A cultura do "quase" feedback.

A cultura do "quase" feedback.

Estou dando início a uma Newsletter, que buscarei alimentar com conteúdos quinzenais. Para começar, abordarei um tema bastante recorrente em nossas organizações: o feedback.


A palavra mais triste do vocabulário:

Certa vez, participei de uma discussão em um fórum online sobre qual seria a palavra mais triste do vocabulário. A discussão me interessou e comecei a ler os comentários. Uma resposta em particular chamou minha atenção: alguém afirmou que, em sua opinião, a palavra mais triste era "quase".

Outra pessoa perguntou: "Quase, mas por que quase?" E o autor do comentário respondeu: "A palavra 'quase' representa o fracasso. Eu quase bati a meta. Eu quase consegui o resultado. Eu quase cheguei a tempo. Eu quase consegui a vaga". Ou seja, é a expressão de alguém que entende que fez muito, mas ao mesmo tempo não conseguiu nada.

Refletindo sobre isso, percebi outro aspecto ainda mais triste para essa palavra: ela não explica o motivo do insucesso. "Você quase conseguiu fazer o que deveria ter sido feito". Certo, mas por que não conseguiu? O que faltou? Teria como o resultado acontecer de forma diferente?

O "quase" feedback:

No mundo corporativo, o "quase" está muito presente. Poderíamos citar diversos contextos em que essa palavra aparece, mas hoje quero falar sobre a "cultura do 'quase' feedback", algo comum no ambiente corporativo atual e que considero ainda mais prejudicial do que a falta total de feedback.

Você já recebeu ou deu algum feedback durante sua jornada profissional? Suponho que sim, certo? Agora, avalie esse feedback e pense: ele foi produtivo? Às vezes, o colaborador é chamado para receber um feedback e sai da sala mais confuso, perdido e frustrado do que antes, impedindo e bloqueando ainda mais seu desenvolvimento e crescimento profissional. Já aconteceu com você?

É isso que chamo de "quase" feedback. É aquele feedback que expõe que a pessoa não atingiu o rendimento necessário, mas apresenta apenas o fracasso. Não explica o que poderia ter sido feito nem o que era esperado diante daquela situação. O colaborador entende que não fez o desejado, mas sai ainda mais confuso da reunião, pois agora, apesar de saber que chegou "quase lá", não sabe como prosseguir e como melhorar aquela realidade.


Mas como transformar o "quase" feedback em feedback?

Elaborei uma lista com cinco passos que podem contribuir nesta jornada:

1. Foque na solução, não no problema:

Durante um feedback, é comum apontar o que a pessoa fez de errado, mas nem sempre fica claro o que poderia ter sido feito de diferente. Enquanto gestor, use seu conhecimento para que o colaborador entenda, de forma clara, o que era esperado que ele tivesse feito. Por exemplo, ao invés de dizer "Você não cumpriu o prazo do projeto", pergunte "O que poderia ter sido feito para cumprir o prazo do projeto? Como podemos melhorar o planejamento para a próxima vez?"

2. Evite generalizações:

Concentre-se em exemplos reais, claros, específicos e concretos de comportamentos e resultados, seja do que foi positivo ou do que precisa ser melhorado. Por exemplo, se você pretende dar um feedback a um colaborador que chega sempre atrasado, não diga apenas: "Você sempre chega atrasado!" diga algo como: "No dia XX, você chegou atrasado e isso causou atraso no início da reunião com o cliente, gerando uma imagem negativa da nossa empresa e do nosso comprometimento com a entrega. O que podemos fazer para evitar que isso se repita?"

3. Estabeleça metas claras e tangíveis:

Defina com o colaborador o que precisa ser feito para seu desenvolvimento pessoal e para melhorar o resultado negativo que deu origem ao feedback. Por exemplo: Você fez menos cold calls do que o esperado no último mês. "Vamos tentar trabalhar a meta de x ligações por dia nos próximos 30 dias? O que você acha que podemos fazer para garantir esse resultado? Que tal compartilharmos algumas estratégias para ajudá-lo a alcançar essa meta?"

4. Encoraje um diálogo aberto e bidirecional:

Permita que o colaborador expresse suas opiniões, considerações e preocupações sobre o tema. Às vezes o problema pode estar sendo causado por algo que não está no controle do colaborador, ou ainda, por mais que esteja sob seu controle, não tem a origem que você inicialmente pensava. Por exemplo: Um colaborador não está atingindo a meta. Talvez você considere que ele está desmotivado ou desinteressado, mas através de um diálogo de feedback adequado, você pode vir a descobrir outra origem. Além disso, poderá contribuir de modo mais assertivo para a resolução do problema.

5. Acompanhamento e suporte:

Após a definição dos meios para solucionar o problema, é importante que o gestor esteja presente para auxiliar na resolução do problema. Se o colaborador perceber que o gestor realmente se preocupa com ele, isso elevará seu grau de comprometimento e satisfação com a solução tomada, favorecendo assim o desempenho e a continuidade de sua execução a longo prazo.

E aí? Acha que essa lista faz sentido para você? Ainda está em dúvidas sobre como implementar uma boa cultura do feedback? Quer implementar este conteúdo na prática?


Aplicando um feedback correto na prática:

Criei um material que vai ajudá-lo e vou disponibilizá-lo de forma GRATUITA para quem quiser, disponível para download a seguir: Um Canvas de Feedback. Nele você tem um passo-a-passo muito claro sobre como implementar a cultura do feedback na sua organização, melhorando o resultado e a performance da sua equipe.

Clique aqui e faça o download do material, e dê o primeiro passo para utilizá-lo na prática em sua organização. O Canvas foi feito em Excel, e para utilizá-lo, basta substituir as informações nas células pelas informações pertinentes ao feedback que deseja dar. Ele cobre todas as etapas listadas aqui, e servirá para dar uma visão clara sobre os reais pontos de melhoria! Caso tenha dúvidas sobre a ferramenta, não hesite em me mandar uma mensagem. Terei prazer em ajudar!

E aí? Gostou do conteúdo? Faz sentido para você? Comente abaixo o que achou, e quais são as suas experiências com relação a feedbacks. Peço também que se inscreva na Newsletter, compartilhe com seus contatos que possam se interessar pelo conteúdo e acompanhe as novidades. Até mais!

Ary Dias

Proprietário(a), M. Dias Edificações, Consultoria e Assessoria Ltda.

1 a

Excelente tema Luís André. Por mais experiente que seja o executivo, muitas das vezes ele se perde ao dar um feedback. Alguns acham que é a hora de chamar a atenção do orientado e joga suas diferenças sobre a pessoa. É preciso entender que o feedback é uma oportunidade de ajudar alguém a crescer no campo profissional e também, se você for capaz, no pessoal. Por outro lado o orientado precisaria entender que está diante de uma grande oportunidade de melhorar e criar focos em sua carreira.

Caio Napole

Management Intern | Procter & Gamble

1 a

Iniciativa fantástica! 👏🏾

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