Cursar Auxiliar, Técnico ou Graduação em Enfermagem direto?
Foto autorizada de Karine Machado. Técnica de Enfermagem e graduanda em Enfermagem.

Cursar Auxiliar, Técnico ou Graduação em Enfermagem direto?

Qual o certo? Qual o melhor caminho? Como decidir?

Frequentemente ouço estas perguntas e como tive a oportunidade de atuar no ensino profissionalizante (auxiliar e técnico de enfermagem) e atualmente estou na graduação, pós-graduação, palestras e cursos livres, tenho algumas considerações.

Vamos a primeira questão: qual o certo?

Não tem certo. Ou melhor, não tem errado.

Ao se verificar a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem

está claro que são formações independentes . Não existe um caminho obrigatório entre o ensino profissionalizante e a graduação. Você pode optar por começar por onde entender que é o melhor caminho.

  • Formar Auxiliar de enfermagem - prosseguir ao Técnico de enfermagem
  • Formar Auxiliar de enfermagem - prosseguir à graduação
  • Formar técnico de enfermagem - prosseguir à graduação

Claro que não há obrigatoriedade de prosseguir à outras formações. Se optar por estudar o Auxiliar de enfermagem e ter outros projetos de vida. Ótimo. Assim como o técnico de enfermagem. O importante é ter a clareza que são formações independentes.

É comum a pergunta para quem fez/faz a graduação: Você também fez/atua como Auxiliar ou Técnico? Trata-se de uma pergunta que no universo da enfermagem faz sentido porque é o caminho de muitos profissionais. Mas não é obrigatório. E não significa que o enfermeiro que não fez ensino profissionalizante tem desvantagens sob quem fez este ensino. É relativo e vocês podem ou não concordar. Explico.

A graduação em enfermagem contempla e aprofunda todos os conhecimentos passados aos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e possibilita a realização de todos os procedimentos cabíveis a profissão que encontramos na legislações como "privativa do enfermeiro" e acrescenta outros conhecimentos e responsabilidades como o gerenciamento. Quando um graduando em enfermagem teve a oportunidade de atuar como Auxiliar ou Técnico as experiências contribuem fortemente para esta nova atuação, com destaque para a realização de procedimentos que possibilita a destreza.

Mas, se houve apenas a formação e por inúmeros motivos não houve atuação, o cenário muda. Muito é aproveitado nos semestres iniciais da graduação, depois são novos aprendizados.

E se eu for para a graduação direto? Ok. Serão outros desafios e haverá necessidade de dedicação, paciência, persistência para o desenvolvimento das habilidades não apenas técnicas, mas gerenciais. É uma equipe.

Fiz graduação direto na Escola de Enfermagem da USP. Aprendi a puncionar bebês apenas na prática com uma auxiliar de enfermagem, no pronto-socorro infantil. Nunca havia feito antes. E tudo bem. Mas é preciso ter humildade e reconhecer que se trabalha em equipe.


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Lembro até hoje que quase matei esta auxiliar do coração rsrsr quando fui procurá-la super feliz, chamando alegremente por ela (entenda-se pulando rsrs), porque tinha conseguido várias punções em bebês seriamente comprometidos e agradeci à ela por ter me ensinado.

Vamos a segunda questão: Qual o melhor caminho?

Depende. Calma rsrs vamos lá.

Coloco uma sequência de perguntas para ajudar:

