Crises nos tornam mais empáticos?
Um casal de amigos meus tem uma discussão frequente: será que o mundo está piorando ou a proporção de maldades é a mesma desde que a humanidade existe?
Minha amiga defende a primeira opção. Meu amigo argumenta que as notícias ruins são mais divulgadas e, como existem mais pessoas no mundo, proporcionalmente há mais gente fazendo o mal. O que você acha? (escreva nos comentários, que depois eu vou amar ler!)
Eu sei que é difícil se manter otimista se a gente tiver o mínimo vislumbre do panorama mundial. A humanidade ainda não foi capaz de resolver problemas de subsistência, como a fome e o saneamento básico, e lidamos com a polaridade política, com o medo das guerras na Era Moderna, com as consequências da Inteligência Artificial para a Saúde Mental... iiih, a lista é longa!
Mas calma, a ideia desse texto não é te deixar mais deprimido. Segundo o Relatório Mundial da Felicidade em 2023, há um lado positivo das crises: as pessoas acabam se ajudando mais e sendo mais empáticas e gentis.
Balanço geral da felicidade em 2022
O Relatório Mundial da Felicidade entrevista 1.000 pessoas por país, nos 200 países escolhidos. A avaliação da felicidade considera 6 fatores: PIB per capita, expectativa de vida saudável, liberdade, generosidade, apoio social e corrupção. Como toda pesquisa, existem vieses - mas dá para fazer análises pra lá de interessantes a partir dos resultados.
A campeã da felicidade, pelo sexto ano consecutivo, é a Finlândia. No extremo oposto, está o Afeganistão, como o país menos feliz de todos os avaliados. Como você deve estar curioso para saber, o Brasil está em 49º lugar - e, a título comparativo, a Ucrânia está em 92º lugar:
O que surpreendeu nos resultados deste Relatório foi que o índice médio de felicidade global não caiu, mesmo diante da pandemia e das guerras. O que mudou foi a importância de alguns elementos responsáveis por essa felicidade: 80% das pessoas falou que ter alguém para contar foi fundamental para sua satisfação interna, mais até do que nos anos anteriores ao Covid-19.
Epidemia de empatia?
O interessante deste Relatório, é que ele analisa 3 aspectos sobre a bondade e gentileza: as pessoas respondem se elas ajudaram um estranho, doaram ou fizeram trabalho voluntário no mês anterior.
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Considerando esses fatores, a gentileza de 2022 aumentou em comparação a 2019, antes da pandemia. As ajuda a estranhos, doações e voluntariados aumentaram em todo mundo em 2020, atingiram níveis recordes em 2021 e ainda subiram cerca de 25% em 2022, em comparação com a pré-pandemia.
Em 2022, aumentaram os índices de gentileza no quesito de “ajuda a um desconhecido” (média de 13% a mais), "doação" (6% a mais) e "voluntariado" (4% a mais). Países onde anteriormente os atos de altruísmo eram menos comuns, como os da Europa Oriental, tiveram os maiores ganhos em gentileza e ajuda ao próximo.
Essa mesma onda de bondade se espalhou na Ucrânia, após a invasão da Rússia em fevereiro de 2022. No ano passado, mais pessoas doaram dinheiro (70%, comparado a 22% em 2019), ajudaram estranhos (78%, comparado a 32% em 2019) e fizeram trabalho voluntário (37%, comparado a 7% em 2019).
Nem tudo são boas notícias. A desigualdade da felicidade – a diferença entre a metade superior da população e a metade inferior em termos de satisfação com a vida – continua a aumentar. Essa lacuna também está aumentando em termos de como as pessoas estão preocupadas, com raiva e tristes.
E aqui no Brasil os índice teve uma queda significativa nos últimos dois anos, comparando os 3 anos anteriores... é só lembrar que, ano passado, ganhamos o ranking de país mais ansioso do mundo. Com certeza, a corrupção, a polaridade política, a desigualdade social, o desemprego, inflação e mal uso da tecnologia são fatores que pioram a nossa satisfação interna bruta...
No entanto, o inverso é verdadeiro para a bondade. Anteriormente, havia uma lacuna em quão gentis eram as pessoas mais felizes e infelizes em cada país – mas com o tempo, essa lacuna diminuiu. Aparentemente, o sofrimento desperta mais empatia das pessoas, que se mobilizam mais a agirem com compaixão.
A única questão agora é se essa tendência de bondade continuará.
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CEO e fundadora da Cruzando Histórias | LinkedIn Top Voices Equidade de Gênero | Embaixadora L’Oréal Paris no combate ao assedio | TEDx Speaker
1 aMuito interessante :)