De repente...

De repente...

De repente um menino de 13 anos é descoberto no YouTube e se torna uma estrela internacional da música. De repente uma jovem, também de 13 anos de idade, é notada por um olheiro e alçada ao posto de modelo mais famosa da Terra. De repente um negócio finalmente decola e impacta o Brasil inteiro, sem barreiras. De repente o tempo fecha e começa a chover. De repente um acidente acontece. De repente a luz de casa cai, bem no meio da sessão de estudos. De repente o mundo muda e todos estão de máscara nas ruas, mantendo-se a 2 metros de distância uns dos outros, com o semblante preocupado. O repentino pode acontecer para tudo, das situações mais cotidianas às mais inesperadas e transformadoras. Ele é conhecido por ser um entrão, que veio sem ser convidado, sem fazer cerimônia e sem acreditar em avisos de alerta.

Alguns “de repentes” não são tão casuais como podem parecer. O menino foi “repentinamente” descoberto por um caça-talentos? E os vídeos que ele gravou pretendendo que viralizassem, não contam? De fato, milhares de pessoas assistiram às apresentações sem maior interesse, mas bastou um espectador para mudar tudo, correto? E a jovem modelo? Ela teve sucesso “de repente”, após ter seu potencial avalizado por um olheiro, ou precisou insistir no sonho de seguir carreira mesmo diante das críticas por ter o “nariz grande demais”? O negócio decolou “subitamente”? Só se for aos olhos de quem jamais testemunhou as noites insones dos sócios que, havia anos, batalhavam duro para ver a empresa dar certo. Pareceu fácil, exceto para esses empreendedores, que ouviram muitos nãos antes de finalmente contar com um sim.

Outras circunstâncias da vida são mesmo imprevisíveis, fruto do puro acaso. Por causa delas, apesar de termos papel fundamental na construção da nossa própria sorte (já conversamos sobre isso, aqui), também precisamos estar preparados para o inesperado. Afinal, a única certeza que temos é a da impermanência. Entendê-la e preparar o terreno para ela, aceitando-a como algo real, fará toda a diferença em nossa capacidade de nos levantarmos após cada queda, de perseverarmos, de atingirmos nossos maiores objetivos e sonhos.

Há quem afirme que a desgraça chega sem avisar. É verdade que o sofrimento pode bater à porta de repente. Isso faz parte da existência humana! Mas tenho uma boa notícia para você, meu amigo, minha amiga: o mesmo pode ser dito quanto à felicidade, que também pode aparecer sem ser esperada. Que tal fazermos um exercício, então? Preocupe-se (e não “pré-ocupe-se”), sim , com o seu futuro, sem, no entanto, se permitir ficar angustiado pensando coisas do tipo: “e se de repente isso ou aquilo acontecer?”; “e se de repente eu perder alguém?”; “e se de repente eu for traído?”; “e se de repente eu adoecer?”; “e se de repente… ?” Claro que devemos ser precavidos, mas quem vive com medo do repentino não vive de verdade.

O que podemos fazer é ir construindo oportunidades que propiciem alguns “de repentes” em nossa vida. Foi o que fez ninguém menos que Justin Bieber, o cantor do YouTube mencionado no início da nossa conversa. Foi o que fez a supermodelo Giselle Bündchen, a menina do “nariz grande”. O que eles têm em comum? Ambos se fortaleceram em sua trajetória, se blindaram diante da indiferença ou das críticas, abrindo caminho para os “de repentes” reservados em seu destino.

Como tem sido com você, concurseiro? Sua vida mudou inesperadamente? De súbito você se viu no chão, após sofrer um grave golpe do Universo? Se sim, meu conselho é: não perca tempo se lamentando. Levante-se e adapte-se à nova fase que lhe foi imposta. Cresça com ela. Renove-se a partir dela. Será difícil, ninguém nega, mas a recompensa valerá o esforço.

