(DES)CONEXÃO: O paradoxo entre os likes e as relações humanas.
Quero te propor um desafio, você precisa fazer uma escolha para um grande experimento e só tem uma opção:
Em uma ilha selvagem nunca habitada anteriormente será lançado um dos seres vivos abaixo, você precisa escolher aquele em que acredita ter a maior probabilidade de sobrevivência:
- Um homem de 30 anos; ou
- Um macaco de 2 anos
90% das pessoas que participam deste desafio escolhem a segunda opção (o macaco).
Agora vamos mudar um pouco o desafio, continuamos com a mesma ilha, mas desta vez teremos 30 homens e 30 macacos.
Neste novo cenário qual opção você escolheria?
Interessante, agora 90% apostam suas fichas nos 30 homens!
O ser humano não sabe viver sozinho. Desde os primórdios, nossa sobrevivência depende da conexão em busca de um objetivo comum. Entretanto, ao longo dos anos, essa conexão passou por mudanças significativas.
Antes da revolução agrícola, quando éramos caçadores, estudos sugerem que vivíamos em grupos de aproximadamente 30 a 40 pessoas. Com o avanço da tecnologia, surgiu a possibilidade de cultivar a terra, e os grupos aumentaram para mais de 200 indivíduos em uma mesma fazenda. À medida que o tempo passou, a tecnologia evoluiu e passamos a incluí-la cada vez mais em nossas vidas, expandindo nossos círculos de relacionamento e trabalho.
Do desenvolvimento das tecnologias agrícolas até as redes sociais, hoje somos capazes de nos conectar com milhares e até milhões de pessoas. Vivemos em um mundo digital onde as empresas realizam negócios dentro dessas plataformas e é imprescindível ser um profissional conectado digitalmente.
Mas eu tenho uma pergunta: será que estamos utilizando a tecnologia para nos conectar ou estamos tão envolvidos nas conexões virtuais que nos desconectamos do mundo real?
Na contramão da tecnofobia, existe um termo chamado ‘nomofobia’, o medo irracional de ficar sem celular, e o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial de vício em smartphones. Os brasileiros não conseguem passar mais de 30 minutos desconectados de seus aparelhos, sentindo-se totalmente perdidos sem eles.
Em uma época tão disruptiva como esta que estamos vivendo, a única forma de se destacar entre tantos algoritmos de inteligências artificiais é resgatando o que temos de tão singular, o nosso poder de uma realizar uma verdadeira conexão.
Entre tantas conexões artificiais, estamos perdendo a habilidade de cultivar relações humanas reais. Muitos valorizam mais uma rede com milhares de seguidores do que um encontro presencial para tomar um café com um amigo.
Essa falta de conexão genuína pode acarretar sérios problemas. Antes, sorriamos para as pessoas ao nosso redor, mas agora buscamos aprovação externa através de likes. Esse é o primeiro mal da tecnologia: a falta de consciência entre conexões reais e virtuais. Precisamos lembrar que existem seguidores, colegas de trabalho, amigos e família, e não devemos confundir estes tipos de conexões:
Seguidores te acompanham, colegas te ajudam, amigos te suportam e a família te alimenta.
Não confunda e não inverta esta ordem. A tecnologia é apenas uma ferramenta, que pode ser utilizada para conexão ou desconexão.
Esse é um grande paradoxo dos novos tempos. Tão conectados tecnologicamente e tão desconectados uns dos outros.
Nessa reflexão eu deixo uma pergunta, a tecnologia te ajuda a criar novas conexões ou desconexões?