A cultura no jornalismo cultural

O intuito inicial do jornalismo é noticiar a população sobre assuntos pertinentes ao seu cotidiano, de forma a contribuir na convivência e cumprimento de leis e normas. É evidente que essa definição foi expandida para outros aspectos, entre eles cultura, esporte, entretenimento e educação. O conceito de Cultura é tão vasto que chega ser difícil de colocar em palavras e todas essas outras áreas do jornalismo poderiam ser resumidas como Cultura. Para continuarmos podemos seguir com a ideia de que cultura é tudo produzido pelo ser humano, seja física ou intelectualmente.

No entanto, o jornalismo atribui o valor de artes e entretenimento à Cultura, ao anunciar um show musical, peça de teatro, filmes, festivais e exposições. Bom, errado não está; mas Cultura é muito mais! Analisando o caderno de cultura de um jornal de alta circulação de Belo Horizonte concluímos que a “cultura” empregada é uma forma elegante de dizer “consuma”. As editorias, que não é boba nem nada, por sua vez enxergam o lado comercial e muitas vezes vendem seu espaço para tal. Problemas atuais de uma sociedade líquida como criticado pelo sociólogo Zygmunt Bauman.

A editoria de um jornal e revista nunca faria falaria, portanto propaganda, de uma obra que já foi lançada ou exibida tempos atrás; possivelmente fosse encontrada de graça na internet. Caso o intuito fosse o ideal inicial, e romântico, de informar ou contribuir para formação do cidadão quanto pessoa intelectual, pensante e independente das suas ações em sociedade, por que não incentivar o consumo de clássicos da literatura brasileira? Divulgação científica? Poesia? Mesmo que se contra-argumentasse a respeito da linguagem difícil ou dos direitos autorais das obras, ainda assim, há outros caminhos.

Por muito tempo a internet era mal vista aos olhos de empresários por viabilizar obras de graça sem pagar nada ao dono daquele conteúdo. Blogs, redes sociais e Youtube, hoje como nunca, faziam o papel da rebelião contra o sistema consumista.

A questão não é pagar pela cultura, é a forma que está sendo feita. Quem tem condição, paga; quem não tem, o governo provê ... .ou deveria. E a real divulgação da cultura acontece dentro das cidades, entre pessoas, no boca a boca. Na família, do tio ao sobrinho, do avô ao neto, dos pais ao filho.