Crime em Redes

 Para ser preciso, o termo “netwar” refere-se a um modo emergente de conflito (e crime) em nível social, aquém da guerra militar tradicional, em que os protagonistas usam formas de organização em rede e doutrinas, estratégias e tecnologias afins à era da informação.

 Esses protagonistas são organizações dispersas, pequenos grupos e indivíduos que se comunicam, coordenam e conduzem suas campanhas  on-line, muitas vezes sem um comando central preciso. Assim, a rede difere dos modos de conflito e crime nos quais os protagonistas preferem desenvolver organizações, doutrinas e estratégias formais, autónomas e hierárquicas. 

O termo “netwar”  chama a atenção para a perspectiva de que o conflito e o crime baseados em rede se tornarão fenómenos importantes nas próximas décadas. Vários atores em todo o espectro do conflito e do crime já evoluem nesse sentido. Isso inclui adversários habituais que estão a modificar suas estruturas e estratégias para tirar proveito dos projetos em rede - por exemplo, grupos terroristas transnacionais, proliferadores do mercado negro de armas de destruição em massa (WMD), sindicatos de drogas e outros crimes, movimentos fundamentalistas, piratas de propriedade intelectual e contrabandistas de imigração e refugiados.

O espectro da rede também inclui uma nova geração de revolucionários, radicais e ativistas que estão a começar a criar ideologias da era da informação, nas quais identidades e as lealdades podem mudar do estado-nação para o nível transnacional da "sociedade civil global". Novos tipos de atores, como as ligas anarquistas e niilistas de hackers também podem-se interessar na participação da ”netwar”.

  Tipo Organizacional

Numa rede arquetípica, os protagonistas provavelmente correspondem a um conjunto de "nós" diversos e dispersos que compartilham um conjunto de ideias e interesses e que estão preparados para atuar em um público totalmente "ligados a todos os canais". Na literatura académica (por exemplo, Evan, 1972), as redes vêm em três tipos ou topologias:

• A cadeia ou rede de linhas, como em uma cadeia de contrabando onde pessoas, bens ou informações se movem ao longo de uma linha de contatos separados, e onde a comunicação de ponta a ponta deve percorrer os nós intermediários.

• O hub, estrela ou rede de roda, como em uma franquia ou um cartel, onde um conjunto de atores está vinculado a um nó ou ator central (mas não hierárquico) e deve passar por esse nó para se comunicar e coordenar com cada um de outros.

• A rede de todos os canais ou de matriz completa, como em uma rede colaborativa de grupos militantes da paz, onde todos estão conectados a todos os outros.

Cada nó nos diagramas pode se referir a um indivíduo, um grupo, uma organização, parte de um grupo ou organização ou até mesmo um Estado. Os nós podem ser grandes ou pequenos, estreitamente ou fracamente acoplados, e inclusivos ou exclusivos na associação. Eles podem ser segmentados ou especializados - isto é, podem participare em atividades semelhantes, ou podem empreender uma divisão do trabalho baseada na especialização. Os limites da rede, ou de qualquer nó incluído nela, podem ser bem definidos, ou embaçados e porosos em relação ao ambiente externo. São possíveis muitas variações.

Cada tipo pode ser adequado a diferentes condições e finalidades, e todos os três podem ser encontrados entre os adversários relacionados com a rede - por exemplo, a cadeia nas operações de contrabando; o centro do núcleo dos sindicatos terroristas e criminosos; e o tipo de todos os canais entre grupos militantes altamente conectados e descentralizados.

Também pode haver híbridos dos três tipos, com diferentes tarefas organizadas em torno de diferentes tipos de redes. Por exemplo, um ator de rede pode ter um conselho ou diretoria de todos os canais em seu núcleo, mas usar hubs e cadeias para operações táticas.

Também pode haver híbridos de rede e formas hierárquicas de organização. Por exemplo, hierarquias tradicionais podem existir dentro de nós específicos em uma rede.

Alguns atores podem ter uma organização hierárquica em geral, mas usam projetos de rede para operações táticas; outros atores podem ter um design de rede de todos os canais.

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