados e as empresas lutam arduamente para se destacarem e conquistarem uma parcela maior de uma demanda já existente. Parafraseando, essa luta naturalmente sangrenta deixa os oceanos avermelhados e as expectativas de crescimento e lucro são gradativamente menores. Uma pesquisa feita pelos próprios autores da estratégia apresenta que, em média, 86% dos novos negócios surgem em oceanos vermelhos, impactando em 62% sobre as receitas e apenas 39% sobre os lucros. Está aí a raiz da ineficiência do mercado, pois os restantes 14% que surgem em oceanos azuis fomentam 38% das receitas e incríveis 61% dos lucros.

A questão é que em oceanos vermelhos a diferenciação competitiva está cada vez mais baseada no preço, uma vez que os produtos vêm sofrendo um processo de comoditização, com grande semelhança e pouca inovação. Isso acaba encolhendo as margens de lucro, pois as empresas não conseguem mais agregar valor em relação aos benefícios e utilidade do que se oferta. Aqui vai uma lógica simples, mas eficaz: quando o cliente não se preocupa com o preço e compra porque o produto realmente faz sentido e lhe é útil, a venda ocorre com um fôlego lucrativo maior e tende a conquistar um espaço na mente do cliente como uma fonte de sentimentos mútuos em relação ao valor.

Kim e Mauborgne (2015) definem movimento estratégico como “um conjunto de decisões e ações gerenciais que resultam em importantes produtos e serviços capazes de criar novos mercados”. Eles afirmam que este é o melhor fator de análise para se submeter e avaliar uma criação de um oceano azul. Movimentos esses que foram responsáveis pelo sucesso de empresas disruptivas como Amazon, Space X, Apple, Google, Netflix, Uber, Tesla, e tantas outras mundo afora.

Avaliando os fatores setoriais, Kim e Mauborgne (2015) afirmam taxativamente que a criação e a gestão de oceanos azuis são façanhas de empresas que não importam o tamanho, de gestores que não importam a idade, de participantes de setores atrativos ou não, de iniciantes ou de experientes. Enfim, o sucesso independe da empresa ou do setor, estando atrelado diretamente à inovação de valor proposta ao mercado consumidor.

“Inovação valiosa” e “valor inovador” parecem sinônimos, mas não são, e precisam estar interligados dentro da estratégia. Isso porque inovação por si só pode ser pioneira e futurista, mas não necessariamente haver desejo por parte do mercado. Adjunto, valor sem inovação pode não ser suficiente para alcançar o patamar que o mercado exige para absorvê-lo. Referência sobre estratégia, Porter (2004) elenca três grandes grupos estratégicos: custo, diferenciação e enfoque, devendo optar por um deles para desenvolver as atividades. A empresa que busca criar oceanos azuis desenvolve atividades estratégicas inter-relacionadas em todos os grupos de maneira concomitante.

Do ponto de vista funcional, tais atividades são desenvolvidas com sucesso quando o valor para quem compra advém de sua utilidade, e quando o valor para quem vende resulta de um preço que banque os custos e gere lucro. Para tanto, o escopo do preço, a estrutura de custos e o desenvolvimento das pessoas devem, inevitavelmente, estar alinhados com a proposta estratégica dentro da organização.

Aos empreendedores, fiquem atentos! Lançar uma nova ideia no mercado gera satisfação, surpresa positiva, mas também holofotes que despertam a atenção dos poderosos. Toda e qualquer estratégia envolve risco, e empreender também é assumi-los de maneira calculada e saber gerenciá-los para que não obstruam o sucesso da organização. Portanto, inove sempre, sempre e sempre! Todo oceano vermelho de hoje em dia já foi um oceano azul, e conforme o seu for tomando um tom avermelhado com a presença de tubarões, não dispenda dinheiro tentando fisgar o peixe do amiguinho, mas sim inovando e buscando por peixes em águas tranquilas e cristalinas.


  Referências Bibliográficas

 KIM, W. Chan; MAUBORGNE, Renée. A estratégia do oceano azul: como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

 PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

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