A crise gera transformação
Soaria polêmico afirmar que tudo tem seu lado bom. Portanto, vou me bastar em dizer que toda crise gera transformação e mudanças. Assim, nada nem ninguém permanece o mesmo após sua passagem.
As tribulações tem essa audácia de expor aquilo que tentamos não ver ou vemos sem enxergar. Como quando a ordem do dia é o isolamento social e nós há muito já o vivemos, magnetizados pela tecnologia que isola quando permitimos ou indiferentes às necessidades alheias ao nosso redor.
Ou então, quando vem nos fazer novamente notar os mais experientes, que foram relegados como párias da sociedade, sem qualquer nota de cuidado e atenção.
Ela também vem nos falar da importância do asseio e da valorização da saúde. E nos mostra que ninguém, independente de sua faixa etária, classe social, localização geográfica, raça ou credo, está imune aos seus efeitos, quebrando qualquer paradigma de individualidade que se possa imaginar.
É inegável a interdependência que rege as relações e inevitável observar como a crise vem fomentar a união e a solidariedade, a exemplo da China que, mesmo após ter vencido o surto em território nacional, enviou uma equipe de especialistas a Itália para oferecer assistência no seu momento de maior escuridão.
Essa mesma crise que revela o canal de Veneza em águas límpidas, recheado de vida, na ausência dos transportes fluviais poluentes é a que ensinou às organizações como priorizar o elemento humano acima de qualquer retorno financeiro.
É fundamental, contudo, que aprendamos com a adversidade, como o faz a ciência que evolui e prospera em favor da humanidade. E que mantenhamos aceso um farol de esperança para que, uma vez passada a tormenta, possamos nos fartar de abraços dos quais fomos privados, revivendo a companhia saudável dos nossos mais queridos e amadurecidos através da luta de preservação.