De Raul Seixas até aos pseudos protetores da Amazônia

Há um folclore em torno de Raul Seixas, de que em uma entrevista no inicio da década de 80, ironizou dizendo que ‘para resolver o problema da Amazônia seria preciso asfaltá-la’ e tudo estaria resolvido. É evidente que o ‘maluco beleza’ estava fazendo uma crítica a cerca das disputas que se instalara sobre a região.

Contudo, o que se vê agora, interna e externamente, são grupos com interesses difusos, querendo ‘proteger’ a Amazônia, como se fosse possível plastificá-la, emoldurá-la para eterna contemplação, inclusive dos que habitam e precisam viver da Amazônia.

Esquecem-se, de que há cerca de 25 milhões de habitantes na Amazônia Legal (IBGE, 2017), que dependem, boa parte, de seus recursos naturais para sobreviver.

Querer plastificá-la, emoldurá-la para eterna contemplação, como se fosse um mega zoológico ou um colossal parque é ignorar as vocações naturais da Amazônia.

1. Vocação para biodiversidade: a floresta amazônica é considerada a maior reserva em termos de biodiversidade do planeta. Ela abriga mais de 30 mil espécies de plantas, sem considerar as que precisam ser descobertas e estudas para o bem da humanidade. A fauna exuberante também é muito rica, uma das mais impressionantes de todo o planeta. Mamíferos, peixes, aves, répteis, anfíbios e insetos multiplicam-se de forma variada, formando grupos que convivem de forma harmoniosa utilizando todos os recursos oferecidos pela floresta.

2. Vocação florestal: na Amazônia, a madeira sempre foi o principal elemento da economia florestal. O potencial de produção de madeira da região pode alimentar o desenvolvimento de um setor florestal ativo e dinâmico, trazendo emprego, renda, indústrias, pesquisa e tecnologia para a região.

3. Vocação turística: o turismo permite gerar receitas para a região, através da vinda dos turistas seja estrangeiros ou nacionais. Incentivando a melhoria da infra-estrutura e dos equipamentos turísticos, é igualmente um estimulo para viajar dentro do Brasil ao invés de procurar países estrangeiros.

4. Vocação mineral: os programas de geologia das últimas décadas revelaram uma considerável variedade de ambientes geológicos, com potencialidade para depósitos minerais, desde os utilizados intensivamente pela indústria moderna até os mais valiosos.

É preciso estabelecer um pacto de PAZ com a Amazônia. Homem e natureza precisam voltar a conviver e a contar, um para o outro, os seus segredos. É preciso pesquisar mais, estudar e conhecer a natureza e os processos sociais. Educar o homem. Fazer surgir um novo modo de vida, uma nova civilização em que a motosserra, o asfalto e a tecnologia não sejam mais símbolos de barbárie (Revista "Ciência Hoje", 1987).