Desonestidade intelectual

Artigo publicado no Jornal Mogi News.

Caderno Cidade – 10/09/2019

O País está moralmente doente, pois as pessoas estão se distanciando de valores que são fundamentais para a construção de uma nação livre, soberana e democrática.

Quando pessoas que possuem condições e capacidade de se informar dizem que o país está no caminho certo e que está melhorando, é importante se fazer uma pergunta; e os princípios? Como um governo composto com gente sem princípios, sem vergonha, sem respeito por si e pelos outros pode nos levar por um bom caminho?

Do ponto de vista da democracia estamos vivendo um tremendo retrocesso. E o que é pior, isso acontece com o respaldo de uma minoria que é muito barulhenta e que tem se apropriado de métodos questionáveis do ponto de vista da honestidade.

Antonio Gramsci (filósofo, jornalista, crítico literário e político italiano) dizia “que só a verdade é revolucionária”. Mas nós sabemos que existe uma “doutrina da mentira plausível”, ou seja, da desinformação.

A proliferação das fakes news pelas diversas redes sociais, postadas e compartilhadas freneticamente por pessoas que parecem se deliciar com isso torna o ambiente social pantanoso. E com muita frequência a expressão “desonestidade intelectual” é invocada para tentar desqualificar conceitos e valores que são importantes para a sociedade como um todo.

Ouço, todos os dias, a desonestidade intelectual que, com toda sua postura de melindre, inverte o discurso e tenta desqualificar qualquer forma que esteja em seu caminho.

Nas ruas, nas redes sociais, nos bancos acadêmicos, nas instituições, a desonestidade se tornou uma batalha. Quem tem a força e o poder de fazer do discurso desonesto o mais plausível. Eu posso argumentar horas, com livros, autores, história, mas e daí se uma resposta como “mimimi” pode, na hora, combater tudo o que eu digo. Mas para que a pessoa precisa ler se ela pode simplesmente ser desonesta na sua falsa intelectualidade e criar factoides escalafobéticos e impor isso como uma verdade pressuposta.

Negar fatos sociais para impor uma opinião é um problema sério de megalomania, é síndrome de privilegiado. O que mais me assusta é a pessoa nem sequer se importar se sua opinião tem relação com a realidade ou se é disseminadora de preconceito.

Tempos sombrios esses que estamos vivendo.

 AFONSO POLA é sociólogo e professor 


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