Dê o Primeiro Passo
O surgimento e proliferação do Coronavírus pegou a humanidade de surpresa e as medidas para o seu combate acabaram por acelerar processos de mudanças que são muito necessários. É fundamental analisar o cenário atual com uma visão sistêmica para entendermos as relações entre disseminações de vírus de alta contaminação e as mudanças climáticas.
O surgimento do vírus por si só (considerando que sua origem é natural e não fabricada) é uma manifestação de desequilíbrio de sistemas; uma alteração no fluxo de uma cadeia multinível onde um nível impacta no subsequente e assim sucessivamente, surgindo assim novos resultados. Olhando por este ângulo, poderíamos resumir de forma simplista que a alteração do equilíbrio do sistema resultou numa deformação microbiológica que originou a proliferação do coronavírus em humanos. As mudanças climáticas operam exatamente da mesma forma. A diferença está apenas na velocidade que um e outro acontecem. Consequentemente, a velocidade de combate e de resultados são diretamente proporcionais.
Há outra similaridade entre esses dois fenômenos: ambos são invisíveis. O cérebro humano, em sua natureza, só consegue tangenciar aquilo que é captado por um de seus 5 sentidos. É uma reação natural de um dispositivo cerebral protetivo e automático cujas funções são economizar energia e garantir a sua sobrevivência. Nos animais irracionais, esse dispositivo funciona muito bem. No caso dos humanos, a ativação desse dispositivo é imprescindível em casos de urgência extrema, mas muito prejudicial para ser ativado em processos evolutivos ou em quebras de paradigmas.
A invisibilidade do coronavírus inclusive é, na minha visão, o principal motivo da sua proliferação em massa. Se espalha porque as pessoas não sabem que estão contaminadas. Governos demoraram muito a tomar atitudes severas porque não achavam que o vírus havia se instalado em seus países, nem que seria altamente contagioso e de grave impacto na saúde humana. E por fim, a população que hoje se sente “encarcerada” em seu próprio lar tem a concepção de que os governos estão tomando atitudes extremas e exageradas. Os comércios, bares, shoppings, etc só fecharam exatamente porque os governos sabem que a população não ficaria em casa apenas com a medida de trabalho remoto em casa.
A invisibilidade dos impactos ambientais e das mudanças climáticas seguem o mesmo padrão. A população não muda hábitos, de maneira geral, porque sequer tem consciência do que é certo ou errado, ou mesmo de como errar menos, digamos assim. Não tem porque não há nenhum país que desenvolveu políticas públicas neste sentido. Talvez governos ainda não tenham essa consciência também. O Movimento que temos visto são iniciativas do setor privado. Uma fração pequena que enxergou na Economia Regenerativa uma saída viável para inverter a curva de impactos e continuar ainda com crescimento econômico.
Segundo a ONU, o planeta tem apenas 10 anos para migrar do sistema econômico em que estamos para um sistema de economia regenerativa; um sistema fundamentado numa estrutura de sociedade resiliente, regenerando ativos de capital e ao mesmo tempo contribuindo para o nosso bem estar e do planeta. A chave para essa transição está na economia circular que levará naturalmente para a Bio economia.
Conforme Elizabeth Sawin, co-diretora do Climate Interactive , um think tank, “tanto a pandemia quanto a crise climática são problemas de crescimento exponencial contra uma capacidade limitada de gerenciamento. O crescimento das emissões sobrecarregará nossa capacidade de gerenciar consequências como secas, inundações, incêndios florestais e outros eventos extremos.”
O vírus mostrou que, se você esperar até ver o impacto, pode ser tarde demais para detê-lo.
E o que nós podemos aprender com o alerta vermelho disparado pelo coronavírus? Segundo Gernot Wagner, economista climático da Universidade de Nova York e co-autor do livro Climate Shock, “o COVID-19 é o clima em alta velocidade. Tudo com o clima são décadas, com o covid são dias; As mudanças climáticas são séculos, com o coronavírus são semanas."
Portanto, eu convido à todos os setores ( governamental, privado e sociedade informal) a darem o primeiro passo. Aproveitar este momento de introspecção e busca de soluções para começar imediatamente a tomar iniciativas regenerativas, mudanças de hábitos, conceitos, mentalidade, e tudo o mais que leva a humanidade à destruição. Toda a inércia é um desserviço para à Obra Divina.
Abriu-se uma janela de oportunidade, não deixemos que ela se feche sem tirarmos algo positivo de tudo isso.
Ana Maria Arsky
4 Hábitos Para Mudar o Mundo
Project Manager - Architect
4 aTexto muito bom! 👏🏿👏🏿