Declínio da Tupperware: o que isso nos ensina?

Declínio da Tupperware: o que isso nos ensina?

Viajando no tempo, em meados da década de 1940, uma marca criada por Earl Tupper, se tornou pioneira no ramo de utensílios domésticos, fazendo sucesso entre as donas de casa da época em vários países: a Tupperware. 

Essa marca, além de se destacar pela qualidade dos produtos, também ficou conhecida por despertar o empreendedorismo através das vendas diretas, tanto pelas revistas quanto nas festas organizadas pelas vendedoras durante as tardes na sala de casa.

Contudo, o tempo foi passando, e esse modelo de venda foi se tornando cada vez mais obsoleto. Além disso, outros eventos contribuíram para o declínio da marca. 

Os novos hábitos de consumo

Com o passar dos tempo, a Tupperware prezou pela inovação na qualidade dos seus itens, criando o selo hermético, vasilhas capazes de ir ao microondas e fornos elétricos e compatíveis com lava-louças sem se deteriorar e sem absorver cheiro ou sabor dos alimentos. O grande problema é que a marca se limitou a isso e demorou muito para se adaptar aos novos hábitos dos consumidores e ao mercado digital.

A partir dos anos 2000, os clientes já não tinham mais tanto tempo para encontros presenciais, até porque, a maioria já conhecia a qualidade do produto e apenas isso não era suficiente para instigar à compra. A preferência pelo e-commerce aumentou de forma considerável. A Tupperware ainda criou, tardiamente, um perfil de vendas na Amazon em 2022, o que rendeu só 14% de vendas.

Além disso, segundo a NielsenIQ, 73% da geração Z costuma comprar produtos sustentáveis e o plástico não é uma opção. Outra preferência deles é por produtos digitais como marmitas que podem aquecer o almoço conectadas via USB, que é comum hoje em dia, e a Tupperware não abraçou essa oportunidade.

Com essa combinação de fatores somados ao péssimo desempenho do site da marca que não era nada funcional e atraente, o declínio veio. E, de acordo com a Research and Markets, o crescimento da Tupperware no mercado caiu para cerca de 3% no último ano.

O que poderia ter sido feito?

Sem dúvidas, o primeiro passo seria diversificar os pontos de venda e também de distribuição para atender aos novos hábitos dos consumidores, criando uma plataforma de vendas completa e atrativa, com conteúdo de qualidade além de apenas catálogo para que a marca continuasse a ser relevante para os seus clientes. 

A presença física dos produtos no varejo também seria uma boa oportunidade para as vendas, principalmente para varejistas de grande porte como Walmart ou Carrefour, apesar disso divergir com os preços, que foi outra estratégia mal sucedida da marca. 

Enquanto a concorrência estava ocupada produzindo itens semelhantes e mais baratos, a Tupperware também errou em manter o mesmo preço enquanto seu padrão de qualidade se tornava equivalente aos de seus concorrentes.

Outro ponto: sabendo que a geração Z tem preferência por itens sustentáveis, o ideal teria sido investir em materiais biodegradáveis, sem BPA, a partir de fontes renováveis e energia limpa. Essa atitude além de atrair esse novo perfil de consumidor, também a tornaria referência em sustentabilidade. Não basta ter um produto de excelente qualidade se ele não se adapta às mudanças do mercado. 

Conclusão

A trajetória da Tupperware nos ensina sobre a importância da adaptação. Apesar de toda a qualidade, a marca errou em não atender às expectativas dos novos consumidores, nem investiu em conteúdo para se tornar relevante, demorando também muito tempo para aderir  ao e-commerce, perdendo espaço para concorrentes mais ágeis e adaptados. Tudo isso reforça que, para continuar relevante e crescendo, é preciso mais que inovar, também é preciso evoluir com o tempo. 

Helinéia Forente Fuhrmann

Executiva de Marketing e Comunicação - Growth | Branding | Inteligência de Mercado

2 m

Experimentamos uma crescendo do movimento "marmita" com todo mundo carregando sua comidinha por aí....cadê a Tappeware capitalizando isso e se tornando referência? De fato, faltou esse olhar de acompanhamento das mudanças de habito dos consumidores como bem citado.

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