A cultura de segurança do paciente na Odontologia Suplementar
A cultura de segurança do paciente na Odontologia Suplementar
O tema é amplamente discutido no Brasil e no mundo sobretudo em hospitais e serviços terapêuticos de alta complexidade. Na odontologia o assunto ainda é incipiente. São poucos os estudos e experiências relativas ao gerenciamento de eventos adversos seja no âmbito público ou privado.
Não há dúvidas de que a qualidade do serviço prestado em saúde deveria se encontrar intimamente ligado a um cuidado seguro. A prática odontológica é eminentemente invasiva, sendo assim, o investimento na cultura organizacional e na implementação de medidas voltadas para um cuidado mais seguro, são imprescindíveis para o aprimoramento da segurança do paciente.
A realização de uma assistência com qualidade e ausência de riscos e falhas, assumiu grande visibilidade na Saúde Suplementar. A ANS, agência reguladora, incentiva a adoção de práticas seguras através da Acreditação em Saúde. A segurança em saúde é definida pela OMS como :“a redução do risco de danos desnecessários durante os processos assistenciais e uso de boas práticas para alcançar os melhores resultados para o cuidado de saúde”.
A RN 452 desafia todo setor a adotar o Plano de Segurança do Paciente, documento exigido para os estabelecimentos de saúde, desde a publicação da RDC nº36/2013 da ANVISA, estabelecendo estratégias e ações para a gestão de risco conforme as atividades desenvolvidas pelo serviço, com o objetivo de avaliar, monitorar e comunicar os riscos. O gerenciamento deve ser realizado pelos Núcleos de Segurança, grupos técnicos, multiprofissionais, com expertise e sensibilidade na condução dos processos ligados à assistência e a experiência do cliente. Os profissionais têm sido estimulados a comunicar e discutir com seus colegas, e com a própria instituição, de maneira que cada evento seja analisado e que recorrências sejam prevenidas.
Entre as abordagens mais indicadas estão o desenvolvimento de indicadores para mensuração e monitoramento do nível de segurança, com o propósito maior de identificar oportunidades de melhoria e orientar a tomada de decisão. No modelo atual de gestão de operadoras de saúde, a área da Qualidade é a indicada para este papel de catalisador deste movimento contínuo, de busca pela excelência na prestação do cuidado.
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A experiência da Acreditação reforça a aplicabilidade dos protocolos clínicos, baseados em evidências científicas, a partir da premissa de redução da variabilidade do manejo clínico e, consequentemente, maior previsibilidade de resultados. Se somarmos a isso, as inovações tecnológicas, através de análises preditivas, inteligência artificial e big data, podemos construir modelos inovadores de prestação do cuidado odontológico seguro, eficaz e economicamente viável.
O incentivo ao uso de indicadores para monitoramento da qualidade e da segurança do paciente pelos prestadores, nos remete a outro desafio: adoção de novos modelos de remuneração, baseados em desfechos clínicos, em valor e excelência no atendimento. Mas isso já é assunto para outra oportunidade.