Dados sugerem início de ano forte no mundo.
Apesar da volatilidade dos mercados financeiros, vários indicadores apontam melhora substancial no sentimento sobre a economia mundial para o primeiro trimestre do ano, refletindo a aceleração da retomada sincronizada de países desenvolvidos e emergentes. Na Alemanha, o Instituto Ifo publicou ontem o seu "World Economic Climate" (WES), cujo indicador pulou de 17,1 pontos para 26 pontos entre o último trimestre de 2017 e o primeiro de 2018. Trata-se do maior nível de confiança global desde o outubro de 2007. Segundo o Ifo, ao contrário das estatísticas oficiais, que são feitas principalmente em torno de informações quantitativas, seu indicador leva em conta informações qualitativas, ou seja, avaliações e expectativas de 1.199 especialistas econômicos de 120 países. Além da avaliação bem mais positiva sobre a economia global no primeiro trimestre de 2018, eles demonstram "melhora excepcional" em suas expectativas.
A atual situação econômica e expectativas melhoraram nos EUA, União Europeia (UE) e economias emergentes e em desenvolvimento da Ásia. Na América Latina, a avaliação sobre a conjuntura melhorou muito, mas as expectativas pioraram com as incertezas políticas. Brasil e México, as duas maiores economias da região, terão eleições presidenciais neste ano. Para especialistas consultados pelo Ifo, as taxas de juros de curto e longo prazo poderão subir nos próximos seis meses. Já o comércio mundial deve ter forte retomada. O mais recente Indicador de Perspectiva do Comércio Mundial (WTOI), publicado nesta semana pela Organização Mundial do Comércio (OMC), diz que a retomada do comércio global ocorrida em 2017 deverá continuar, com expansão sólida do volume de mercadorias neste primeiro trimestre. O WTOI visa dar informações em tempo real sobre a evolução das trocas globais.
O valor atual do indicador, de 102,3, é quase idêntico ao de 102,2 de novembro de 2017. Quase todos os índices que compõem o WTOI são favoráveis. O tráfego de contêineres nos portos (104,3) e de frete aéreo de cargas (103,2) estão acima da tendência, o que indica alta no fluxo comercial, diz a OMC. As encomendas de exportações (102,8) estão no nível mais alto desde 2011, indicando recuperação sustentável. Ao mesmo tempo, porém, há resultados mais fracos para a indústria automotiva (101), as matérias-primas agrícolas (100,8) e os componentes eletrônicos (94,1), o que poderia indicar alguma queda na confiança dos consumidores.
Para o banco suíço UBS, a era do dinheiro barato e fácil parece estar chegando ao fim, mas o endurecimento monetário reflete a solidez da economia mundial, mais do que preocupações com a inflação. O Banco Central Europeu (BCE) começou a reduzir pela metade o ritmo de compras de títulos de dívida. O Federal Reserve (o BC dos EUA) quer diminuir seu balanço. E bancos centrais menores consideram elevar ou já elevaram as taxas de juros, incluindo o Banco da Inglaterra, o Riskbank (Suécia) e o BC da Coreia do Sul. No entanto, o UBS nota que a inflação ainda não atingiu as metas estabelecidas pelos BCs. O núcleo da inflação na zona do euro é de 1%. Nos EUA, de 1,8%; e no Japão a expectativa é chegar a 2% em 2019. Pela primeira vez desde 2007, todos os 35 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tiveram crescimento econômico em 2017. Para o UBS, a situação global continua positiva em 2018. O banco suíço observa que o BCE ainda tem o compromisso de compras de € 270 bilhões de títulos de dívida este ano. O BC do Japão também não mostra sinais de por fim à sua política de alta liquidez. Apesar da volatilidade nos mercados financeiros, o UBS nota que o crescimento dos lucros das empresas não dá sinais de diminuir.
(Fonte: Valor On-line, 15/02/2018)