CULTIVO PROTEGIDO – POSSIBILIDADES DE INIBIR DOENÇAS
A temperatura do ambiente é o fator climático que mais influencia o crescimento vegetal, podendo, em algumas situações, inviabilizar economicamente a produção. Temperatura em ambiente protegido tem importante função no controle da velocidade das reações químicas, as quais governam o crescimento e desenvolvimento da planta.
Temperaturas muito elevadas podem afetar a taxa fotossintética, a respiração de manutenção, a transpiração, a taxa de germinação de sementes, o repouso vegetativo, a indução ao florescimento, a duração das fases fenológicas das culturas, dentre muitos outros processos vegetais.
Condições vegetativas
Cenário: - Muitas plantas cultivadas comercialmente cultivadas em nosso País são originarias de regiões de clima ameno e / ou frio, o que dificulta sua produção em condições de clima quente, como ocorre em grande parte do Brasil.
- Alface por exemplo, se desenvolvem melhor sob temperatura do ar entre 15 e 24°C. Esta cultura, quando exposta a temperaturas superiores, podem florescer precocemente, o que deprecia o produto;
- Tomateiro, a máxima taxa de assimilação liquida de CO2 (máximo crescimento) é observada sob temperatura entre 25 e 30°C. Temperaturas superiores, além de afetarem o crescimento das plantas, afetam a síntese de licopeno no fruto, deixando-os menos vermelhos. Além disso, a temperatura elevada afeta a translocação de cálcio nas plantas, causando distúrbios fisiológicos tanto em alface (queima das bordas) como em tomate (podridão apical).
Tomada de decisão: - Analise e busca de técnicas e tecnologias que permitam a redução da temperatura do ambiente de cultivo são de grande importância para garantir boas condições para o crescimento das plantas e viabilizar economicamente a produção vegetal.
Casas de vegetação
Nos cultivos realizados em casas de vegetação, a temperatura geralmente é superior a do ambiente externo devido a grande retenção de energia calórica, nível energético menor e maior comprimento de onda que não consegue passar pela cobertura da casa de vegetação. O aumento da temperatura é mais intenso quanto menor for a altura da estrutura da estufa e menor for sua ventilação.
Monitorando e controlando a temperatura
Existem alguns métodos que podem ser aplicados para reduzir os efeitos negativos de altas temperaturas, as novas estruturas agrícolas já vêm sendo construídas com pé-direito** maiores com o intuito de reduzir a formação de um bolsão de ar quente próximo as plantas e aumentar a ventilação, o que remove mais rapidamente essa massa de ar.
**(distancia entre o chão e a base do arco ou da estrutura de suporte do filme plástico)
Algumas estufas também podem conter estruturas que facilitam a saída de ar quente pela parte superior, como as janelas de teto. Uma tecnologia muito utilizada pelos produtores são telas de sombreamento. Seu uso reduz a passagem de parte da radiação solar que atinge as plantas, o solo e as estruturas, contribuindo para a redução da temperatura no interior da estufa.
Outra técnica muito eficiente para a redução da temperatura que vem sendo cada vez mais utilizada pelos produtores é o processo de resfriamento evaporativo. Este processo consiste em reduzir a temperatura do ar por meio da evaporação de água que é aspergida, pulverizada ou que umedece uma superfície porosa. A energia requerida para evaporar a água é suprida pelo ar, que, consequentemente, se resfria e umedece.
Vantagens e desvantagens
- Em algumas situações, os sistemas evaporativos podem reduzir a temperatura do ambiente interno em mais de 6°C em relação a temperatura externa, o que permite a manutenção de uma temperatura mais adequada para o desenvolvimento das plantas, e como efeito, maior produtividade.
Este sistema por ser mais custoso, o que exige, para compensar o alto investimento, que sejam cultivadas espécies de maior valor agregado, motivo pelo qual é mais utilizado na produção de flores. Outra coisa, caso não haja um bom dimensionamento dos exaustores e do painel evaporativo, pode ser formar um gradiente de temperatura e umidade no interior da estufa, causando um desenvolvimento desuniforme das plantas.
Breve descritivo de funcionamento
Há vários sistemas de resfriamento evaporativo, sendo o sistema ‘pad fan’ e a nebulização os mais utilizados para o cultivo de plantas no Brasil.
O sistema ‘pad fan’ exige o uso de ventilação para forçar a passagem de ar através de painéis evaporativos, que são geralmente construídos de material especial de celulose, argila expandida ou outro material poroso, mantidos constantemente umedecidos. – Exaustores succionam o ar do interior da estufa, forçando a passagem do ar de fora para dentro da estufa através dos painéis evaporativos e, consequentemente, reduzindo a temperatura do ar e aumentando sua umidade.
A nebulização, por sua vez, não necessita de ventilação forçada nem de painéis evaporativos, podendo, se bem manejada, permitir um resfriamento eficiente uniforme, de fácil adaptação em ambiente protegido e mais acessível ao produtor em comparação ao sistema ‘pad fan’.
Para um melhor funcionamento do resfriamento por nebulização, as gotas formadas devem ter diâmetro máximo de 10 micras. O tamanho reduzido das gotículas, obtido com nebulizadores de baixa vazão (de até 6,62L/h), facilita a evaporação da água e evita ou reduz o molhamento das plantas.
Entrave: - Um grande entrave do uso da nebulização como forma de reduzir a temperatura é a variação da umidade do ar externo, ou seja, para haver redução de temperatura tem que haver evaporação de água, a ocorrência de chuvas, por exemplo, aumenta a concentração de vapor de água no ambiente (aumento de umidade), o que reduz a evaporação e seu efeito na diminuição da temperatura do ar.
Como consequência, sistemas de nebulização com funcionamento controlado por temporizadores / microcontroladores (acionamento automático programado por tempo) podem causar o molhamento das plantas quando a umidade do ar está mais elevada, uma vez que parte da água pulverizada não será evaporada.
Atenção – A formação de água livre nas folhas, por sua vez, pode aumentar a incidência de doenças fúngicas e bacterianas e reduzir a transpiração foliar, o que, por sua vez, pode reduzir a assimilação de CO2 e crescimento vegetal.
Engenheira Agrônoma na Consultoria Técnica Vendas e Projetos
5 aBoa tarde Carlos Magno. Você é representante nessa área, tenho interesse conversar com você a respeito.