A definição em meio às contradições do desenvolvimento sustentável
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A definição em meio às contradições do desenvolvimento sustentável

Os termos cidades ou comunidades sustentáveis são relativamente novos em relação à outros. Muitos dos pesquisadores que dedicam esforços na discussão da concepção destes termos, possuem o aprofundamento teórico de alguns aspectos particulares que devem sim, ser levados em consideração em processos de planejamento ambiental e urbano de cidades, megacidades, regiões, etc. Estes principais aspectos são: a mobilidade, a drenagem urbana, a governança, a segurança e as construções sustentáveis.

Li et. al. (2009) afirmam que embora muitas pessoas reconheçam a importância do desenvolvimento sustentável urbano, ainda não há indicadores eficazes, nem tampouco um método de avaliação para esta forma de desenvolvimento o que leva à multiplicidade de interpretações sobre o que são cidades mais sustentáveis.

Há que se destacar também a supracitada falta de objetividade conceitual. Atualmente, a compreensão do desenvolvimento sustentável tem se apresentado como tudo aquilo que é bom e desejável para uma sociedade, tornando o seu escopo amplo e difuso, o que dificulta o seu entendimento e assertividade por parte dos formuladores de políticas públicas quando estão avaliando práticas a serem adotadas para o alcance de maior sustentabilidade urbana.

Há algumas semanas fiz uma publicação no Linkedin perguntando o que cada pessoa definia como sendo o "desenvolvimento sustentável" e mesmo informalmente, pude perceber que de acordo com cada profissão e ramo de trabalho, obtive conceituações totalmente diferentes. E não é para menos. O que comprova de forma simples o problema citado no parágrafo anterior.

Egger (2006) sustenta que a cidade é um sistema vulnerável. Portanto, mesmo em uma situação de equilíbrio entre tudo aquilo que entra e sai, ela não poderia ser considerada sustentável devido às consequências das perturbações não previsíveis. Dessa maneira, são a habilidade e capacidade da cidade de se adaptar às externalidades dinâmicas que garantirão a sua sustentabilidade.

Uma das formas de enfrentar o dinamismo e a complexidade da era atual de governança ambiental global é adotar uma abordagem pluralista e transdisciplinar para analisar os dilemas da sustentabilidade.

Outro ponto falho das discussões acerca dos fatores que trazem maior sustentabilidade ao meio urbano é que, por exemplo, diversos pesquisadores (se não, a maioria) tratam do tema das cidades sustentáveis sob diferentes perspectivas. Ou seja, alguns consideram que o planejamento urbano é essencial para o alcance da maior sustentabilidade ao passo que outros destacam o processo de governança como fundamental para tal, e assim vai. Como já mencionado acima, não se deve considerar apenas um fator como preponderante e deixar os outros de lado como se não fossem importantes. Há que se entender que podem possuir pesos diferentes dependendo do local de estudo entretanto, que possuem uma relação intrínseca que só a abordagem sistêmica e uma visão de processos e complexidade é possível interpretar o território e assim, planejar mais "sustentavelmente".

Neste pequeno texto, trouxe algumas discussões que embora surgiram há vários anos, ainda são pertinentes (cada vez mais) e que devemos sim discuti-las uma vez que, se não tivermos claro o que é o desenvolvimento sustentável, como fazer ? para quêm ? etc., não conseguiremos avançar em outros pontos essenciais para a qualidade de vida da população e do meio ambiente.

E ainda, são discussões que a maioria das pessoas que não estão no meio acadêmico não teriam visão em discuti-las e se quer saberiam que existem. Temos uma definição de "desenvolvimento sustentável" pronta. Mas será que é o suficiente ?

Referências:

EGGER, E. Determining a sustainable city model. Environmental Modelling & Software. Oxford, v.21, 2006.

LIE, F.; LIU, X.; HU, D.; WANG, R.; LIE, D.;ZHAO, D. Measurement indicators and an evaluation approach for assessing urban sustainable development. A case study for China's Jining City. Landscape and Urban Planning. Amesterdam, v.90, 2009.

Att.

José Henrique Pastorelli Junior

Luciana Figueras

Consultora em Planejamento Urbano e Adaptação Climática

7 a

Ótima reflexão ... Vc sempre brilhante em seus estudos! Parabéns?

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