Desafios e Avanços na Transformação Digital Hospitalar
A transformação digital é uma prioridade estratégica para instituições de saúde em todo o Brasil, mas desafios relacionados à estratégia, planejamento e governança ainda persistem. O Mapa da Transformação Digital dos Hospitais Brasileiros 2024, lançado pela FOLKS, traz uma análise abrangente dos avanços e lacunas no setor, oferecendo insights valiosos para lideranças que buscam impulsionar mudanças sustentáveis.
Diante dos desafios financeiros e operacionais que pressionam o setor de saúde, especialmente após os impactos dos últimos dois anos, o novo relatório da FOLKS, “Mapa da Transformação Digital dos Hospitais Brasileiros 2024”, destaca uma importante lacuna entre intenção e execução. Realizado a partir de uma análise abrangente de 189 hospitais em todo o país, o estudo traz um olhar para a realidade desse processo de transformação.
Segundo o relatório, embora 62% das instituições de saúde reconheçam a importância do digital em seus planos estratégicos, apenas 18% possuem estratégias digitais estruturadas. Aspectos como falta de governança e planejamento coordenado são apontados como fatores que impedem que todo o potencial da transformação digital seja aproveitado.
Além disso, os dados demonstram a necessidade urgente de direcionar melhor e mais estrategicamente os investimentos, de forma que se utilize os recursos financeiros de forma mais assertiva, garantindo custo-efetividade.
“A transformação digital é hoje a chave para elevar a qualidade dos serviços hospitalares, segurança do paciente e até competitividade. Sem uma estratégia digital robusta, o setor continuará sobrecarregado e incapaz de aproveitar plenamente o potencial das tecnologias para melhorar tanto a experiência dos pacientes e dos profissionais, quanto a eficiência operacional”, afirma Dr. Claudio Giulliano , CEO da FOLKS.
Segundo o relatório, a desconexão entre intenção e prática decorre de alguns fatores como falta de competência digital dos gestores e equipe de TI sem profissionais especializados em informática clínica. Dr. Claudio reforça ainda que, o resultado disso é um ambiente “semi-digital” (apenas 9% das instituições são realmente 100% paperless), assim os hospitais perdem a oportunidade de capturar os benefícios do digital em termos de eficiência operacional, qualidade no atendimento e segurança do paciente e da informação.
Adoção digital: entre o desejo e a realidade
O relatório, construído a partir do índice de maturidade digital (DMI-H), desenvolvido pela FOLKS, constata que a maturidade digital média dos hospitais avaliados está em 46,19%. Dentre os 5 domínios avaliados, Estrutura e Cultura possui a menor média, 38,63%, e a Infraestrutura e Arquitetura a maior média, de 58,55%. “É muito comum que se olhe na transformação digital muito para a tecnologia e pouco para aspectos organizacionais e culturais. Porém, são bases fundamentais para a transformação acontecer de fato” aponta Dr. Leandro Costa Miranda , Líder Médico na FOLKS.
Os dados revelam que, embora o número de hospitais que iniciaram a transformação digital esteja crescendo, apenas 26% conseguem realmente integrar adoção tecnológica com uma estratégia adequada para mantê-la a longo prazo. Entre os principais entraves, estão a baixa capacitação digital e o foco na aquisição de tecnologia antes de preparar equipes e processos. Esse modelo, muitas vezes apressado, limita o potencial transformador da digitalização.
Por isso, é fundamental reforçar o mantra da FOLKS: “pessoas, processos e então tecnologia”, comenta Bernardo A. , um dos editores do Mapa e Gerente de Estratégia na FOLKS. “Menos de 4% dos hospitais na amostra analisada estruturam suas operações antes de adotar novas tecnologias. A maioria passa por dificuldade em implementar e capturar plenamente o valor das soluções digitais em suas instituições, pois não olham adequadamente para o processo, governança e treinamento, o que pode comprometer diversas iniciativas”, comenta Bernardo.
Outro dado importante é que, embora a transformação digital esteja em pauta nas discussões estratégicas de grande parte das instituições, apenas 40% realizam algum tipo de monitoramento sobre essas iniciativas. Isso indica que, mesmo considerando a transformação digital uma prioridade, metade delas não monitora adequadamente o progresso nem avalia o impacto, revelando uma fragilidade na governança.
Metodologia para a transformação
O Mapa da Transformação Digital dos Hospitais Brasileiros é direcionado a todos àqueles que trabalham e contribuem para o setor da saúde de alguma maneira. Ele é elaborado com base no Digital Maturity Index for Healthcare (DMI-H). Desenvolvido pela FOLKS em 2019, o DMI-H é um instrumento diagnóstico que mede a maturidade digital dos hospitais em cinco domínios: Serviços e Aplicações, Dados e Informações, Estrutura e Cultura, Infraestrutura e Arquitetura, e Estratégia e Governança. Instrumento para medir a maturidade digital e as ações de transformação nas instituições de saúde, utilizamos o DMI-H para identificar lacunas específicas e orientá-las na implementação de estratégias mais assertivas e eficazes.
De acordo com Dr. Claudio Giulliano, o DMI-H não só diagnostica, mas orienta. “Em nossos projetos, vemos diariamente as complexidades da transformação digital e atuamos diretamente para superar esses desafios. O Mapa reflete o que observamos no dia a dia do setor: há uma necessidade clara de uma abordagem que vá além da simples adoção da tecnologia. É preciso investir na criação de uma cultura digital e na formação de lideranças preparadas para conduzir essa transformação de forma estratégica”. As instituições que almejam liderar na era digital devem investir no treinamento e no desenvolvimento contínuo de seus líderes, ampliando seu conhecimento técnico para compreender e implementar a transformação digital de forma eficaz.
Eficiência e redução de custos são prioridades para gestores
Diante de recursos limitados, os hospitais precisam distribuir suas prioridades precisamente, seja em projetos estruturantes ou inovadores, sempre com metas claras e retorno sobre o investimento, seja clínico, operacional ou financeiro. A FOLKS destaca que, para alcançar resultados consistentes, é essencial evitar a fragmentação dos esforços em sistemas isolados, que geram ineficiências e custos elevados. Instituições que buscam resultados sólidos e duradouros devem priorizar uma base bem estruturada, combinando governança eficaz com equipes que possuam competências tanto clínicas quanto tecnológicas.
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Jornadas digitais
“Além disso, é essencial promover um maior engajamento digital entre profissionais de saúde e pacientes, por meio de jornadas digitais e programas de saúde apoiados por tecnologias inovadoras. Essa abordagem não apenas melhora a experiência, mas também eleva os níveis de satisfação de todos os envolvidos. É fundamental entender que a tecnologia é essencial na transformação digital, mas é necessário estar acompanhada de um forte olhar para processos e pessoas”, finaliza.
Recomendações
Para superar os desafios identificados, o relatório recomenda:
1) Estabelecer uma governança robusta a partir de uma estratégia digital bem estruturada
2) Integrar as tecnologias digitais com estratégias organizacionais (pessoas, processos e então tecnologia)
3) Investir em capacitação digital de equipes multidisciplinares.
Sobre a FOLKS
A FOLKS é uma consultoria especializada em transformação digital na saúde, com atuação em toda a América Latina. Parceira oficial da HIMSS há 10 anos, apoiamos instituições no desenvolvimento de estratégias digitais completas, que integram pessoas, processos e tecnologia, com segurança, eficiência e foco em valor.
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