A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia
Por Rodrigo Faria
Não é a primeira vez que, em reflexão ao atual momento, recorro-me à sabedoria do discurso proferido por Charles Chaplin no filme “O Grande Ditador”, de 1940, onde peço a permissão poética de parafraseá-lo e citá-lo livremente na construção deste texto.
No contemporâneo momento de pandemia mundial, é incrível como a desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Todos os dias acompanhamos em estatísticas a tragédia desta praga que nos assola, mas pouco pensamos nas milhares de vidas que foram perdidas. Não somos máquinas, humanos é o que somos. Mais do que remédios, vacinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Mas não nos percamos sobre à humanidade que nos dá sentido à vida.
Sinto que estamos falhando miseravelmente nesta guerra e as consequências de nossos atos nos envergonharão pela eternidade.