  • Qual contato que você tem com a área? Não, pessoas de fora que não conhecem ninguém da área, não sabem o que a Enfermagem de fato faz. E particularmente, idealizei e criei o podcast Nursecast Brasil com este objetivo. #recomendo
  • E se você acompanhou um paciente ou cuidou de alguém, fazendo-o se aproximar ou quem sabe (se a experiência foi boa) se apaixonar pela área, saiba que cuidar como cuidador é bem diferente que cuidar enquanto profissional. Mas você está sensibilizado e sabe o que quer.
  • Quais são suas condições financeiras? É possível pagar que tipo de curso? Profissionalizante, com valor menor por menos tempo (até 2 anos), ou graduação, valor mais elevado por 4 ou 5 anos? Claro que sempre procuro ensino de qualidade gratuito para as duas possibilidades e sim, eles existem.
  • Não há como negar que a enfermagem possibilita uma ascensão na carreira e salarial rápida comparada a outras profissões.
  • Como é sua família e rede de apoio? Não se enganem. família e companheiros ficam felizes nos extremos: ao entrar e ao concluir (alguns nem isso). Quando acompanham a jornada de estudos e dedicação, nem sempre apoio vem. É preciso ter garra.
  • Qual o seu planejamento financeiro? Quanto você quer ganhar ? Quanto mais se estuda, maior o salário e claro, as responsabilidades. Apesar de ainda estar em votação o teto salarial (bora votar né gente, link abaixo: Projeto de Lei n° 2564, de 2020: instituir o piso salarial nacional do Enfermeiro, do Técnico de Enfermagem, do Auxiliar de Enfermagem e da Parteira), o enfermeiro ganha mais que auxiliares e técnicos. Não se esqueçam que as responsabilidades são outras. É ele quem reponde legalmente por toda a equipe, além dos pacientes e acompanhantes, é claro.


  • Auxiliares e técnicos que estão atuando, observem um profissional enfermeiro de excelência e converse sobre a atuação. Você se imagina fazendo isso?
  • Se você já almeja algum campo de atuação ou quer atuar em outro país, isso pode te orientar, pois há setores que apenas enfermeiros podem atuar. Ou se a dúvida é, você sendo Auxiliar de Enfermagem, fazer o técnico de enfermagem, há setores que apenas o técnico pode atuar e claro, ganha mais que o Auxiliar. Não estou aqui falando de instituições que querem o técnico pelo conhecimento e contratam como Auxiliar pagando menos.
  • Mercado de trabalho. E aí? Flutua bastante e é preciso entender o contexto. Primeiro emprego é um desafio independente da formação. Há momentos que na região que você mora contrata-se mais rapidamente auxiliares e técnicos e há outros que enfermeiros na mesma velocidade. Ultimamente, tenho observado a inserção de auxiliare e técnicos mais rápida que enfermeiros. Não disse que enfermeiros não entram, apenas tirei uma foto atual. Não é ma regra. Com boa formação, você irá entrar no mercado de trabalho. Não entrarei no mérito dos índices de desemprego aqui tá?

Estas perguntas irão te ajudar a ver qual caminho tomar. Percebe a lógica? Não há certo ou errado. Existe planejamento e olhar a realidade. Qualquer que seja o caminho será desafiador, pois a área é assim. A Enfermagem é uma Ciência que exige muito estudo, desenvolvimento de autoconhecimento e habilidades que nem imaginávamos ter que desenvolver para exercer esta profissão.

Terceira e última questão: Como decidir?

Volte e responda as questões rsrsr. É sério, é necessário. Leia sobre campo de atuação, converse com profissionais. Não garanto que será fácil, pois se você verdadeiramente quer ser um profissional focado no paciente, terá diversos desafios e precisa se dedicar muito. Mas a recompensa...... ah... certamente ela virá!

Espero que eu tenha conseguido contribuir.

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Link para o livro:


Abraços a todos.


Graduação em enfermagem

Sinceramente: com o "reconhecimento" que sempre tivemos, faça outro curso.

Vera Gonçalves

Gestão Saúde Coorporativa / Gestão Saúde Ocupacional / Gestão de Saúde

4 a

Você como sempre trazendo grandes reflexões! Eu iniciei como auxiliar de enfermagem, minha mãe era atendente de enfermagem (hoje enfermeira especialista em saúde pública - área vacinação, mas já aposentada). Eu não fiz o técnico e em seguida fui pra graduação, onde no último estágio conheci a enfermagem do trabalho, me apaixonei, me especializei e estou até hoje!

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