Design pós-crise
No próximo dia 21 de abril, abre-se a exposição Design Aerodinâmico no Museu da Casa Brasileira. Serão cerca de 300 objetos de uma época muito parecida com o pós-crise, que hoje vivemos no Brasil.
O período histórico reflete uma realidade multifacetada, tendo a quebra da bolsa de NY em outubro de 1929 como ápice da crise e um processo de reconstrução econômica que derivou o plano New Deal em 1933. Como toda grande depressão, além de dolorosa ela também é criativa e transformadora em muitos aspectos.
Como explicam Adélia Borges e Patrícia Fonseca, curadoras da exposição no MCB, "o estilo aerodinâmico surgiu nos Estados Unidos como uma resposta à crise econômica de 1929. Em 1933 o governo norte-americano fixou os preços dos bens de consumo por meio do National Recovery Act, o que forçou os industriais a investir em uma diferenciação em seus produtos aos olhos do consumidor. Essa tarefa coube aos integrantes de uma nova profissão, os designers industriais, cujo trabalho se lastreou no binômio de maior funcionalidade e na adoção de formas ligadas às ideias de velocidade e tecnologia, que prometessem à população um futuro melhor, longe da crise."
Acima, luminária com design do DC-3, bimotor que revolucionou o transporte de passageiros a partir da década de 30.
Além de um excelente programa cultural, refletir sobre a missão do design como potencial revitalizador de um período pós-crise pode ser extremamente valioso nos tempos atuais.
De fato, o design atual, em sua expansão prática e conceitual, não apenas mantém sua base original que relaciona forma e função - para desenvolvimento de produtos, objetos de interiores, jóias, objetos gráficos, tipografias, construção, embalagens, moda ou mesmo interfaces de interação digital - como também se estabelece como cultura de inovação em novas frentes que poderiam ser denominadas por design de solução - como design thinking, design de plataforma, design de rede, de relacionamentos, entre outros em eclosão.
Bicicleta Spacelander faz alusão à corrida especial, uma das visões da época sobre o futuro.
A tônica da exposição em São Paulo traz no título um traço peculiar do período histórico: ensaiava-se em cada nova peça de design uma metáfora do futuro. Alguns eventos foram significativos, como apontam as curadoras:
As feiras mundiais de Chicago (1933-34) e de Nova York (1939-1940) foram palcos privilegiados para a difusão do estilo aerodinâmico. A última teve como tema Building the World of Tomorrow (Construindo o mundo de amanhã). Entre atrações como o robô que interagia com os visitantes no prédio da Westinghouse, a pista de corrida no topo do prédio da Ford para as pessoas experimentarem os novos modelos de carros e o prédio no formato de uma imensa caixa registradora da Cash Register, o maior sucesso coube à Futurama, maquete de cidade construída pela General Motors com projeto de Norman Bel Geddes.
Dados da Futurama: 3.300 metros quadrados, maquete com 500 mil prédios modelados individualmente, 50 mil carros (10 mil se moviam) e um milhão de miniaturas de árvores. Visitação era de 30 mil pessoas por dia.
Podemos considerar, portanto, que essa exposição pode significar uma viagem dinâmica no tempo. Primeiro, pelo passado histórico, segundo pelo fato de retratar uma visão de futuro. Terceiro, por que confronta o nosso presente, de crise e potencial pós-crise, em desenvolvimento no país. E quarto, por ser uma oportunidade singular de inspirar designers que poderão projetar um novo momentum para nosso país, sejam eles de áreas como da economia, da política, da educação, mas também empreendedores, desenvolvedores sociais e empresariais, entre muitos que sonham com um futuro melhor, estejam onde estiver.
O apelo, nesse sentido, é que o evento possa ser motivador para o diálogo sobre a importância do design. Que saibam, ou recordam, que o design já foi um dos elementos centrais da retomada econômica da maior potência do século passado. E que essa visão possa aglutinar um novo design em rede, com a cara do designer brasileiro e elaborado para ser um objeto de apreço global no futuro próximo. É sonhar demais? Não sei, parafraseando nossos amigos norte-americanos: "Eu vi o Futuro, e sem dúvida ele será Coletivo!" - designers, unam-se para desfrutar dessa bela exposição no MCB.
Vários dos objetos participantes desta exposição também fazem parte dos acervos de importantes museus internacionais de design, tais como Museum of Modern Art - MoMA, Cooper Hewitt Design Museum e Metropolitan Museum of Art – os três sediados em Nova York; o Wolfsonian Museum, de Miami; o Centro Georges Pompidou, de Paris e o Victoria and Albert Museum, de Londres. Segue abaixo links do evento:
Museu da Casa Brasileira | Design Aerodinâmico - Metáfora do Futuro
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Ricardo Motta é publicitário de formação, empreendedor e consultor de inovação em marketing na Casa Barcelona, adora criar projetos de valorização de marcas, novos produtos e campanhas de relacionamento com todos os públicos.
Civil Engineer Msc SSMA
5 aSou filha de Físico, então, a cada avião de papel ele elaborava uma técnica aerodinâmica.....
🔸SYSTEMIC DESIGNER - MODELAGEM DE NEGÓCIOS REGENERATIVOS. ENGAJAMENTO DE STAKEHOLDERS. Conselheira certificada FDC. Associada IBGC. Sensemaker. Palestrante. Consultora #wickedproblems #stakeholdersengagement #strategy
6 aExcelente reflexão! Obrigada por compartilhar!