Quem toma as rédeas da própria história tem a oportunidade incrível de escrever o final. É o que ensina a autora best-seller Brené Brown. E complementa: “Quando não reconhecemos nossas histórias de fracasso, percalços e sofrimento, elas é que mandam em nós.” Concordo com ela, e vou além: acredito que o final sempre é melhor que o começo, desde que estejamos dispostos a fazê-lo acontecer.

Veja nossa história recente. Durante a Segunda Guerra Mundial, alguns países, como Alemanha e Japão, foram quase completamente destruídos. As nações caíram, mas decidiram se reerguer. Foi aos poucos, mas recomeçaram tudo, e do zero. Reconstruíram casas, prédios e cidades. Resgataram a autoestima do povo. Desenvolveram tecnologia das cinzas. E eis que, “de repente”, são hoje duas das maiores potências do mundo.

Agora reflita comigo: ninguém sabe quando o “de repente” ocorrerá para cada um de nós. É tudo tão imprevisível para mim como é para você, mas de uma coisa tenho certeza: se ontem foi ruim, e eu agi para mudar isso, hoje já avancei um tantinho, e amanhã avançarei ainda mais. Vai que descobrimos que nosso momento atual é o melhor que poderia ter acontecido? Vai que havia alguma alternativa pior? Se não estamos totalmente no controle e enfrentamos algumas dificuldades – e é essa a realidade da maioria de nós nos últimos meses –, o melhor a fazer é trabalharmos com o que temos, focados em (re)construir nosso futuro. Quem sabe, passada toda a turbulência, nos veremos “repentinamente” muito mais próximos do destino que planejamos antes de sequer imaginarmos tamanha dificuldade?

Seu modelo mental, caro concurseiro, deve ser: “Vou me capacitar, vou estudar, vou me preparar, porque, ‘de repente’, aquele edital pode sair, aquela oportunidade pode se abrir”. Na última semana, por exemplo, foi lançado o edital que talvez seja o maior da década, o do concurso para Agente da PCDF, com 1,8 mil vagas e remuneração inicial de quase R$ 9 mil. Era algo inesperado? Não para todos. Alguns foram pegos desprevenidos, mas outros sabiam que essa “surpresa” vinha sendo costurada fazia meses, até anos. Não era de hoje que vínhamos avisando dessa possibilidade. Quem nos ouviu largou na frente.

A mensagem que quero passar hoje, meu amigo, minha amiga, é simples. Tudo aquilo que você deseja pode acontecer “de repente”. Por isso, é preciso estar preparado o tempo inteiro. Não há desculpa para ser pego “de surpresa”. O inesperado que controlamos é fruto de trabalho árduo e do avançar preservando tudo que já foi conquistado. Persevere e mantenha tudo que você alcançou, e note que não me refiro apenas às posses, mas sobretudo ao conhecimento, à maturidade e à experiência. Tente suportar, o máximo que conseguir, o peso extra destes tempos difíceis. Gerencie suas emoções em meio à neblina da incerteza.

Não importa o tamanho da batalha, cabe a você tomar uma decisão que, “de repente”, mudará completamente sua vida. Para melhor ou para pior, a escolha é toda sua, mas é impossível transformar sua trajetória sem essa única resolução. Já pensou nisso?

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Clara Leandro

RH / DHO / POT / R&S / Saude e bem estar / Cultura / Professora de Graduação, Consultoria em liderança

4 a

Artigo muito bom. A gente so consegue ser bom no futuro se começar a ser melhor hoje. Tem um caminho aí, sem opção de desistir que pode surgir uma escada de subida. Com o perdão da insisitencia na expressão, de repente mesmo tem que ser a decisão de se preparar para o "De repente". É melhor se prepararainda sem ter a oportunidade, que ter oportunidade e não estar preparado. Obrigada por compartilhar.

Paula Brandão

Advogada na Brandao Sabino advogados em parceria com De Melo Lustosa advogados

4 a

Muito bom!

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