A dança como (in)formadora
Em julho, o Brasil foi palco de dois importantes festivais de dança: o Festival de Joinville e o Passo de Arte Internacional, em Indaiatuba. Além de serem responsáveis por premiar e dar visibilidade aos grandes dançarinos que o País forma, esses eventos promovem uma movimentação necessária em outras áreas, aproximando a população dessa arte e impactando a economia. Em Joinville, por exemplo, a cidade inteira participa e, com o apoio de empresários locais, a dança está presente por toda parte – nos palcos, em praças e até nos shoppings. Não à toa, o festival é o maior do mundo em número de participantes segundo o Guinness Book e contou com 9 mil participantes em 2019 (o dobro do número de inscritos que deu ao festival o título de maior do mundo).
Essa transformação que os festivais trazem para suas cidades-sede também tem acontecido no Brasil, como um todo, nos últimos tempos. Há 10 anos, quem queria dançar encontrava estúdios que tinham como foco a formação para uma arte que nem sempre é acessível a todos, seguindo padrões culturais e estéticos. Quem queria apreciar a dança se deparava com espetáculos que se restringiam a clássicos, com um público específico. No geral, não nos questionávamos sobre como quebrar barreiras e aproximar outras pessoas, de outras idades e com outros propósitos, interessadas na dança como forma de lazer. Hoje, a movimentação e exposição dos festivais vem contribuindo para uma nova mentalidade sobre a dança, voltada para o bem-estar e para um viés mais pop. Para se ter uma noção deste movimento, a busca online por termos como “fitdance” aumentou 400% nos últimos cinco anos!
Jovens que nunca tinham tido contato com a dança e buscavam uma atividade física, mulheres que, assim como eu, pararam de dançar com o tempo e queriam voltar... Hoje, é uma arte que oferece um leque de modalidades: rápidas, lentas, urbanas, folclóricas e cujo objetivo principal é estar disponível para todos. Passamos da dança apenas como um instrumento de formação tradicional, que proporciona momentos de relaxamento ou atividades nas quais se possam gastar energia e extravasar, para a dança como um meio de informação, sendo essa expressão uma ferramenta de aproximação de diferentes culturas e pensamentos. Essa tendência se confirma quando vemos o forró, que nasceu como uma dança for all, para todos, como um dos estilos mais procurados no Google, ou quando grupos de jovens passam a se reunir toda semana para ensaiar coreografias de grupos coreanos, reforçando a expansão do K-pop em terras brasileiras, por exemplo.
Meu amor pela dança e todo esse contexto me fizeram pensar em como colaborar para sairmos do lugar comum. Relembrei minha trajetória de aluna, passando pelos meus 16 anos, quando fui designada por minha amiga Helô Gouvea para dar aulas de dança para adultos até minha maturidade, com a expertise como empresária para pensar em um projeto no qual pudesse passar essa experiência para outras pessoas. E, assim, surgiu o Anacã, uma rede de estúdios de dança que permite que todos se aproximem de uma arte que é plural e inclusiva. Poder acompanhar tantas pessoas se formando e informando por meio da dança, tanto em grandes festivais como no próprio Anacã, é algo que me deixa profundamente satisfeita e que diz respeito ao meu propósito de vida.
Executivo & Pesquisador Sênior / Especialista em Gestão & Recursos Humanos. / Consultor de Gestão & Desenvolvimento Empresarial. / Agronegócios / Conselheiro de Organizações. / Jornalista.
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