Cultura Organizacional

Cultura Organizacional

 

                                                                                  Normando Mascarenhas e Correia[1]

 

Resumo: Este artigo tem como objetivo discorrer acerca da cultura organizacional, principalmente no Brasil, bem como as possibilidades de mudá-la frente às evoluções sociais internas.

 

Palavras-chave: Cultura – cultura organizacional – mudança social - Brasil – qualificação profissional – transformação.

 

 Desde os primórdios da humanidade, o homem encontra-se imiscuído em agrupamentos organizacionais, que em diferentes momentos históricos impõem um determinado comportamento social, cabendo ao homem segui-lo ou rejeitá-lo. É o que a doutrina qualifica como cultura organizacional, a qual pode ser conceituada como valores, crenças e atitudes reiteradas e difundidas dentro de uma determinada organização, orientando o seu comportamento.

 Cada sociedade possui sua identidade própria, ou melhor, a sua cultura, fruto de convenções, costumes transmitido ao longo dos anos àqueles que se encontram diretamente tocados por ela, no entanto, por não ser imutável, a cultura é cíclica, o que impõe ao homem novos comportamentos que sejam compatíveis com as novas mudanças. O que não era aceitável no passado, hoje o é, contudo cabe ao homem, diante dos novos direcionamentos, aceitar ou rejeitar as novas mudanças culturais.

 Para Shein, a cultura organizacional possui a função de orientar a integração do indivíduo à organização, procurando solucionar os problemas advindos desse processo. É necessário observar que a cultura organizacional está intrinsecamente ligada à cultura geral da sociedade.

 No mundo corporativista não é diferente: este deve acompanhar as necessidades de uma sociedade pós moderna cada vez mais sedenta por novidades e bens de consumo compatíveis com seus anseios. Contudo, as grandes empresas, que antes apenas se preocupavam com a produção, hoje têm voltado a sua atenção para aqueles inseridos em suas dependências internas, ou seja, seus subordinados, haja vista que, ainda que óbvio, funcionários valorizados e inseridos em espírito de equipe produzem muito mais.

         O que diferencia o Brasil de uma potência mundial, por exemplo, Estados Unidos, país este com elevado índice de produtividade, é o grau de qualificação educacional. Não adianta investir em máquinas se aqueles que irão operar as mesmas não possuem qualificação técnica nesse sentido, aclarando de forma patente o abismo educacional. Infelizmente, as oportunidades à disposição dos brasileiros são inversamente proporcionais, destoando, inclusive do ideal da justiça distributiva imposta pela régua aristotélica: quem tem mais acaba tendo acesso aos melhores meios de instrução educacional, ao passo que a grande maioria fica à mercê de um sistema público educacional sucateado.

 Tal situação, quer queira ou não, acaba influenciando o grau de riqueza de uma nação, posto que um país que investe em educação e qualificação daqueles inseridos no mercado de trabalho, alavanca sua produtividade o que acaba aumentando o seu PIB (Produto Interno Bruto) e, consequentemente, as divisas do país. Em grau de produtividade, o trabalhador brasileiro está inserido na colocação de 75º (The Conference Board, 2013), estando atrás de países caribenhos e, inclusive, de alguns oriundos da América do Sul.

 Além da baixa qualificação dos trabalhadores, o que acaba influenciando numa produtividade aquém, a cultura organizacional do Brasil ainda encontra-se arraigada a comportamentos dos séculos passados: centralização da liderança e, consequentemente, distanciamento entre os diversos grupos inseridos dentro do mesmo ambiente; ambiente paternalista; a existência do “jeitinho brasileiro”; falta de disciplina, dentre outras características. Ou seja, os gestores encontram-se inseridos numa relação onde o profissional mistura-se com o pessoal.

 Infelizmente, impende ressaltar que o que acontece dentro das dependências internas de uma empresa é a reprodução fidedigna do que acontece do lado de fora: se o individuo está embutido numa sociedade racista, preconceituosa, que exala o espírito da impunidade e corrupção, fatalmente ele trará para o seu ambiente de trabalho tais pensamentos, os quais podem influenciar o seu comportamento social.

 O Brasil tem passado por mudanças sociais significativas, contudo ainda a passos de tartaruga, haja vista que o novo ainda choca o que incomoda a parcela da sociedade detentora, não só do poder econômico, mas também responsável pela gestão e direcionamento do país.

 Imperioso ressaltar que, mesmo com as incertezas que cirandam o sistema macro da sociedade brasileira, é possível mudar a cultura organizacional vigente através de uma transformação de dentro para fora. Apesar de o sistema educacional brasileiro ser excludente, o que pode influenciar no grau de produtividade do trabalhador, as grandes empresas, por meio de uma gestão participativa, pode qualificar este profissional.

 Com uma política de qualificação profissional, valorização do trabalho, assim como ter sensibilidade de ouvir os profissionais envolvidos na cadeia de produção, é plenamente tangível a mudança na cultura organizacional vigente ainda no Brasil.

 

 

[1] Bacharel em Contabilidade pela Faculdade Anísio Teixeira (FAT). Bancário. Pós graduando em Controladoria e Finanças – Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC.



Normando Mascarenhas e Correia

Gerente de Relacionamento no Banco do Nordeste do Brasil S.A

8 a

Marcelo Ferreira, obrigado pelo elogio! Forte abraço, irmão!

Marcelo Ferreira ∴

Economista | Bancário | Educador Financeiro | Professor | Autor | Ex-Conselheiro Deliberativo e Ex-Conselheiro Fiscal do E. C. Bahia

8 a

Normando, de fato a cultura organizacional de uma empresa é reflexo dos seus valores internos e dos valores do meio onde ela está inserida. Promover mudanças neste tocante requer tempo, paciência e persuasão. Parabéns pelo interesse no tema e pela análise apresentada no texto.

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