Crise coloca gestores à prova
Bom dia,
O texto abaixo estava arquivado desde de 2009 na máquina que utilizo, mas vale para nossos dias de hoje e para toda vida.
“Santiago destacou ainda que, frente à crise, faz-se necessário gerir diversos graus de ansiedade e mudanças que nem sempre seriam conduzidas em momentos de aquecimento econômico.”
Os gestores também devem se conscientizar de que medidas mecanicistas não cabem para as empresas na pós-crise. De acordo com o executivo, a Fiat é gerida como um conjunto de células, ou seja, de organismos biológicos que têm funções distintas a cumprir para a confecção do resultado final. "Para reter talentos, basta respeitá-los e valorizá-los", enfatizou.
"O item marcado se estiver direcionado à uma valorização com aumento de salário irá em desacordo com o parágrafo 6 do texto, pois se criamos um ambiente de harmonia, respeito, integração e humor; não seria necessário uma valorização financeira direta no salário" (Marcelo Raphael)
Segue texto:
Executivos devem se aliar ao RH para traçar estratégias que motivem as equipes
Santiago e Nicolato acompanham as ações desenvolvidas pelo RH das empresas em que trabalham
Desde o início da crise financeira mundial, os gestores empresariais têm sido colocados à prova, assim como o departamento de Recursos Humanos (RH) de suas organizações.
O debate "RH com presidentes", que abriu o segundo e último dia de atividades do XIII Congresso Mineiro de Recursos Humanos (COMRH), que aconteceu em Belo Horizonte, reuniu o diretor de mineração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Jayme Nicolato, e o diretor industrial da Case New Holand (CNH), empresa do grupo Fiat, Carlos Lino Santiago, para uma discussão sobre o papel que a gestão de pessoas tem que cumprir nas empresas, principalmente diante de um cenário de crise financeira.
Embora não integrem o departamento de RH das empresas em que atuam, os executivos acompanham de perto as atividades da área. De acordo com Nicolato, é preciso que a gestão da empresa esteja plenamente alinhada com o RH, o que passa de forma obrigatória pelo estilo de liderança da organização. "Há três aspectos da vida e das empresas que devem ser considerados. São eles: mudança, princípios e escolhas", definiu.
Para lidar com essa situação, a CSN adotou a política dos cinco "Hs", que são honestidade, humildade, humanidade, harmonia e humor. Esse último quesito, segundo o executivo, é essencial para "fazer aflorar a criatividade". Com esse estilo, a empresa espera incrementar continuamente a qualidade da relação entre líderes e liderados.
"Se a pessoa tem raiva do líder, vai se rebelar ou desistir. Se tem medo, vai obedecer de forma despeitada, e se a relação é movida a recompensas, também não é interessante como outras em que a cooperação acontece de bom grado, com confiança e ambiente descontraído", pontuou.
Passo a passo - Antes de pensar em motivar as pessoas, os executivos devem criar meios para que eles não se desmotivem. De acordo com Nicolato, é preciso manter a visão inspiradora, desafios harmônicos, espírito de equipe e excelência em gestão, fruto de treino e hábito. Na mesma lista entra um ambiente marcado pela justiça, respeito e credibilidade para que a empresa consiga cumprir suas promessas.
Na CNH, o líder é orientado a ver com seus próprios olhos. "Tudo que é dito por outro já foi modificado de alguma forma", afirmou Santiago. Ao invés de procurar culpados, eles têm a função de saber o porquê das falhas, pois só assim saberão onde está à verdadeira "raiz" do problema. E, em terceiro lugar, o respeito às pessoas envolvidas também faz parte da estratégia, por privilegiar a formação de líderes em todos os níveis da organização, com autonomia para resolver questões que, na maioria das vezes, acabam chegando à mesa do presidente.
Santiago destacou ainda que, frente à crise, faz-se necessário gerir diversos graus de ansiedade e mudanças que nem sempre seriam conduzidas em momentos de aquecimento econômico. "Quando as decisões são baseadas em fatos, não há por que ocultá-las. imprescindível construir o capital humano e intelectual e ganhar a confiança da equipe para retomar, após a crise, com mais agilidade e eficiência", apontou.
Os gestores também devem se conscientizar de que medidas mecanicistas não cabem para as empresas na pós-crise. De acordo com o executivo, a Fiat é gerida como um conjunto de células, ou seja, de organismos biológicos que têm funções distintas a cumprir para a confecção do resultado final. "Para reter talentos, basta respeitá-los e valorizá-los", enfatizou.
O início do processo de reaquecimento econômico do país, após a crise financeira mundial, segundo o professor titular da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, deve processar-se com mais agilidade que a retomada do mercado de trabalho nacional.
Ao participar do painel "Mercado de trabalho e negociações coletivas pós-crise: quem serão os reempregáveis", um dos mais concorridos do XIII COMRH, ele afirmou que, assim como as empresas, também os profissionais de Recursos Humanos devem ser preparar para uma série de novas prioridades e demandas no que se refere à gestão de pessoas.
Desde os critérios de contratação - seja de terceiros ou de funcionários próprios -, passando pelas habilidades e competências exigidas até o relacionamento com os sindicatos de empregados, devem ser repensados por esses profissionais, de forma a garantir a sustentabilidade do negócio e a sua competitividade. "O RH deve ter competência e influência suficientes para atingir a produtividade da empresa", pontuou. Diário do Comércio 29 de junho de 2009.