A CULTURA JUVENIL EM SALA DE AULA
Nós estamos inseridos em uma sociedade da cibercultura, a cada dia temos novas informações e essas por sua vez, são aprendidas de uma forma extremamente rápida e de enorme interesse pelos jovens, diferente do currículo escolar e os métodos utilizados nos dias de hoje, essas tecnologias e informações são apresentadas de uma forma sedutora e irresistível.
Porém, no meio de tantas informações, seja pela televisão ou pela internet, muitas vezes não temos tempo ou condições de aprofundarmos sobre tal assunto, fazendo com que o professor, em sua maioria das vezes, fique em dúvida em relação a como aproveitar ou não estas inovações tecnológicas.
O professor do novo milênio é aquele que não tem medo de ousar, que vê o jovem e sua cultura, não como algo que lhe cause pânico ou insegurança. Ele também é aquele que percebe o quanto as inovações tecnológicas que estão presentes entre os jovens e sua cultura precisam ser veiculadas em sala de aula. (CAMPOS, 2010).
Cabe então ao professor da EJA a função educativa no sentido de ver o jovem como sujeito capaz de interagir e influenciar o ambiente em que vive, com criticidade, autonomia e capacidade de se organizar, construindo uma cidadania consciente e responsável.
Com isso, faz-se necessário a organização de um currículo visando desenvolver os chamados pilares do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Esses quatro pilares da educação são conceitos de fundamento da educação baseados no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors.
Aprender a conhecer: significa organizar maneiras para que o aprender seja um processo constante, que o aluno tenha a aspiração de continuar fazendo pesquisas, novos cursos, etc., depois do egresso na EJA. É necessário estimular o prazer de compreender, de conhecer e de descobrir. É preciso que os jovens e adultos sejam estimulados a descobrir o prazer de aprender, de estudar. Que sirva de estímulo para a vontade de se aperfeiçoar e fazer novos cursos.
Dá-se aí a necessidade de um diálogo entre o trabalho do professor da EJA com conhecimento prévio que esse aluno traz para dentro da sala de aula. Então é diferente de repor aquele conteúdo de quando ele estava na 4ª ou 6ª série, como se a vida desse sujeito tivesse congelado, como se ele não tivesse outras necessidades, novos conhecimentos.
Aprender a fazer: aprender a conhecer e o aprender a fazer são indissociáveis, ou seja, um depende do outro. No entanto, o aprender a fazer está imbricado com a formação profissional do indivíduo. É a partir do que aprendeu que o indivíduo poderá colocar em ação os seus conhecimentos até então adquiridos.
Aprender a conviver: é aprender a viver com os outros, é ampliar o entendimento do outro e respeitar as individualidades. É desenvolver projetos comuns, e achar maneiras para administrar conflitos interpessoais. Acreditamos que o desafio de aprender e ensinar a viver com as diversidades de pessoas e pensamentos, é um dos maiores desafios da educação, pois a maior parte da nossa história é marcada por guerras e conflitos decorrentes da impossibilidade da convivência e da administração de conflitos por outra via que não a violência. Porém, a diversidade deve ser encarada como forma rica de crescimento individual e coletivo, representando a oportunidade de aceitar e respeitar o indivíduo independente de suas convicções e diferenças.
Aprender a ser: implica o desenvolvimento pleno do indivíduo, a responsabilidade, a sensibilidade, o sentido estético, a espiritualidade, o discernimento e a sensibilidade de atuar em distintas situações, de ser questionador e independente.
A necessidade de novas técnicas, metodologias e materiais de apoio é um desafio, portanto, e implica um novo posicionamento do professor e da escola. Andrade (2004) esclarece que,
é essencial que os processos de formação de professores procurem conhecer as diferentes formas de atendimento da EJA, seus sujeitos, cotidianos e, fundamentalmente, pensar as possibilidades de um dia a dia promissor para todos aqueles que encontram nessa modalidade educativa, muitas vezes, a última chance de escolarização.
Trecho do Artigo "A Tecnologia na Educação de Jovens e Adultos", por: Aryane de Lima, Amanda Fiocello de Araújo, Ludmila Tamara de Souza e Rosângela Branca do Carmo, apresentado no XIII Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância e no II Congresso Internacional de Educação Superior a Distância, em Setembro de 2016.