Cuidado com as pedras mais altas.

Recentemente duas pessoas diferentes me relataram situações bem parecidas.

Uma delas, professor de pós graduação em uma renomada instituição, me disse que uma empresa contratou um estudo de mercado de uma conhecida empresa de consultoria. O estudo identificou uma nova linha de receitas para essa empresa. Algo de natureza disruptiva que levaria a empresa para um outro patamar de receitas. O estudo apresentava detalhadamente essa nova linhaa, sua evolução ao longo do tempo, a forma de sua implementação e o inacreditável retorno que proporcionaria.

A empresa tem 70 anos de existência, sua administração tem perfil conservador e apesar de todas as evidências de sucesso que o estudo revelou, decidiram não implementar a ideia.

Uma segunda pessoa, executivo de uma empresa de consultoria em marketing, me relatou que uma empresa lhe pediu um projeto para fazer com que todos os funcionários atuassem orientados para os clientes. O projeto foi elaborado, apresentado a aprovado. Toda a divulgação interna e todos os workshops com as equipes foram realizados conforme previa o projeto. Mas os ocupantes do primeiro nível hierárquico da empresa em nada mudaram suas atitudes na gestão de suas equipes.

Esses gestores, ao não perceber os resultados esperados, chamaram o executivo da consultoria e encerraram o contrato alegando que o projeto não estava funcionando. Mesmo após as explicações do consultor a respeito da falta de adesão desses gestores em relação às mudanças esperadas, eles se mantiveram irredutíveis.

Nos dois casos o que temos em comum é o que costumamos observar na quase totalidade dos casos que conhecemos: a cultura da empresa funcionando como um sistema imunológico que defende o organismo da entrada de corpos estranhos ... mesmo que sejam para melhorar o organismo!

A cultura de uma empresa é formada pela combinação dos comportamentos de todas as pessoas que nela atuam, mas é fortemente influenciada de cima para baixo.

Ela pode se transformar em uma alavanca que potencializa os resultados ou pode se tornar um fenômeno que segue alheio à gestão e ser inexoravelmente perniciosa para o futuro da empresa. 

Por esse motivo qualquer processo de alinhamento, lapidação ou ajuste na cultura de uma empresa requer o incondicional apoio, patrocínio, envolvimento e genuíno engajamento do primeiro nível da gestão, cujos exemplos reverberarão por toda a organização.