Cultura de inovação resolve?

Nos projetos e debates realizados pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC em parceria com organizações tradicionais e startups, a maioria dos executivos consultados acredita fortemente que o grande instrumento para inovar seria a cultura da inovação. Seria esta a solução?

Dados das nossas pesquisas dos últimos 5 (cinco) anos, utilizando metodologias nacionais e internacionais nos trazem valiosas informações sobre o real processo de transformação cultural e ambiência para inovar.

Primeiro, a cultura da inovação isoladamente não é tão poderosa como imaginada. Nenhuma organização pesquisada consegue inovar pela simples boa vontade e criatividade dos colaboradores. Isto seria um esforço significativo de qualquer indivíduo, com riscos consideráveis para frustração. Gerar novas ideias, sem o devido alinhamento com a estratégia, recursos disponíveis e acesso ao mercado, pode parecer um exercício rumo ao fracasso.

A combinação entre uma estratégia clara envolvendo os valores necessários para a inovação seria o primeiro passo, seguido de processos bem estabelecidos, equipes constantemente treinadas para as práticas da inovação e uma comunicação dos resultados esperados. A real cultura da inovação somente poderia acontecer, se houvesse o direcionamento da liderança, a confiança estabelecida e uma ampla disseminação para as equipes em todos os níveis hierárquicos, sobre o que é gerir a inovação.

Em um segundo momento, acreditar que a cultura das startups seria a grande oportunidade para novas práticas de gestão também é muito perigoso. Startups são empresas iniciantes, sem estruturas de gestão, com equipes pequenas, de baixo capital empregado e com uma enorme proposta de transformação global, mas que na maioria das vezes não têm resultado positivo. Ainda são poucos os resultados de startups vencedoras, ainda mais no contexto brasileiro. Vale a pena ressaltar que a taxa de mortalidade das startups no Brasil é muito alta, tendo relação direta com os modelos de gestão e ambiente econômico.

Para as organizações tradicionais, o aprendizado com as startups deveria ser ampliado. Talvez, pensar na inovação aberta pudesse ser mais vantajoso. Ou seja, estruturar parcerias com startups, universidades, institutos de ciência e tecnologia, especialistas, com fornecedores e clientes resultassem em um maior aprendizado e consequentemente a inovação.

Conclui-se que a verdadeira cultura da inovação é um somatório de iniciativas conectadas. Isto é, um total formado por: uma estratégia coesa e compartilhada pela comunidade, apoio dos processos de gestão (ágeis e simples de serem executados), autonomia, capital para investimentos, novos valores organizacionais, equipes treinadas, o estabelecimento de parcerias e um novo modelo de aprendizado. Do contrário, acreditar em uma nova cultura por si só, seria o mesmo que se basear em um filme de ficção científica. 

*Este artigo teve a colaboração de Rodrigo Penna e Igor de Oliveira, pesquisadores do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC.

Muito bom o artigo! Inovação : Estratégia + Planejamento + Incentivo à Criatividade + Foco no Negócio + Recursos

Ricardo Magnani

Diretor técnico | Parque Tecnológico Santo André

6 a

Muito bom artigo Hugo e Igor. Realmente incentivo a cultura de inovação, sem estrategia e processos joga contra a inovação.

Fabio Munhoz

Gestão Comercial Marketing Negócios Pricing Produtos

6 a

Muito bem construído e verdadeiro esse contexto de inovação aqui no Brasil. Parabéns Hugo

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