Decisões Colegiadas, é preciso estar preparado.

Em um dos artigos recentes que escrevi nesta jornada de formação e certificação de conselheiro, tratei da necessidade de combinarmos competências “hard” e “soft” no âmbito dos conselhos, sejam eles conselhos deliberativos ou consultivos.

Neste módulo do programa do PFCC com o tema “Relacionamentos e Decisões Colegiadas” ficou reforçada a importância das competências “soft” no encaminhamento das discussões, principalmente quando vamos buscar a tomada de decisões colegiadas.

Começo comentando um pouco sobre as “decisões colegiadas”.

Um processo de decisão colegiada, ao envolver várias pessoas, possibilita obter uma variedade de perspectivas e opiniões diferentes, aumentando a possibilidade de uma decisão mais bem informada e abrangente. Há uma chance menor de uma decisão equivocada, com erros relevantes, pois teremos mais pessoas revisando e questionando o tema. Também a decisão tende a ser melhor aceita, pois se houve a participação efetiva do grupo, os decisores em geral estão mais dispostos a aceitar e apoiar a decisão final. Um outro aspecto positivo é que o debate para a tomada de decisão gera oportunidade de aprendizado. Finalmente, a discussão do tema a partir de várias perspectivas leva a maior possibilidade de surgirem alternativas inovadoras.

Por outro lado, dependendo do processo, pode trazer situações não desejadas. Tomar decisões com várias pessoas pode ser um processo demorado e levando a um maior tempo de reuniões e consultas. As diferentes perspectivas envolvidas podem levar a conflitos e debates acalorados, podendo ser desgastante emocionalmente e prejudicar as relações interpessoais. Em alguns casos, a pressão do grupo pode levar a uma “conformidade frágil”, onde os membros do grupo evitam desafiar as ideias predominantes e aceitam uma decisão mesmo que não a apoiem totalmente. Há também a preocupação que em uma decisão colegiada, ao ser compartilhada, não há a personificação de responsabilidades (em caso de problema, quem será o “responsável”?).

Em minha opinião, as vantagens da decisão colegiada superam os riscos de situações indesejadas. Ainda mais quando os participantes tiverem presente a importância do relacionamento humano e aspectos como empatia, respeito, transparência, entendimento das diferenças.

Mas só isto basta?

Ajuda e muito, mas estar preparado para o processo de decisão é tão importante quanto ter as chamadas competências “soft”.

Entenda o problema: é importante identificar claramente sobre o que precisa ser decidido e muito importante que todos os envolvidos na decisão tenham compreensão comum do problema.

Tenha informações relevantes: para tomar uma decisão informada, é necessário ter acesso a dados, opiniões de especialistas, pesquisas, falar com as pessoas diretamente envolvidas, incluindo aquelas que serão mais diretamente afetadas com a decisão. Estude e entenda as informações que você tem em mãos.

Esqueça o que você sabe: Por um momento, não considere o que você sabe para que você possa ouvir novamente o que você precisa saber para tomar uma decisão. Seja um ouvinte ativo. Colete todos os dados “brutos” primeiro em vez de filtrá-los a partir de sua “sabedoria anterior”. Dessa forma, você pode voltar e analisar esses dados brutos novamente e corrigir possíveis preconceitos ou suposições inconscientes.

Tenha clareza nos critérios de decisão e nos resultados esperados: Não se deve fazer escolhas com base na preferência pessoal. Em vez disso, é preciso ter clareza sobre os critérios que serão usados para fazer essas escolhas, com base nos resultados desejados. Critérios de decisão fortes e resultados desejados claramente definidos criam melhores condições para uma tomada de decisão bem-sucedida.

Preste atenção nas várias perspectivas: A perspectiva dos diversos stakeholders envolvidos na consequência da decisão deve ser analisada uma a uma. Olhar para uma decisão sob diversas perspectivas pode não mudar a decisão, mas pode mudar a entrega uma vez que muda o envolvimento dos que entregam.

Dê um passo atrás para avaliar suas suposições: Cuidado para que você não selecione e interprete os fatos com base nas suas suposições e crenças. Esta é uma tendência natural do nosso modelo mental. Ao entender isto e prestar atenção, você pode aprender a voltar aos fatos e usar suas crenças e experiências para um efeito positivo, em vez de permitir que elas limitem seu campo de julgamento.

Lembre-se daqueles que dependem de sua ousadia e coragem: Não deixe que o processo caminhe para uma “conformidade frágil”. É necessário se lembrar que as partes interessadas dependem de quem toma as decisões difíceis. Se está preparado e não confortável com a decisão, exponha seus pontos.

É importante e necessário que aqueles que estão no processo de decisão colegiada tenham em mente: O bem comum é quem comanda e alguns requisitos têm que estar presentes na decisão:

- A empresa e seus stakeholders estão antes da perspectiva própria;

- Crescimento da organização;

- Sustentabilidade dos negócios;

- Bem-estar de todos os atingidos pela decisão;

- Confiança que se optou pela melhor alternativa.

 

Finalmente fica a lembrança: Decisão após discutida e aprovada deve ser seguida por todos, independentemente da posição pessoal. 

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