Desigualdade de Raça e gênero

Desigualdade de Raça e gênero

Maioria no país, mulheres negras seguem no fundo da pirâmide das oportunidades.

A maioria das mulheres negras no Brasil ainda enfrenta grandes desigualdades. Apesar de serem 28,5% da população, elas recebem apenas 16% da renda do trabalho. Enquanto:

  • Homens negros recebem 24,1%
  • Mulheres brancas recebem 24,7%
  • Homens brancos recebem 35,1%

Esses dados são de um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que também mostra que mulheres negras vivem menos e têm menos oportunidades de estudo.

Empreendedorismo ou necessidade e falta de oportunidades?

Muitas mulheres negras no Rio de Janeiro começam seus próprios negócios porque não têm outras oportunidades. Um estudo da Secretaria do Estado da Mulher do Rio de Janeiro mostrou que:

  • 60% das empreendedoras são mulheres negras
  • 86% fazem tudo sozinhas em seus negócios
  • 72% têm 40 anos ou mais
  • 45% têm ensino superior
  • Metade dessas mulheres são a principal ou única fonte de renda de suas famílias
  • 48% não têm CNPJ (registro oficial de empresa)
  • Apenas 13% empregam outras pessoas

Essas mulheres muitas vezes enfrentam solidão e desafios ao empreender.

Impacto da Maternidade

Muitas mulheres deixam o mercado de trabalho para cuidar dos filhos e da casa. Em 2022:

  • 6,8 milhões de mulheres negras e 4,3 milhões de mulheres brancas não estavam no mercado de trabalho
  • Elas somam 11,1 milhões de mulheres que se dedicam apenas aos cuidados domésticos e à maternidade

Uma pesquisa do Sebrae em Minas Gerais mostrou que 67% das mães empreendedoras abriram seus negócios após terem filhos. Dessas, 69% disseram que ter filhos influenciou sua decisão de empreender para ter mais autonomia e flexibilidade.

A maternidade ainda afasta muitas mulheres do mercado de trabalho formal. Aqueles que tentam empreender para sustentar suas famílias enfrentam muitos desafios. É necessário discutir e apoiar mais essas mulheres, e criar políticas públicas que ajudem a enfrentar essas desigualdades.

Para encerrar, deixo aqui alguns questionamentos importantes para pensarmos juntos:

  • Como as empresas dificultam a permanência das mulheres no mercado de trabalho?
  • Será que as mulheres são menos recrutadas por terem planos de um dia ter filhos?
  • Quais são as consequências das demissões após a licença maternidade?
  • Quais tipos de contrato as empresas oferecem? CLT ou PJ?
  • Qual é o formato de trabalho mais comum? Presencial, híbrido ou remoto?
  • As funções oferecidas estão de acordo com as competências das mulheres?
  • Como está a questão da remuneração e dos benefícios?
  • Quais são as oportunidades de desenvolvimento e promoção disponíveis para as mulheres?

Essas perguntas nos ajudam a refletir sobre a real situação das mulheres no mercado de trabalho. Muitas vezes, a decisão de ficar em casa cuidando dos filhos ou tentar empreender reflete a falta de oportunidades justas e adequadas para as mulheres. O que as empresas estão oferecendo não está compensando o retorno ao mercado de trabalho para muitas delas.

É fundamental discutirmos essas questões de forma ampla e honesta para promover mudanças reais e criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo para todas as mulheres.


Antonio Carlos Batista dos Santos

Mestre de Cabotagem (Assessor de salvatagem) Perenco

6 m

Bela reflexão de um tema nem sempre abordado, e que trás grande impacto na sociedade. 🙂

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