De Novo, A Questão Democrática.

Respondendo a pergunta se temia um golpe, caso Haddad ganhasse as eleições, Zé Dirceu respondeu da seguinte maneira:

"Acho improvável que o Brasil caminhará para um desastre total. Na comunidade internacional isso não vai ser aceito. E dentro do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição", disse Dirceu.

Não é uma simples resposta. Nas entrelinhas, aí está contido toda uma concepção de exercer o Poder. Em uma Democracia, o Poder é exercido por delegação do voto popular. Portanto, o mais bem votado assume o Governo e todo o Poder Executivo lhe é delegado. Assumir o Governo, através do voto, e exercer o Poder são características do jogo Democrático, aonde o Poder é dividido entre o Executivo, Legislativo e Judiciário.

Ao separar a assunção ao Governo por meio do voto e a tomada do Poder, José Dirceu está negando as bases de uma sociedade democrática, aonde o Governo necessita ir além de assumir o Executivo, parcela do Poder que lhe cabe, para adquirir ainda mais Poder ("é uma questão de tempo para gente tomar o Poder"). Ora, se assumiu o Executivo e ainda declara ser uma questão de tempo para tomar o Poder, qual seria o adicional de Poder que ele está pensando em tomar?

O Legislativo? O Judiciário? Ou está se referindo ao Poder Militar, que, na nossa Constituição não é um Poder à parte?

Esse é o receio maior. Mais uma vez se coloca a questão: como o PT entende a Democracia? Que Poder a mais está sendo mencionado por Zé Dirceu? Comprar deputados, partidos e usar dinheiro da corrupção nas eleições para eleger uma maioria, já não faz parte do jogo democrático. Muito menos esse Poder adicional que José Dirceu pretende tomar.

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