DESAFIOS DO OUTSOURCING 
Entendendo as verdadeiras necessidades de negócio dos clientes

DESAFIOS DO OUTSOURCING Entendendo as verdadeiras necessidades de negócio dos clientes

Escrito em parceria com Juliana Dutra


Como destacamos no artigo anterior, percebemos que o modelo de trabalho centrado em somente alocar pessoas não se mostrava consistente o suficiente. Isso se confirmou no ano de 2023 com todas as dificuldades que diversos setores estão passando e que impactam diretamente no mercado de outsourcing. 

Adotando um olhar de negócio mais direcionado para Business Agility, percebemos que precisávamos entender melhor o cliente,  seus reais motivadores e os resultados de negócio que esperavam alcançar. Consequentemente, optamos pela criação de uma conexão com esse resultado, acrescentando a sua percepção de valor além das entregas de atividades, os resultados de negócio que contribuímos para atingir.

Em 2023, o mercado para prestação de serviços de alocação de pessoas e equipes se encontra saturado. Muitas empresas retraíram seus custos para esse tipo de serviço, mantendo somente o necessário. Entendemos que fatores econômicos e políticos exercem influência sobre a situação do mercado, mas existe um ponto importante a ser considerado: 

Qual é o valor percebido pelos clientes nos seus serviços?

Essa pergunta surgiu quando começamos a analisar os problemas que são gerados quando recebemos o projeto ou a vaga “pronta”, assumimos sem questionamentos o que foi pedido e começamos e viabilizar a nova vaga ou equipe. A nossa mudança começou quando aplicamos uma abordagem de entendimento com o cliente do seu pedido na perspectiva de negócio.

Essa primeira conversa se mostrou importante para todo o desenrolar do processo até o fechamento do contrato. É comum o foco do cliente estar nas entregas que precisam ser realizadas. Na sua cabeça está claro o que ele precisa e quer, e muitas vezes ficam impacientes quando são questionados a respeito.

Começamos com a abordagem de uma reunião direcionada a entender melhor os motivadores que levaram a definição de determinado perfil ou equipe. O interessante durante essa etapa foi perceber, muitas vezes, que essas informações não eram muito claras, com divergências sobre definições e direcionadores estratégicos. Em muitos casos ficou clara a necessidade da participação de mais áreas da empresa do cliente, outras filiais, diferentes fornecedores, pois para definir uma proposta de ação essas outras perspectivas seriam necessárias

Começamos a chamar essas situações de “Pontos Cegos de Definição”, e era um alerta vermelho para alinharmos com o cliente, evitando possíveis situações de risco com definições erradas de perfis, escopo de projetos ou criação de novas equipes.

Essa análise inicial foi a porta de entrada para começar um processo prévio que chamamos de “Concepção e Avaliação”. Antes de realizar a definição dos papéis, começamos a propor dinâmicas de trabalho colaborativas para organizar as informações disponíveis em conjunto e através de uma visão consensual sobre o que se pretendia atingir que definíamos papéis, responsabilidades, acordos éticos e mensuração de resultados.

Para isso utilizamos diferentes métodos e frameworks direcionados a atingir o que adotamos do conceito de business agility:

A capacidade de uma organização se adaptar rapidamente às mudanças, respondendo de forma flexível às necessidades do cliente de forma sustentável e inovadora

Começamos a aplicar através de workshops de uma forma adaptada práticas e conceitos de Lean Inception, Lean UX, F4P, Design Thinking, Estruturas libertadoras entre outras. A ideia era ajudar o cliente a definir:

  • Quais os propósitos dos “clientes dos nossos clientes”. Como nossos clientes entendiam os seus clientes? Qual o grau de maturidade dessa avaliação? 
  • Qual é o resultado esperado? Está claro para todos esses objetivos?
  • Como será mensurado esse resultado?
  • Quais são os recursos organizacionais necessários para realizar o objetivo definido?
  • Quais os riscos envolvidos para realizar o resultado esperado?
  • Quais capacidades humanas necessárias para realizar esse objetivo?

Estes workshops têm tamanhos e tempos bem diferentes, podendo ser uma conversa de 2hs para situações mais simples, até 2 ou 3 dias para casos mais complexos. O importante era ter claro as perguntas anteriores, pois dessas informações os contratos são definidos e as pessoas alocadas.

Em muitas situações foi de grande ajuda, realizando entregas de alto valor agregado confirmadas pelos clientes em feedbacks e renovações para novos contratos, sendo essa fase parte indispensável do trabalho. 

Porém nem tudo são arco-íris e unicórnios!!

Houve casos que os clientes não entenderam bem nossa proposta, acharam estranho e foram muito resistentes a participar e, em outros momentos, alguns preferiram não seguir dessa forma pedindo que fosse usado o modelo que estavam acostumados.

Aprendemos com esses problemas que existem empresas em níveis diferentes de maturidade e abertura para esse tipo de atuação mais estratégica. Alguns dos aprendizados dessas situações foram:

  • Entenda a maturidade do seu cliente – Entenda como são a sua Cultura, Práticas e Resultados no entendimento dele. Trabalhe o relacionamento de forma evolutiva compreendendo a velocidade que cada empresa precisa para assimilar mudanças. Usamos muito o KMM como um guia para ajudar nessa compreensão
  • Mostre que estamos todos no mesmo barco – O cliente não pode vê-lo como um inimigo ou um desafiador. Utilizamos muito de linguagem não violenta para criar maior empatia.
  • Não apresente somente problemas, proponha soluções – Ao mostrar algum problema criamos uma fragilidade nesse cliente. Apresentar propostas de solução indica que queremos ajudar.
  • Aprenda a dizer não ou deixe bem claro os riscos envolvidos – Essa maturidade de negócio é muito difícil, ainda mais em um momento de crise como agora, mas entender exatamente qual é o resultado de negócio que sua empresa está buscando é fundamental para orientar as suas ações junto ao cliente e internamente na sua empresa.

Grande parte dos nossos clientes enxergaram melhoras em seus resultados estratégicos, na adaptação e no relacionamento com as equipes alocadas e aumento da sinergia entre os envolvidos com o trabalho, conseguindo superar muitas barreiras entre as organizações. 

Em um mercado cada vez mais concorrido, a percepção de valor estará cada vez mais atrelada aos resultados relevantes gerados ao negócio dos seus clientes e para a prosperidade e perenidade do negócio da organização.

Coaracy Junior

Governança, Gestor de Portfólio, Programas e Projetos, Agile Expert, Autor e Palestrante (PMP, KCP)

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